Evasão na universidade

Evasão na universidade

 

A EVASÃO NO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO: O DESCOMPASSO ENTRE A POLÍTICA DE ACESSO E PERMANÊNCIA NA UNIVERSIDADE

Marcelo Batista Gomes

Laise Nascimento Silva 

Lucas Felipe Santos Moreira

Mariella Sousa da Silva

Maria Kelvia Ferreira de Araújo

RESUMO  
(O texto completo pode ser acessado aqui)

Analisa-se a evasão na universidade, verificando dados sobre a ampliação do acesso e evasão no ensino superior público no Brasil e no Piauí. A pesquisa utilizou dados do acesso de cotistas na UFPI e dos matriculados no IFPI entre 2010.1 e 2016.1, e a bibliografia atual do tema. A evasão no ensino superior público tem múltiplos fatores, dentre eles a questão das dificuldades dos alunos de escolas públicas com as disciplinas que envolvem cálculos matemáticos, a questão da mudança de curso, decorrentes das chamadas sucessivas do SISU, questões financeiras relativas à manutenção do curso e do estudante na universidade.

Conclusão

O processo de democratização do acesso ao ensino superior no Brasil, favoreceu o acesso, mas os beneficiados enfrentam dificuldades para permanecer e concluir o curso na duração prevista. Mais da metade tem postergado a conclusão e, consequentemente, oneram tanto a Instituição, como a si próprios, pois que adiam o ingresso no mercado de trabalho.

Os Cotistas matriculados na UFPI, consultados pela pesquisa, pertencem a famílias com rendimento mensal entre 1 até 3 salários mínimos, dos quais, grande parte, quase a metade, com 1 a 2s.m., com escolaridade básica, notadamente ensino fundamental nem sempre completo, sendo os cotistas os primeiros do núcleo familiar a chegar ao ensino superior.

Todavia, investiram e investem na escolaridade dos filhos, seja iniciando-a desde a pré-escola, com frequência ao ensino médio regular no turno diurno e afluência a cursos preparatórios, seja liberando-os do mercado de trabalho, inclusive durante o curso superior. Isso, se por um lado significa que os beneficiados distanciam-se das classes econômica e cultural a que pertencem e que são superselecionados, por outro, indicam que as cotas precisam encontrar pessoas aptas a atender às exigências do sistema de ensino, como disponibilidade cultural, social e econômica.

Até porque o favorecimento do acesso com a reserva de vagas não veio acompanhado de assistência estudantil e apoio pedagógico, como prometido quando de sua aprovação. As ações se voltam para todos aqueles com vulnerabilidade social, não existindo benefício específico para os cotistas, apenas são prioritários, não exclusivos para ter acesso ao Kit Odontológico, por exemplo. Entre os consultados, pouco mais de um quarto recebia algum benefício. Esses alunos beneficiados, atestando a necessidade das medidas complementares, disseram ser elas cruciais para a permanência, por garantirem os meios para a aquisição de materiais, pagar cópias, alimentação e transporte. Um deles disse, inclusive, que, sem o benefício, teria desistido do curso, no caso do IFPI constatamos com alguns alunos que a falta do benefício estudantil foi a causa d desistência do curso.

A ampliação da oferta de vagas e a reserva de vagas (cotas), favoreceu o ingresso dos alunos de escolas públicas, nos diversos cursos das instituições, não mais apenas naqueles menos concorridos. Todavia, observamos que no caso das cotas, a adoção da medida tem favorecido apenas o ingresso, pois a assistência estudantil, defendida como complementar e prioritária pelos implementadores da política, não foi adotada, voltando-se para todos os alunos com vulnerabilidade social.

Assim é que a medida precisou encontrar agentes dispostos a dela usufruir, como os egressos da escola pública aqui caracterizados: alunos e cidadãos superselecionados não apenas pela prolongada escolarização, mas também por terem o ethos requerido para permanecer no ensino superior e concluir o curso.

Portanto, temos elementos para afirmar que se por um lado as cotas possibilitaram uma democratização do acesso à UFPI, por outro, ela ainda precisa de medidas para que além do acesso os cotistas possam concluir com qualidade o curso para o qual ingressaram, para que a adoção das cotas seja considerada um sucesso. Portanto, nas duas instituições, os dados mostram a necessidade de aprimorar a política de assistência e de apoio pedagógico aos estudantes, para que a evasão seja reduzida nas instituições.

 

http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2017/pdfs/eixo13/aevasaonoensinosuperior
publicoodescompassoentreapoliticadeacessoepermanencianauniversidade.pdf
 

 




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