A corrupção aconteceu e acontece, mas entre os fatos e versões há muita mentira, interesses e enganação. Os brasileiros precisam de paz, tranquilidade e segurança institucional para continuarem a viver com saúde psíquica, física e moral.

Convivo com uma pessoa da família em quadro de demência (doença de Alzheimer). Esta experiência única, difícil, embaraçosa e controversa pela qual também passam milhares de outras famílias no Brasil, ajuda-nos a entender também o atual momento histórico do Brasil.

Faço uma ilustração, para efeito de comparação. Dias atrás, cuidadora deste familiar, uma senhora com mais de 80 anos, ainda muito lúcida e atenta à realidade, foi aconselhada pela gente a assistir mais televisão e noticiários como forma de fugir da rotina repetitiva dos discursos e atitudes daquele que cuida. Ela nos respondeu: “Não adianta, a televisão também só repete o assunto corrupção igual a ele todos os dias repete as mesmas coisas. É como trocar seis por meia dúzia. Estou cansada de ouvir”.

Vejamos então.

Descobrimos que somos também um país corrupto e onde corrupção passou a ser institucionalizada como prática de Estado, não só de governos. Onde grandes empresas, pelo menos nos últimos 30 ou 40 anos, mandam e desmandam os destinos de nosso país, associando-se a políticos das diferentes matrizes ideológicas para perpetuar seus enormes interesses econômicos.

Defendo que combate à corrupção deveria ser um dever cívico de todos os brasileiros e brasileiros. Será que já elegeríamos a corrupção como um problema suficientemente sério para ser levado a sério por todos?

 

Todo mundo sabe da saturação da gente com o problema da desonestidade e corrupção. O problema não está em noticiar sobre o tema (afinal se este não é tema relevante, qual será?). A questão é noticiar todo dia como se fossem novas e mais sofisticadas formas de corrupção, quando sabemos que estão falando “mesmo do mesmo”.

Em outro artigo já publicado, defendemos que: o combate à corrupção se faz com uma ampla reforma política e com dever cívico dos cidadãos (passando da passividade para cidadania ativa). O dia em que a Justiça condenar e punir os corruptos com rigor e a sociedade não tolerar mais nenhuma forma de corrupção, avançaremos no seu combate. Eliminar a corrupção é muito difícil, pois desde sempre a humanidade demonstrou-se vulnerável e corruptível!
Veja mais aqui.

A saturação depreende justamente pela repetição demasiada do assunto corrupção nos noticiários como se nada mais existisse em nosso país. A saturação se dá também porque este país ficou e está paralisado, sem perspectivas e sem soluções, a curto e médio prazo. A saturação se dá também porque todos os poderes instituídos, de uma forma ou de outra, jogam seus interesses na realidade ora relatada.

Envolvidos em mentiras ou invenções, os pacientes de Alzheimer e o paciente Brasil clamam sobriedade, paciência e intervenção para que não sucumbam, definitivamente.

Além de cuidar dos pacientes, é preciso fortalecer os cuidadores. O risco iminente que corremos é querer salvar os pacientes, fragilizando quem dá a vida por eles. Se acabarmos com os cuidadores, morrem os pacientes.

A corrupção aconteceu e acontece, mas entre fatos e versões há muita mentira, interesses e enganação.

Os brasileiros precisam de paz, tranquilidade e segurança institucional para continuarem a viver com saúde psíquica, física e moral. Os brasileiros já estão cansados de ouvir esta “enrolação repetitiva”, este mantra de mentiras e de desolação que só pretende justificar amargas medidas que a maioria da população terá de arcar.

Corrupção: uma prática que não se restringe à esfera política e que tem como resultados a disseminação da percepção de injustiça, impunidade e descrença nas instituições. Especialistas opinam sobre criminalização do caixa dois, pacote anticorrupção em análise pelo Congresso Nacional e pequenas corrupções do cotidiano dos brasileiros.

 

Parte da solução agora é “Diretas Já”. Sem legitimidade, não há governo ou poder que se sustente!

 

http://www.neipies.com/demencias-e-mentiras-sobre-corrupcao-no-brasil/