"NÃO ESTOU ENTEND...ENDO

"NÃO ESTOU ENTEND...ENDO

"ENTRE O GOVERNADOR E OS EDUCADORES NÃO EXISTIRÁ A POLÍCIA". (Tarso Genro)

Depoimento da manhã de hoje- 09/09/2013 -

Miriam Neumann


"NÃO ESTOU ENTEND...ENDO

Quando a primeira bomba (de efeito moral) estourou, ali, bem pertinho de mim, não entendi. Quando a segunda troou, minha colega gritou, corre, vai, corre. Estarrecida continuei parada. Olhei para o lado e alguém vomitava, outra gritava, e eu, bem, sem entender, abismada. Estávamos ali, na frente da casa do governador, cantando, bom dia, bom dia... Calmos, pacíficos, ninguém empurrando ou coisa alguma. A maioria de nós, mulheres (e nem tão jovens), educadores. Então aqueles estrondos, muita fumaça, polícia empurrando. Totalmente desnecessário. Para sair da casa, bastava um cordão de isolamento, abrir a garagem e sair. E ainda nos deixava lá, com cara de “ora vejam!” Mas não, a violência veio e finalmente eu corri da polícia.

Sempre fui tão corretinha, educada, cumpridora de minhas obrigações e das leis. No máximo uma ultrapassada nos limites de velocidade, coisa pouca, mas de multa certa.

Profissionalmente, aulas dadas com aproveitamento total do tempo, planejadas e exigidas com a certeza de que meus alunos, embora nem sempre o soubessem, mereciam e precisavam do máximo, além do possível. Avaliações cuidadosamente pensadas. Jamais atrasei entrega de notas. Ensinaram-me, e a vida reiterou, que devemos sempre fazer o melhor que pudermos e de forma justa, ordeira e correta. Mas também me ensinou que se o mundo pode ser um lugar melhor, e se eu puder contribuir, nem que seja minimamente, não me é permitida a omissão. Por isso estava, outra vez, nas ruas. 

Existe lei. E lei é para ser cumprida, pois é necessário que em sociedade tenhamos regras. Regras construídas por nossos políticos por nós eleitos. E essas leis são para todos. Assim ensinei meus filhos, assim oriento meus alunos. Alunos que estão nas ruas, pedindo, pacificamente, educadamente, lindamente, alterem esse Ensino Médio, queremos diferente, queremos melhor. Nada mais democrático e correto. E ouvidos moucos do lado do poder instituído. Poder que vem do povo. 

  • "ENTRE O GOVERNADOR E OS EDUCADORES NÃO EXISTIRÁ A POLÍCIA". (Tarso Genro)
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Depoimento da manhã de hoje- 09/09/2013 - By: @[1421727637:2048:Miriam Neumann]

"NÃO ESTOU ENTENDENDO

Quando a primeira bomba (de efeito moral) estourou, ali, bem pertinho de mim, não entendi. Quando a segunda troou, minha colega gritou, corre, vai, corre. Estarrecida continuei parada. Olhei para o lado e alguém vomitava, outra gritava, e eu, bem, sem entender, abismada. Estávamos ali, na frente da casa do governador, cantando, bom dia, bom dia... Calmos, pacíficos, ninguém empurrando ou coisa alguma. A maioria de nós, mulheres (e nem tão jovens), educadores. Então aqueles estrondos, muita fumaça, polícia empurrando. Totalmente desnecessário. Para sair da casa, bastava um cordão de isolamento, abrir a garagem e sair. E ainda nos deixava lá, com cara de “ora vejam!” Mas não, a violência veio e finalmente eu corri da polícia.
Sempre fui tão corretinha, educada, cumpridora de minhas obrigações e das leis. No máximo uma ultrapassada nos limites de velocidade, coisa pouca, mas de multa certa. Profissionalmente, aulas dadas com aproveitamento total do tempo, planejadas e exigidas com a certeza de que meus alunos, embora nem sempre o soubessem, mereciam e precisavam do máximo, além do possível. Avaliações cuidadosamente pensadas. Jamais atrasei entrega de notas. Ensinaram-me, e a vida reiterou, que devemos sempre fazer o melhor que pudermos e de forma justa, ordeira e correta. Mas também me ensinou que se o mundo pode ser um lugar melhor, e se eu puder contribuir, nem que seja minimamente, não me é permitida a omissão. Por isso estava, outra vez, nas ruas. 
Existe lei. E lei é para ser cumprida, pois é necessário que em sociedade tenhamos regras. Regras construídas por nossos políticos por nós eleitos. E essas leis são para todos. Assim ensinei meus filhos, assim oriento meus alunos. Alunos que estão nas ruas, pedindo, pacificamente, educadamente, lindamente, alterem esse Ensino Médio, queremos diferente, queremos melhor. Nada mais democrático e correto. E ouvidos moucos do lado do poder instituído. Poder que vem do povo. 
É esse o motivo da greve. Pode? Tem cabimento? Que cidadãos estejam nas ruas para pedir que se cumpram as leis pelos políticos que as criaram, pensaram e assinaram? E por isso, apanham da polícia. Não consigo entender. Deve ser porque, mais de seis horas depois, sigo tossindo e com muita, mas muita dor de cabeça".




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