O coordenador pedagógico

O coordenador pedagógico

Coordenadores pedagógicos que fazem formação

Três coordenadoras pedagógicas contam como organizam a rotina de modo a manter o foco na formação continuada dos professores

Mudança de mentalidade
Valéria Rodrigues Faria,
há 15 anos na função, é coordenadora pedagógica da EMEF Joaquim Cândido Azevedo Marques, em São Paulo

Valeria Faria. Foto: Marina Piedade

"Pela minha experiência, uma das coisas que mais nos desviam do que deveria ser o nosso foco são os problemas de indisciplina. Na rede municipal de São Paulo, existe o cargo de assistente de direção e uma de suas incumbências é aproximar-se dos alunos para cuidar disso. Só que, quando ocorre um caso mais sério, acaba indo parar na sala do coordenador. É cultural. Sei que a indisciplina é atribuição nossa se estiver ligada a questões de aprendizagem e de ensino. Para mudar a mentalidade de todos, acho que precisamos ter clareza de que resolver a briga em si não é parte das nossas atribuições. No começo do ano, chamo os professores e os funcionários para conversar sobre distúrbios disciplinares e avaliar como evitá-los."

Andreia Krawcxyk. Foto: Carol de Góes

Plano próprio de ação
Andréia Krawcxyk,
há dez anos na função, é coordenadora pedagógica do CMEI Treze de Maio, em Goiânia

"A Educação Infantil exige um trabalho bem integrado entre todos os profissionais e o risco de perdermos de vista nosso papel principal é grande. Um instrumento que me ajuda a não dispersar é meu plano de ação, que faço todo início de ano, focado na formação dos docentes. A direção me dá condições para implantá-lo. Antes de termos uma auxiliar de secretaria, eu cuidava de processos burocráticos, como matrícula ou arquivo de diários de frequência. Houve época em que, se faltava professor, eu ia à sala para substituí-lo. Refletindo, vi que, em caso de emergência, era possível distribuir as crianças de uma classe por outras. Para não perder o foco, é necessário ser firme e ter capacidade de decidir rapidamente."

Consciência e organização
Waldirene Bellardo, há 14 na função, é coordenadora pedagógica da EM Umuarama, em Curitiba

Waldirene Bellardo. Foto: Marcelo Almeida"Penso que, se todos tiverem clareza de que o maior compromisso da escola é garantir a aprendizagem, fica mais fácil para os profissionais atuarem numa boa sintonia. É minha atribuição ajudar a equipe de professores para que isso ocorra. Nesse contexto, sei que a articulação do projeto político-pedagógico é uma prioridade. Contudo, situações não previstas no dia a dia e tarefas secundárias - como fazer anotações nas agendas dos alunos e digitar relatórios burocráticos - às vezes param na minha mão. Como tenho consciência do que deve ou não ocupar meu tempo, repasso tais trabalhos para outros funcionários, ressaltando que cada um precisa cuidar de sua parte para a escola não se desviar da sua rotina."

http://gestaoescolar.abril.com.br/formacao/coordenadores-pedagogicos-fazem-formacao-629881.shtml

Formação continuada ainda é ficção no país

Pesquisas apontam que, para avançar, é preciso investir em programas de capacitação dentro das unidades escolares

Faltam tempo e preparo para o coordenador formar os professores na escola

Segundo a pesquisa da FVC sobre o perfil e o dia a dia desse profissional, a maioria dos entrevistados faz a orientação da equipe docente, mas nem sempre dedica tempo suficiente a ela e executa só o básico nessa função.

Apenas uma minoria cita, por exemplo, a observação de sala de aula (uma das principais estratégias formativas) como parte de suas atividades habituais. Os motivos que levam o coordenador pedagógico a não desempenhar bem seu principal papel passam pela variedade de demandas que chegam às suas mãos e pela falta de uma identidade profissional bem definida, o que faz com que ninguém (nem o próprio) tenha clareza sobre o que é responsabilidade dele e o que deve ser delegado. Desprovido de certezas, ele vai escolhendo o que fazer ou não no dia a dia, durante o exercício da função.

"Algumas tarefas todos sabem que não são suas e as rejeitam no discurso, mas acabam assumindo quando a escola não tem quem as execute ou não é organizada para o trabalho ser bem equacionado", observa Vera Placco. Sem falar nos que invertem totalmente as prioridades, alegando ser difícil cuidar da formação porque têm muitas tarefas. O raciocínio deveria ser o contrário: como a principal atribuição é cuidar da formação docente, eles não poderiam ser sobrecarregados com outras atividades.

Para piorar, ainda há confusão entre essa função e a orientação educacional, uma das habilitações antes oferecidas no curso de Pedagogia. Quem a escolhia se tornava apto a acompanhar os alunos para solucionar dificuldades de aprendizagem e questões disciplinares. A coordenação pedagógica surgiu para melhorar a aprendizagem das crianças e fazer um trabalho direto com os professores sobre o currículo.

Nessa época, o orientador educacional foi cortado de muitas redes, deixando como herança uma mistura de papéis e mais atribuições para o coordenador.

Uma dúvida fica no ar: ainda que sobrasse tempo no dia a dia, será que quem está na coordenação desempenharia sua função a contento? A pesquisa constatou que há profissionais que não saberiam o que fazer. Isso porque o curso de Pedagogia não os prepara suficientemente e, em geral, eles também não recebem orientação da rede. Assim, não aprendem em lugar nenhum as práticas que precisa saber para ser formadores. Como é uma profissão em construção, não há unidade no modo de atuar da categoria. Quem atua na Educação Infantil, por exemplo, promove mais reuniões com a equipe do que os que estão no Ensino Médio.

Algumas Secretarias têm investido na criação de centros de formação para dar suporte às escolas, sem anulá-las como um fórum privilegiado de aprimoramento profissional. Essa, aliás, é uma tendência que tem sido verificada em outros países e que está chegando ao Brasil. Para Denise Vaillant, diretora acadêmica do Instituto de Educação da Universidade ORT Uruguay e presidente do Observatório Internacional da Profissão Docente, com sede na Universidade de Barcelona, isso mostra que existem várias instâncias do governo preocupadas com o assunto.

Além de oferta de capacitação, do detalhamento expresso de suas atribuições e de melhores condições de trabalho para que possa se dedicar às prioridades, José Cerchi Fusari, professor doutor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), sugere mais um ingrediente para ajudar esse profissional a cumprir bem sua missão: "O trabalho do coordenador pedagógico tenderá a ser mais eficaz se ele tiver clareza conceitual, teórica e metodológica sobre a função global da escola". A mesma reflexão, aliás, vale para todo educador - do diretor aos professores.

http://gestaoescolar.abril.com.br/formacao/formacao-continuada-ainda-ficcao-pais-629892.shtml?page=2


O coordenador pedagógico em números

Quem são os coordenadores pedagógicos da rede pública, segundo amostra com 400 entrevistados de todas as regiões do país

Quem são
90% são mulheres
88% têm experiência como professor
44 anos é a idade média

Melhor forma de entrar na profissão

59% consideram os concursos públicos a melhor forma de chegar ao cargo.
Porém, apenas um terço foi selecionado dessa maneira.
33% concurso público
32% indicação
22% seleção técnica 8% eleição direta
4% entrevista
1% transferência

Tempo na função

Em média, o coordenador tem 6,9 anos de experiência na função.
Porém mais de 25% estão no cargo há mais de dez anos.
28% de 2 a 5 anos
24% de 5 a 10 anos
15% de 6 meses a 2 anos
14% de 10 a 15 anos
14% mais de 15 anos
5% até 6 meses

Tempo na escola

A permanência média na atual escola é de 3,9 anos,
sendo que quase metade está na unidade há menos de dois anos.
31% de 6 meses a 2 anos
29% de 2 a 5 anos
16% até 6 meses
15% de 5 a 10 anos
5% de 10 a 15 anos
4% mais de 15 anos

Formação acadêmica
55% Pedagogia
14% Letras
5% História
4% Psicologia
22% Outros
70% cursaram pós, mas a imensa maioria optou por cursos lato sensu, mais rápidos e práticos. Apenas 4% fizeram mestrado. 
35% fizeram uma segunda graduação.
No grupo que voltou à universidade,
61% dos que não tinham escolhido Pedagogia na primeira vez elegeram essa opção depois.

http://gestaoescolar.abril.com.br/formacao/coordenador-pedagogico-numeros-629880.shtml


10 dúvidas sobre o relacionamento entre coordenador pedagógico e professor

Quando o coordenador assume o posto, logo percebe que é difícil lidar com as pessoas, respeitar as diferentes opiniões e sugerir mudanças sem ser autoritário. Pedimos aos internautas que enviassem suas questões sobre a parceria de coordenadores e, para ajudar a resolvê-las, ouvimos consultores especialistas no assunto

 Ilustração: Fabrícia Batista

1 Como posso legitimar meu papel de formador junto aos professores? Afinal, até há pouco tempo, eu estava em sala de aula como eles.

Durante anos, você cuidou somente da sua sala de aula, tentando resolver os problemas de aprendizagem da turma e procurando a melhor maneira de ensinar. Mas aí surgiram um concurso, uma seleção interna da Secretaria de Educação para o cargo de coordenador pedagógico ou você foi convidado para liderar a equipe docente. Você, claro, aceitou o convite ou se inscreveu no processo de seleção. 

Em uma posição hierarquicamente superior, logo percebe como é complicado lidar com a equipe, aprender a ouvir para compreender os problemas, respeitar os pontos de vista diferentes nas reuniões, usar as diversas opiniões para chegar a um consenso, mediar conflitos sem ferir suscetibilidades, liderar sem ser arrogante e sugerir mudanças sem ser autoritário.

A pesquisa O Coordenador Pedagógico e A Formação de Professores: Intenções, Tensões e Contradições mostra que dúvidas sobre como lidar com a equipe são comuns e 20% dos entrevistados apontam questões de gestão como um dos principais problemas enfrentados no dia a dia.


No entanto, são os seus conhecimentos didáticos que vão fazer com que a equipe o aceite como o parceiro mais experiente, do qual vai receber orientações e no qual pode confiar. Para isso, é urgente ir atrás desses saberes e se preparar para o cargo. É possível requisitar formação específica junto à Secretaria de Educação e procurar leituras que ampliem o seu universo nas didáticas de todas as áreas do conhecimento.

 Ilustração: Fabrícia Batista

2 Como fazer para receber bem o professor novato e integrá-lo ao grupo?

Antes de mais nada, é preciso apresentá-lo aos futuros colegas, demais membros da equipe gestora e funcionários. Certamente, no início ele vai demandar mais atenção de você, por ser recém-formado, por ter mudado de segmento ou, ainda, por ter vindo de outra unidade e precisar de um tempo para se entrosar.

Vale marcar uma reunião individual para falar sobre a instituição e apresentar o perfil dos alunos com os quais vai trabalhar. Nesse encontro, mostre o projeto político-pedagógico (PPP) e os planos de trabalho e deixe explícitas as metas da escola. Você pode sugerir ao novato que, logo na primeira semana, faça um diagnóstico da turma e utilize essas informações como apoio para elaborar o planejamento. Coloque-se à disposição para ajudá-lo nessa tarefa.

Outra medida interessante, quando se tem um grupo heterogêneo de professores, é articular para que os mais experientes ajudem na adaptação dos recém-chegados por um tempo, como se fosse um tutor, para tirar as dúvidas pontuais.

 Ilustração: Fabrícia Batista3 De que maneira posso ajudar o professor que tem dificuldade em comunicar um conteúdo?

Ele deve se sentir inseguro com o conhecimento que tem sobre os conteúdos ou a didática. Para um bom desempenho, ele vai precisar, além de dominar a disciplina, entender o aluno e o modo como ele aprende.

Os momentos de formação continuada individuais na escola são o espaço ideal para trabalhar dificuldades específicas e buscar recursos para ampliar o quadro de referências e as estratégias de ensino.

Às vezes, porém, não é só um professor que tem de repensar a sua prática didática de forma a despertar o interesse da classe, mas todo o grupo. Aí vale levar o tema para os horários coletivos de formação.

 Ilustração: Fabrícia Batista4 Como lidar com a resistência de alguns professores às mudanças propostas?

Primeiro, vamos procurar entender o outro lado: os professores se queixam de que se veem obrigados a aceitar rupturas metodológicas bruscas, tendo de deixar de lado tudo o que acreditam para adotar uma nova linha de trabalho. Você, por sua vez, sabe que é uma das peças-chave para a implantação das políticas públicas da rede, que costumam mudar à velocidade com que um novo secretário assume a pasta. Seja qual for a situação, nem sempre é fácil fazer com que um professor deixe de lado a maneira como sempre ensinou e aceite as mudanças imediatamente.

Agora a sua parte: é fundamental não ter pressa. Implante, aos poucos, um processo de estudo permanente na escola, no qual se constroem coletivamente as respostas para os problemas que forem surgindo. Só assim as transformações farão sentido e não representarão uma mera imposição - ou mesmo ameaça - ao trabalho que já é realizado. ''Quando a equipe toda pensa e reflete em conjunto, é mais fácil assumir novos conhecimentos'', afirma Ecleide Cunico Furlanetto, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid).

 Ilustração: Fabrícia Batista5 Um professor vive encaminhando os alunos indisciplinados para mim. O que devo fazer?

Na ausência de um orientador educacional na escola, é comum que o coordenador assuma essa função.

Se é esse o seu caso, deixe claro ao docente que ele não pode simplesmente achar que não tem nada a ver com isso e que o papel dele é ajudar a identificar as causas dos comportamentos inadequados e como lidar com eles. ''Se o problema persistir, vale organizar uma reunião com as equipes gestora e docente para que, juntas, pensem na melhor forma de solucionar a questão'', afirma Sofia Lerche Vieira, da Universidade Estadual do Ceará (UEC).

 Ilustração: Fabrícia Batista

6 Como fazer para integrar um professor que não tem um bom relacionamento com os colegas?

Cada escola tem uma cultura, com regras que devem ser seguidas por todos, mas que nem sempre são suficientemente divulgadas. Se o grupo é coeso e se conhece há bastante tempo, será mais exigente para aceitar alguém, principalmente quando ele tem atitudes e comportamentos diferentes dos demais. Pode ocorrer ainda de os conflitos serem fruto da insegurança de um educador.

O principal é que o coordenador desenvolva rapidamente uma relação de confiança entre os docentes para que todos se sintam à vontade para partilhar suas experiências e dúvidas.

 Ilustração: Fabrícia Batista
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O que fazer para evitar a alta rotatividade dos professores?

Vários são os motivos para um docente mudar de escola: o salário, a localização, os recursos disponíveis, o perfil da instituição etc. Essa movimentação - quando excessiva - causa mesmo desânimo nos coordenadores, que ficam com a sensação de começar do zero sempre. ''Até que a coordenação consiga se aproximar e estabelecer uma relação de confiança, muitos professores já se foram'', comenta Ecleide.

Tornar a escola um espaço acolhedor e favorável à aprendizagem é uma boa maneira de atrair e fidelizar o educador. Se ele vê que a equipe gestora é engajada e que ali existe um projeto diferenciado, sentirá mais segurança e interesse em permanecer.

 

 Ilustração: Fabrícia Batista8 O que fazer com os docentes que faltam muito?

É importante conhecer os motivos das faltas. Para isso, só há um jeito: conversar com o professor. Se ele estiver com problemas de saúde, aconselhe-o a procurar o atendimento médico. Mesmo assim, é bom ficar atento para detectar se as condições de ensino não têm relação com o mal-estar ou com a desmotivação.

Se a causa não for facilmente perceptível, vale lembrar o professor sobre a importância dele na sala de aula e o problema que causa quando não comparece à escola, pois mexe com toda a organização e a rotina. Além do mais, é bom recordá-lo de que, se ele não tem assiduidade, não chega no horário e não cumpre com suas obrigações, não poderá cobrar isso dos alunos. É, aliás, um momento oportuno para discutir com a equipe os direitos e deveres de cada um.

 Ilustração: Fabrícia Batista

9 Gostaria de acompanhar o trabalho em sala de aula para ser um bom formador, mas não quero parecer um fiscal. Como agir?

É fundamental ter consciência de que você é o parceiro mais experiente e tem o dever de intervir quando necessário. Isso o faz corresponsável pelo trabalho do professor - que, por sua vez, precisa saber que você está ali para contribuir com o trabalho dele. Assim, fica mais fácil compreender que a sua intervenção é sempre para ajudar - e não para fiscalizar. "O compromisso de todos tem de ser com os alunos, que precisam aprender", diz Ecleide Furlanetto.

O principal é que o coordenador tenha clareza de sua obrigação com a escola, com o projeto político-pedagógico e com a aprendizagem, não se deixando se intimidar por cara feia ou resistência da equipe.

 Ilustração: Fabrícia Batista

10 O que fazer com os docentes que só reclamam do trabalho?

Sinais de carência, como queixas e desabafos constantes, revelam, muitas vezes, a falta de confiança no trabalho realizado. ''A expectativa de que o coordenador sirva como um ombro amigo, seja compreensivo e ajude a resolver todos problemas pode ser um indicador de que o docente está se sentindo sozinho'', diz Laurinda Ramalho de Almeida, vice-coordenadora e professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Educação, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Num primeiro momento, o melhor é se mostrar acolhedor e ouvir o que o outro tem a dizer.

Ao mesmo tempo, é importante fazer o acompanhamento do trabalho em sala de aula, sugerindo que o docente localize o que o deixa inseguro, se tem a ver com o conhecimento sobre conteúdo, com o planejamento - ou a falta dele - da aula ou se são dificuldades de relacionamento com os alunos, os pais ou mesmo os colegas.

Outra medida válida é promover a troca de experiências entre os colegas para mostrar que todos enfrentam dificuldades, criando, assim, uma relação de proximidade. Também é preciso levar em conta que talvez a formação não esteja atendendo às necessidades da equipe. É hora então de rever o seu trabalho e até pedir ajuda a supervisores da Secretaria.

Quer saber mais?

CONTATOS Ecleide Cunico Furlanetto Laurinda Ramalho de Almeida Sofia Lerche Vieira 
BIBLIOGRAFIA O Coordenador Pedagógico e o Atendimento à Diversidade, Laurinda Ramalho de Almeida e Vera Maria Nigro de Souza Placco (orgs.), 168 págs., Ed. Loyola, tel. (11) 3385-8500, 26,40 reais

http://gestaoescolar.abril.com.br/comunidade/10-duvidas-relacionamento-coordenador-pedagogico-professor-634882.shtml?page=9

 

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