Pode até ser verdade

Pode até ser verdade

Pode até ser verdade, mas caso Sininho tem cheiro, orelha, pelo e pata de armação

Luis Nassif

A prisão dos dois manifestantes, o aparecimento do advogado ligado às milícias, a estratégia de defesa – criminalizando partidos políticos sem beneficiar os réus – e, agora, o aparecimento da “supermarginal” Sininho, tudo isso leva às seguintes suspeitas: tem cheiro de armação, personagens de armação, circunstâncias de armação.

Pode ser que não seja armação. Mas até se conferir se é armação ou não sugere-se que as pessoas de bom senso não embarquem de cabeça nessa história.

Atualizado às 12:45

Vamos ao chamado teste da alternativa verossímil.

Se tudo, até agora, baseia-se em provas declaratórias (chamada no direito penal de "a prostituta das provas"), vamos ver qual situação é mais verossímil:

1. Um advogado que se apresenta voluntariamente para defender os acusados, sem conhecê-los, em nome da solidariedade. Por ser advogado de porta de cadeia, adota uma linha de defesa prejudicial aos seus clientes. (Nota: segundo os comentários abaixo, foi consultado pela Sininho).

2. Um advogado enviado pelas milícias, com a missão específica de comprometer um parlamentar, o Marcelo Freixo, que fez nome combatendo as milícias.

As declarações do preso - dizendo ter sido pago por políticos para fazer baderna - foram dadas após o contato com o advogado. Foi instrução direta do advogado e agrava sua situação. Até então, era um manifestante que, por puro dilentatismo, acendeu o rojão que vitimou o cinegrafista. Depois da "confissão", tornou-se um mercenário que recebia pagamento para fazer baderna. É evidente que o advogado agravou intencionalmente a situação do seu cliente.

É  mais do que barbeiragem de advogado de porta de cadeia: parece muito mais ato consciente de advogado de porta de milícia.

Atualizado às 14:55

Por Alessandre de Argolo

O advogado não foi enviado pelas milícias. Sininho já esclareceu esse ponto. O primeiro rapaz que foi preso, de nome Fábio, era amigo do estagiário do advogado, de nome Marcelo (não é o deputado do PSOL).

Sininho conta, inclusive em vídeo disponibilidado no post "Sininho responde às acusações divulgadas pela Rede Globo", que ligou para a mãe do Fábio e ela pediu para que ela ligasse para o estagiário do advogado. Sininho até teria sugerido que os advogados que atuam em defesa dos manifestantes fossem contactados pela família do Fábio, mas a mãe recusou, dizendo que já tinha um advogado no caso. A mesma coisa disse o advogado, quando contactado pela Sininho, o que seja, que não precisava de apoio de outros advogados, o que é absolutamente normal na advocacia.

Onde está a milícia? A milícia somente surgiu depois que se soube que ele tinha sido advogado de alguns acusados de fazer parte de milícia. Ou seja, é uma informação a posteriori.

O que existe de concreto na contratação do advogado é que um estagiário dele era amigo do primeiro rapaz que foi preso, de nome Fábio.

Importante ler:

O Jogo dos “7 erros” do advogado do chefe da milícia

1 – Como é do conhecimento de todos, o advogado que caluniou Marcelo Freixo – tentando ligá-lo aos rapazes que jogaram o rojão que matou o cinegrafista da Band – foi advogado de Natalino Guimarães, ex-deputado estadual no Rio de Janeiro e miliciano cuja prisão foi fruto da CPI das Milícias, comanda por Freixo. Hoje (13/02), o advogado novamente partiu para o ataque afirmando que partidos políticos pagam 150 reais para pessoas participarem de manifestações. Uma clara insinuação para comprometer partidos como o PSOL e, por consequência, o próprio Marcelo Freixo. A atuação desse advogado até o momento é muito suspeita.

2 – No sábado se apresentou na polícia Fábio Raposo, suspeito de ter repassado o rojão para a pessoa que o explodiu durante o protesto. Em depoimento ele afirmou que quem acendeu o explosivo foi Caio Souza. Ou seja, no linguajar popular, caguetou para aliviar a sua barra.

3 – Estranhamente o Jonas Tadeu, advogado do Fábio, assumiu também a defesa do Caio. Isso é algo completamente absurdo. É absurdo porque não existe na história do direito um sujeito dedurado contratar o mesmo defensor do sujeito que o dedurou. E isso ocorre não por razões pessoais, mas sim porque as teses de defesa são conflitantes. Um acusado, para reduzir a sua pena ou até para ser absolvido, vai tentar comprovar que a responsabilidade pelo ato criminoso é do outro. Por isso é absurdo que ambos sejam defendidos pelo mesmo profissional, pois, sendo a tarefa do advogado a de usar todos os meios para defender os interesses de seus clientes, isso se torna impossível se o interesse de um conflita com o interesse do outro.

4 – Hoje, durante entrevista para a Globo News, o Jonas Tadeu diz que o Caio estava planejando ir para o exterior e que ele o demoveu dessa ideia. Isso é outro ABSURDO. Um dos motivos que embasam as prisões preventivas é justamente o receio de que o acusado fuja. A função de um advogado que esteja realmente interessado em defender o seu cliente é tentar soltá-lo o mais rápido possível. Ao afirmar que o Caio pretendia fugir ele liquida com a possibilidade de um eventual habeas corpus ser concedido.

5 – O cúmulo do absurdos foi a forma como o Caio foi preso, o que mais uma vez joga suspeitas sobre o verdadeiro interesse do advogado. Os dois delegados afirmaram na coletiva de imprensa, e o próprio Jonas confirmou na Globo News, que foi ele quem avisou à polícia o local em que o Caio estava foragido. Palavras do delegado Fernando Veloso, “a intervenção do advogado, fazendo contato direto com o Caio, com o apoio da namorada dele, possibilitou que a equipe que era conduzida pelo Dr. Maurício chegasse ao local do paradeiro dele antes das equipes de busca”. O Dr. Maurício é o outro delegado que investiga o caso.

Perceberam o escândalo? É comum que um advogado oriente seu cliente, o qual possui mandado de prisão expedido contra si, a se entregar. Mas isso JAMAIS se faz dizendo para a polícia o endereço no qual ele está escondido. Isso se faz indo com ele, de tarde, até uma delegacia. Vocês devem ter visto o vídeo da prisão do Caio. Foi humilhante. Ocorreu de madrugada, enquanto ele dormia em uma pousada. Além do advogado, estava presente no momento da prisão, a polícia e uma repórter da Globo. Vejam o que disse o delegado Maurício Luciano na coletiva hoje, “o Caio, quando nós encontramos ele, estava extremamente acuado, assustado, com muita fome, disse que estava a dois dias sem se alimentar, também não dormiu, estava em um cômodo muito pequeno, em uma pensão no município de Feira de Santana (…)”. Não precisa ter conhecimento jurídico para saber que se a função do advogado é zelar pelo interesse do seu cliente, ele deveria primeiro ter ido ao encontro do Caio antes da polícia. Devria ter levado alimentos para ele, depois ter conversado e o orientado o que dizer e o que não dizer e enfim acompanhá-lo até a delegacia. Jamais ter ajudado a investigação e muito menos não fazer nada para impedir que a repórter tentasse entrevistá-lo no momento da prisão. Sequer houve pedido para que ele não fosse algemado. Todo advogado criminalista sério requer a polícia que não algeme o seu constituinte. Com um “defensor” desses ninguém precisa de inimigos!

6 – A afirmação de que o Caio recebia 150 reais para participar de manifestações é um desastre para a defesa. Pode ser bom para a luta política contra o Freixo, contra as manifestações, etc. Mas para o acusado, e é dever do defensor defender o acusado, essa informação é catastrófica. Gera uma qualificadora caso ele venha a ser condenado. Homicídio já dá uma pena alta. Homicídio por motivo fútil (receber 150 reais) dá uma pena ainda maior.

7 – O advogado mora no Rio de Janeiro. O Caio estava foragido em Feira de Santana, na Bahia. O Caio é extremamente pobre. Questionado pela apresentadora da Globo News, o Jonas disse que estava advogando de graça e que estava bancando do seu bolso a passagem de ida e volta para a Bahia. Muitos advogados já defenderam pessoas sem lhes cobrar nada. Mas mesmo aqueles que são simpáticos a causas políticas e que têm relação com os militantes dos movimentos sociais, no mínimo iriam pedir para serem ressarcidos por seus gastos com passagens aéreas, por exemplo. Por que ele, que já deixou claro que não apoia as manifestações de rua, faria todo esse sacrifício para atuar no caso? Ele justificou que o Fábio Raposo é amigo dos estagiários do seu escritório. Mas e o Caio? De onde ele tem relação para que se sinta obrigado a atuar de forma tão abnegada?

http://juntos.org.br/2014/02/o-jogo-dos-7-erros-do-advogado-do-chefe-da-...

http://jornalggn.com.br/noticia/pode-ate-ser-verdade-mas-caso-sininho-tem-cheiro-orelha-pelo-e-pata-de-armacao#.Uv4tPUpoewt.facebook




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