Muito a fazer no ensino integral

Muito a fazer no ensino integral

De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica, o número de alunos matriculados em escolas públicas de tempo integral cresceu 139% no ensino fundamental nos últimos três anos. São 3,1 milhões de alunos, que ficam pelo menos sete horas na escola. Entre 2012 e 2013, esse aumento foi de 46,5%, maior que o da rede particular, de 12,5%. O governo comemorou o avanço. A meta do Plano Nacional de Educação é chegar a 2023 com 25% do total de matrículas na educação básica no ensino integral. Estamos em 10%.

E consenso que o ensino em tempo integral pode ajudar a dar um salto de qualidade na educação. Os países mais avançados baseiam seus sistemas de ensino em períodos de no mínimo sete horas. E assim na Coreia do Sul, nos Estados Unidos, na Finlândia. No Chile, que promove há décadas uma profunda e bem-sucedi-da reforma na educação, o tempo integral virou obrigatório em 1997. Hoje, 90% de seus alunos ficam na escola das 8 horas às 15 horas. Um aluno que cursa toda a educação básica chilena estuda, no total, dois anos a mais que o aluno do regime anterior a 1997, que tinha dois turnos. E vai melhor que o aluno brasileiro nas avaliações internacionais de leitura, matemática e ciências.

O que deu certo no Chile e em outros países, no entanto, não foi apenas estender o tempo que o aluno passa na sala de aula. Isso, por si só, não garante a melhora. Como as escolas preenchem as horas extras é o que faz diferença. Há boas escolas integrais brasileiras, com um currículo que conecta atividades extras, como música e esportes, às disciplinas obrigatórias. Mas são experiências fortuitas. Em muitas escolas de período estendido, as horas a mais são "livres" para usar as quadras, os computadores, ou adiantar a lição de casa, sem supervisão. Fazer uma escola de tempo integral custa caro, exige infraestrutura maior, professores com dedicação exclusiva e, sobretudo, um currículo consistente. Caso contrário, elas não farão diferença na busca pela qualidade do ensino público.

ÉPOCA, pg 11




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