Professor, falta juízo ou coragem?

Professor, falta juízo ou coragem?

Ei, professor, vai tomar...

…juízo! Ou coragem?

Essa é a conclusão do mais recente estudo publicado pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). No relatório “Teaching and Learning International Survey” (TALIS) relativo a 2013 podemos entender o estado de espírito e as condições concretas de mais de 4 milhões de professores do ensino fundamental em 34 países. É gente cuidando de crianças que estão entre 11 e 16 anos de idade.

O resultado confirma que professores adoram o que fazem (90%), fariam a mesma escolha profissional se pudessem (80%) mas se sentem desvalorizados, sem apoio nem reconhecimento.

Mais importante, talvez: nos países em que os professores sentem-se mais respeitados e valorizados os resultados dos alunos são melhores. Óbvio, não?

A pesquisa revela um professor isolado, que raramente trabalha com os colegas e sequer observa o que os outros professores fazem. Quanto à direção das escolas, permanece quieta. Entre os cerca de 100 mil professores entrevistados, 46% afirmam que NUNCA tiveram qualquer “feedback” de seus superiores. Os líderes não estão nem aí.

O resultado é trágico. Numa sociedade que funciona em redes e se auto-proclama “sociedade do conhecimento”, os professores trabalham isolados e a direção nas escolas está acomodada. A profissão é cada vez mais feminina (68%). Dado o machismo prevalecente em nossas sociedades, esse dado também dá o que pensar. A mulher, professora, é duplamente desvalorizada e desrespeitada. Entre os que ocupam cargos de direção, 51% são homens. Ou seja, a mulherada dá duro na sala de aula, mas não tem o mesmo peso na direção. Há uma questão de gênero implícita na tragédia educacional contemporânea.

A idade média do professor é 43 anos, mas a idade média do diretor da escola é 50. Faz sentido se pensarmos que o diretor em geral tem mais experiência. Mas é preocupante se pensarmos a liderança predominantemente masculina nas escolas como pessoas em média mais velhas e acomodadas. Mais de um em cada cinco professores em posições de liderança (22%) jamais foram preparados para ocupar esses lugares.

O desempenho dos professores é avaliado, mas em geral essa avaliação não passa de um procedimento burocrático de baixa correlação com os ganhos salariais.

Em resumo, nossos professores e professoras adoram o que fazem, mas caíram na rotina, são mal avaliados e estão sujeitos a uma liderança de pouca sensibilidade. A maioria continua onde está, inercialmente.

Falta juízo ou coragem?

LINK

OCDE – TALIS

(em inglês e francês)

http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/iconomia/2014/06/25/ei-professor-vai-tomar/




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