Apagão na formação

Apagão na formação

País vive 'apagão' na formação de professores

Procura por licenciatura em Português caiu 13% em quatro anos; Educação Física continua no topo da preferência 

Fonte: O Globo (RJ)  11 de setembro de 2014

 

Os dados do Censo de Educação Superior de 2013 divulgados anteontem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) confirmaram uma tendência sombria para o futuro do país: o “apagão de Professores” nas Escolas.

O fenômeno ocorre porque, pelo quarto ano seguido, é cada vez menor a quantidade de estudantes que procuram cursos de licenciatura. Consequentemente, o Brasil tem formado menos Docentes.

O caso mais emblemático é o de Português.

Em dez anos, entre 2003 a 2013, o número de matrículas na disciplina no Ensino superior avançou mais de 1000%. Mas, a partir de 2010, tem havido queda. Naquele ano o Brasil tinha mais de 90 mil Alunos matriculados no curso. Em 2013, eram 78 mil, redução de quase 13%.

O cenário é o mesmo para Matemática. Em 2010, eram 82.792 estudantes na área, número que caiu para 80.891, ou 2,3% menos.

Para a Professora da Faculdade de Educação da Uerj Marise Nogueira Ramos, a queda progressiva no número de matrículas em licenciaturas, tendência iniciada há quatro anos, se dá por conta da pouca atratividade do magistério. Segundo ela, o salto (e, depois, a queda) verificada em Português se explicam pela maior facilidade de acesso à carreira.

— Somos levados a pensar que vamos nos dar bem profissionalmente em carreiras ligadas às matérias de que mais gostamos na Escola. Isso poderia explicar o aumento maior para Português do que para Matemática. É uma carreira mais fácil para passar no vestibular. Então, o Aluno a usa para migrar para outras áreas dentro da universidade.

QUÍMICA TEVE CRESCIMENTO

A queda no total de matrículas em licenciaturas desde 2010 é ainda verificada em carreiras como Física (-2,9%) e Biologia (-11%). No entanto, houve poucas áreas onde foi registrado aumento no interesse dos estudantes. É o caso de Química, que viu o número de matrículas em licenciaturas subir 5% nos quatro últimos anos.

Os dados do Censo da Educação Superior também confirmam uma tendência de hegemonia da Educação Física entre as licenciaturas. No ano passado, as matrículas para Professor na área foram 51% maiores do que em Matemática, 55% maiores do que em Português, 247% maiores do que em Química e 395% maiores do que em Física.

Especialistas estimam que o Brasil precisará de até dois milhões de novos Professores até 2024 para cumprir as metas do Plano Nacional da Educação (PNE), aprovado este ano.

Hoje em dia, porém, já é comum haver escolas sem docentes com formação adequada. De acordo com dados do Censo Escolar de 2013, chega a 67,2% o percentual de professores dos anos finais do ensino fundamental no Brasil que não têm licenciatura na disciplina que ensinam. No ensino médio, a parcela de docentes sem a formação adequada é de 51,7%.

 

Queda de formandos é regulação, diz Paim

Número de estudantes concluintes do Ensino Superior caiu 5,6% em 2013, a primeira queda em dez anos

Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)  11 de setembro de 2014

O ministro da Educação, Henrique Paim, disse na manhã de ontem que a queda no número de estudantes concluintes do Ensino superior no Brasil está associada a uma série de ações de supervisão e regulação adotadas pela pasta para garantir a qualidade na oferta de matrículas nos cursos. O número de estudantes concluintes do Ensino superior caiu 5,6% em 2013, a primeira queda em dez anos, conforme dados do Censo do Ensino Superior divulgados anteontem pelo MEC. 

Segundo o censo, 991.010 estudantes se graduaram em 2013 – 59,4 mil a menos do que os formandos de 2012. “Essas ações de supervisão e de regulação que o MEC vem adotando, com suspensão de processos seletivos, redução do número de vagas, fechamento de cursos, descredenciamento de instituições, são medidas que vêm sendo tomadas há muito tempo.

Então, esse reflexo que nós tivemos agora no número de formandos está associado a ações que foram feitas há pelo menos quatro, cinco anos”, disse o ministro, ao participar de coletiva de imprensa no Palácio do Planalto para apresentar o Pronatec Aprendiz na Micro e Pequena Empresa. “Queria enfatizar que tão importante quanto a expansão do Ensino superior brasileiro, que é uma meta estabelecida até mesmo no Plano Nacional de Educação, é nós termos o cuidado com a questão da qualidade.

Por isso que o MEC tem sido muito rigoroso e vai manter esse rigor em relação à expansão da Educação superior”, disse o ministro. Exigência. De acordo com Paim, o governo não vai aceitar a oferta de vagas no sistema federal de instituições e cursos sem qualidade.“Essa preocupação é uma preocupação que esse governo tem”, ressaltou o ministro da Educação.

O Censo do Ensino Superior apontou ainda que houve redução no ritmo de expansão do Ensino superior brasileiro. Se entre 2007 e 2008, constatou-se um pico de crescimento de 10% de vagas criadas, o índice que vem caindo de forma consistente nos últimos anos –entre 2012 e o ano passado, o avanço foi de apenas 3,7%. 




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