Juros da dívida pública

Juros da dívida pública

O que o Brasil pode fazer com os R$ 500 bi pagos em juros da dívida pública

De setembro de 2014 a setembro de 2015, o Brasil pagou nada menos que R$ 510 bilhões em juros da dívida pública. Não fosse a atual política econômica, o país poderia investir na geração de empregos e movimentar a produção e o consumo no país.

Para o economista e professor universitário Odilon Guedes, mestre em Economia pela PUC, diretor do Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Nível Universitário, o governo precisa fazer uma política anticíclica. Para isso precisa aumentar os seus gastos, isto é, construir casas, estradas de ferro, metrô, saneamento básico que falta para metade da população brasileira, entre outras frentes de geração de emprego e renda.

“Os investimentos que o setor privado faz caíram 4% no último semestre de 2015. É o nono trimestre consecutivo de queda nos investimentos. Já são 27 meses em que os investimentos estão caindo e isso é gravíssimo”, afirma Odilon. “Se as empresas investem, a economia anda para a frente de novo. O governo tem recursos, tanto é que em 1 ano desembolsou R$ 510 bilhões para o pagamento de juros da dívida pública”.

“A política anticíclica é o governo fazer investimentos e isso passa confiança para o setor privado que também vai investir. Isso gera empregos, renda para a população consumir mais, o que aumenta a arrecadação do governo e que permite que ele faça mais investimentos ainda”, afirma Odilon.

A solução, aponta o economista, é injetar bilhões na economia e enfrentar os interesses do capital financeiro. “Neste último trimestre (de julho a setembro) o PIB caiu 1,7% e a projeção de queda para o fechamento de 2015 é de queda de 3,8%. Um dos piores números da história do país. O país empobreceu, e com o crescimento vegetativo de 1,8% ao ano no Brasil, além de mais pobre, temos mais 2 milhões de pessoas”, destaca.

Em 2015, só a indústria da construção civil desempregou mais de 500 mil trabalhadores. No mês de outubro, somando-se todos os setores, o desemprego atingiu 169 mil pessoas. O total de desempregados é de 8,5 milhões de pessoas.

“O governo precisa mudar sua política econômica, investir em saneamento, casas populares, trem, metrô, portos para crescer. Não é aumentando os juros, como vem fazendo há dois anos, que se controla a inflação. Inflação não tem a ver com o aumento da demanda na economia.  O que está pressionando a inflação são os preços administrados, gasolina, gás, luz, que o governo controla, além de parte da desvalorização cambial”, diz o economista.

Odilon Guedes lembra o que pode ser feito com os R$ 500 bilhões pagos em juros da dívida pública:

– mais de 1000 km de metrô em SP, considerando exageradamente  que o valor do quilômetro custa cerca de R$ 400 milhões na cidade de SP. E isso envolve desapropriar, fazer o buraco, a estação, os trens o pátio de manobra… Vale lembrar que o estado de SP iniciou a construção do metrô em 1968 e até hoje só existem 79 quilômetros na cidade.

– 125 mil creches, considerando que o custo de uma creche chegue a R$ 4 milhões

– 5 mil hospitais de R$ 100 milhões cada

– 6 milhões e 250 mil casas populares considerando um custo de R$ 80 mil a unidade

“Estamos diante de uma disputa social enorme. O governo precisa de apoio popular, só que o atual governo está desmoralizado. A Petrobras tem que ter o nosso apoio. Os corruptos que a saquearam precisam devolver o dinheiro e ir para a cadeia. O governo tem que investir em vez de criar impostos e aumentar ainda mais os juros. Os movimentos sociais precisam fazer esse debate e criar uma frente política com um programa mínimo que envolva interesses da maioria da população brasileira. E a partir desse programa e da luta para alcançá-lo mobilizar a sociedade a levar as transformações necessárias para o nosso país”, afirma o economista.

Fonte: Intersindical - Central da Classe Trabalhadora

http://www.santosbancarios.com.br/index.php?det=detalhes&id_titulo=2&id=5352




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