Portas bloqueadas

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Servidores retomam trabalho, mas ameaçam parar se projetos forem a votação na AL

Movimento Unificado paralisou atividades nesta terça-feira e bloqueou as portas da Assembleia, conseguindo cancelar a sessão do dia

Por: Vanessa Kannenberg
15/09/2015

Servidores retomam trabalho, mas ameaçam parar se projetos forem a votação na AL Tadeu Vilani/Agencia RBS

Assembleia foi bloqueada por servidores durante toda a terça-feira, em Porto Alegre       Foto: Tadeu Vilani / Agencia RBS

A quarta-feira ainda é uma incógnita no serviço público estadual do Rio Grande do Sul. As mais de 40 categorias que integram o Movimento Unificado decidiram retomar os trabalhos no início do dia, mas se manterão em "estado de alerta": se houver nova votação na Assembleia Legislativa (AL), eles voltam a paralisar.

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–  Não há previsão de votação ainda, mas continuamos atentos e vigilantes. Se for marcada votação, a gente chama todo o pessoal que está trabalhando e vem pra cá (para a AL) –  afirma Sérgio Arnoud, presidente da Fessergs.



A orientação é para que os professores retomem as aulas na quarta, assim como os sindicatos da Brigada Militar e da Polícia Civil acordaram retomar seus serviços. No entanto, Helenir Schürer, presidente do Cpers, admite que alguns docentes podem não comparecer às escolas:

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– Alguns virão para cá, para ficar em vigília na Praça da Matriz. Além disso, a coordenação do movimento vai tentar uma nova audiência com a presidência da Assembleia, para continuar a negociação – afirma Helenir, destacando que a principal reivindicação é a retirada do projeto que institui o regime de previdência complementar.

Nesta terça-feira, a mobilização conseguiu impedir que as votações de projetos polêmicos enviados pelo governo Sartori ocorressem. Centenas de servidores bloquearam as entradas da Assembleia e, “por falta de segurança”, a presidência da Casa cancelou a sessão do dia.



No meio da tarde, um acordo entre líderes sindicais e da AL, que foi aprovado por maioria dos servidores, definiu pela liberação dos acessos. No entanto, parte do grupo não cumpriu e manteve os bloqueios, expondo um racha entre os manifestantes. Helenir minimizou a situação:

– Éramos 5 mil servidores, apenas 200 divergiram na votação e continuaram bloqueando. São pessoas que têm problemas com a democracia e não a respeitam.

Arnoud concordou com a presidente do Cpers e foi além:

– Não consideramos esse fato (manutenção dos bloqueios) responsabilidade do movimento, pois muitos sequer eram funcionários, mas de organizações políticas, blocos de luta e outras. Os servidores que estavam lá são principalmente do magistério e transferem para o seio do movimento suas divergências ideológicas internas. Nosso esforço é por manter a unidade a despeito da inconformidade de um segmento mínimo – concluiu.

Confira os projetos do Poder Executivo que estavam aptos à votação, nesta terça-feira, na Assembleia:

PROJETO DE LEI Nº 207
— Cria a Câmara de Conciliação de Precatórios, que permitirá a negociação de acordos com credores com desconto de 40% do valor da dívida.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: tende a desestimular o mercado paralelo dos precatórios e a ampliar o número de credores pagos.

PROJETO DE LEI Nº 212
— Inclui nas atribuições do Corpo Voluntário de Militares Inativos da BM atividades de videomonitoramento nos municípios que têm os equipamentos e necessitam de servidores para operá-los.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: medida auxiliará as prefeituras na prevenção de crimes.

PROJETO DE LEI Nº 213
— Altera a lei que institui o Imposto sobre Doações ou Transmissões Causa Mortis (ITCD), cobrado em doações e herança. A ideia é restabelecer alíquotas progressivas.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: deve elevar a arrecadação anual em R$ 43,9 milhões.

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PROJETO DE LEI Nº 215
— Extingue fundos públicos que já cumpriram finalidades e aqueles que estão inativos há três anos ou mais, atendendo ou não a suas finalidades.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: contribuirá para o "aperfeiçoamento da gestão financeira e orçamentária do Estado".

PROJETO DE LEI Nº 243
— Propõe mudanças na legislação para que possa avançar a transformação do Laboratório Farmacêutico do Estado (Lafergs) em empresa pública.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: eliminaria amarras burocráticas que hoje dificultam a retomada da produção.

PROJETO DE LEI Nº 255
— Autoriza o Poder Executivo a prorrogar os contratos de sete cargos em comissão/funções gratificadas da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: os profissionais são importantes para a rotina de trabalho da orquestra.

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PROJETO DE LEI Nº 299
— Autoriza a extinção da Fundação de Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul (Fundergs).
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: alcançar "metas de controle de despesas" do Estado. 
— Está entre as medidas polêmicas e contestadas por servidores.

PROJETO DE LEI Nº 301
— Autoriza a extinção da Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (Fepps).
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: fazer o "enxugamento da máquina administrativa". 
— Está entre as medidas polêmicas e contestadas por servidores.

PROJETO DE LEI Nº 209
— Impede que o servidor público incorpore função gratificada (FG) para fins de aposentadoria se tiver obtido o benefício ao exercer o cargo em outro poder.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: reduzir custos.

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PROJETO DE LEI Nº 303
— Institui o regime de previdência complementar para os servidores públicos estaduais.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: conter o déficit previdenciário, já que quem ingressar no serviço público terá de contratar previdência complementar se quiser receber acima do limite do INSS (R$ 4,6 mil). 
— Está entre as medidas polêmicas e contestadas por servidores.

* Zero Hora




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