A asnice doentia

A asnice doentia

A asnice doentia

Wladimir Pomar  -  04/10/2021

 


A par­ti­ci­pação go­ver­na­mental bra­si­leira na as­sem­bleia geral da ONU, co­roada com a des­co­berta de que seu “mi­nistro da saúde” es­tava com fortes sin­tomas do co­ro­na­vírus, e que a es­posa do pre­si­dente pre­feriu ser va­ci­nada nos Es­tados Unidos, foi um re­trato per­feito do baixo nível a que che­garam Bol­so­naro e seu go­verno.

O pre­si­dente ig­nora, o que é pro­fun­da­mente es­tar­re­cedor, que os re­pre­sen­tantes go­ver­na­men­tais e di­plo­má­ticos dos de­mais países que par­ti­cipam da Or­ga­ni­zação das Na­ções Unidas sempre estão a par das po­lí­ticas e da si­tu­ação dos de­mais países. O que o levou a contar uma série de men­tiras des­la­vadas sobre a si­tu­ação in­terna do Brasil, assim como de seu go­verno, tor­nando ainda mais ri­dí­cula sua fi­gura, assim como a si­tu­ação a que levou nosso país.

Ele, evi­den­te­mente, não tem cla­reza al­guma sobre a po­lí­tica econô­mica de seu Posto Ipi­ranga, outra tra­gédia também cada vez mais evi­dente. Ela está le­vando o país não só a uma ele­vada de­sin­dus­tri­a­li­zação, acom­pa­nhada de cres­cente de­sem­prego e, também, de cres­cente in­flação. Para pi­orar, tem sido acom­pa­nhada por uma cres­cente crise ener­gé­tica e por uma pos­sível queda na pro­dução rural, com re­flexos ne­ga­tivos nos preços agrí­colas e nos saldos do co­mércio in­ter­na­ci­onal, sem que se tenha qual­quer no­tícia de me­didas efe­tivas para en­frentar tais si­tu­a­ções.

Ou seja, em­bora tudo isso seja vi­sível e do co­nhe­ci­mento de qual­quer membro da so­ci­e­dade bra­si­leira, e venha sendo acom­pa­nhado pelos go­vernos de todos os países que mantêm re­la­ções di­plo­má­ticas e econô­micas com a nação bra­si­leira, Bol­so­naro se­guiu as má­ximas de seu guru ide­o­ló­gico, con­si­derou a todos uma cam­bada de ig­no­rantes de­sin­for­mados e des­fiou uma série de men­tiras de causar rubor até em cri­anças.

Porém, como nem todos têm acesso a no­ti­ciá­rios te­le­vi­sivos e jor­na­lís­ticos, é po­li­ti­ca­mente in­dis­pen­sável que um nú­mero cres­cente de bra­si­leiros tome co­nhe­ci­mento dessas ver­go­nhosas men­tiras bol­so­na­ristas, que des­mo­ra­lizam o povo e a nação bra­si­leira. Além disso, torna-se in­dis­pen­sável es­tudar e dis­cutir os di­versos as­pectos da crise ainda pior a que está sendo le­vado o Brasil, e como en­frenta-la para salvar nosso povo e o país.

Ou seja, na pre­sente con­jun­tura não basta cri­ticar as bo­ça­li­dades econô­micas e po­lí­ticas que estão sendo ex­pres­sadas e le­vadas à prá­tica pelo go­verno Bol­so­naro. É in­dis­pen­sável dis­cutir am­pla­mente, desde já, as po­lí­ticas e pro­jetos que devem ser apli­cados para re­tirar o Brasil e nosso povo da crise fo­men­tada pelo bol­so­na­rismo, de modo a gerar um mo­vi­mento so­cial de en­ver­ga­dura que não seja so­mente con­trário a tais po­lí­ticas des­tru­tivas, mas também tenha pro­postas, po­lí­ticas, econô­micas e so­ciais, ca­pazes de su­perar os de­sas­tres que o bol­so­na­rismo está pro­mo­vendo.

Por exemplo, o Brasil pre­cisa de uma po­lí­tica clara de rein­dus­tri­a­li­zação, de modo a fa­bricar não só os in­sumos ne­ces­sá­rios à eco­nomia bra­si­leira, mas também os in­sumos que nos per­mitam con­correr no mer­cado mun­dial, assim como gerar cres­centes opor­tu­ni­dades de tra­balho para nosso povo. Algo idên­tico deve e pode ser re­a­li­zado com uma po­lí­tica agrí­cola que fo­mente o tra­balho e a pro­dução dos mi­lhões dos pe­quenos e mé­dios la­vra­dores, que­brando a po­lí­tica mo­no­po­lista do agro­ne­gócio e for­çando-o a baixar seus preços.

Ambas são a base para uma ver­da­deira po­lí­tica de mo­der­ni­zação das in­fra­es­tru­turas ener­gé­tica e viária, nas quais a energia elé­trica seja cada vez mais pro­du­zida sem de­gradar o meio am­bi­ente, e o trans­porte de grandes cargas seja re­a­li­zado por meios mais econô­micos e menos po­lu­entes.

Em ou­tras pa­la­vras, a as­nice do­entia dos go­ver­nantes bra­si­leiros atuais só pode ser su­pe­rada com pro­gramas po­lí­ticos, econô­micos e so­ciais ca­pazes de re­tirar o Brasil do bu­raco em que está sendo en­ter­rado por eles. Pro­gramas que sejam ca­pazes, ao mesmo tempo, de se con­trapor ao pro­grama bol­so­na­rista de des­truição da eco­nomia e da in­com­pleta de­mo­cracia bra­si­leira, e de mo­bi­lizar as grandes ca­madas po­pu­lares e in­ter­me­diá­rias de sua so­ci­e­dade.

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