A farsa do governo Leite

Caravana do CPERS expõe a farsa do governo Leite e mobiliza para a Assembleia Geral da categoria
Enquanto o governador Eduardo Leite (PSDB) estampa um sorriso em coletivas e redes sociais, afirmando que as escolas do Rio Grande do Sul estão bem, a realidade escancara um escândalo de abandono e negligência. O CPERS está dentro das escolas, ouvindo educadoras(es) e estudantes, e o que encontramos é um retrato de descaso e sofrimento.
A Caravana do Sindicato tem percorrido escolas por todos os cantos do estado, fiscalizando as condições das instituições e dialogando com a comunidade escolar sobre as pautas emergenciais: o fim das Parcerias Público-Privadas (PPPs) na educação, o combate à sobrecarga de trabalho, a redução da burocracia imposta pela Secretaria da Educação (Seduc) e a urgente valorização salarial para professoras(es) e funcionárias(os) de escola, da ativa e aposentadas(os).
Nesta sexta-feira (21), que marca o encerramento da segunda semana de Caravana, o CPERS passou pelas regiões de abrangência dos núcleos de Pelotas (24º) e Santa Maria (2º) e encontrou um caos que o governo insiste em negar. Escolas sucateadas, sem condições básicas de funcionamento, com infraestrutura precária, ambientes insalubres e um risco iminente para quem trabalha e estuda nesses espaços.
CE Félix da Cunha: 12 anos de descaso e um prédio histórico em ruínas
Em Pelotas, a Caravana esteve no CE Félix da Cunha e encontrou, mais uma vez, uma realidade cruel. O Colégio sofre com problemas estruturais desde 2012, e desde 2017, seu principal prédio está parcialmente interditado. Em outras palavras: são mais de 12 anos de abandono e sete de interdição sem solução.
Em outubro de 2024, uma empresa foi contratada para a reforma da escola, mas, como já era de se esperar, a obra se arrasta. O mesmo cenário se repete em diversos colégios pelo estado: licitações emperradas, obras que não saem do papel, reformas lentas e uma burocracia que esmaga o futuro de milhares de estudantes. A mesma empresa também será responsável pela reforma do prédio histórico da escola, mas, pasme: não há nem previsão para o início dos trabalhos. O prédio continua se deteriorando diante dos olhos da comunidade escolar, enquanto Eduardo Leite (PSDB) empurra com a barriga um problema que já deveria ter sido resolvido há anos.
“Fico muito angustiado. Desde 2018, trabalho na escola e durante três anos fui vice-diretor e agora, em 2025, assumi a direção. Fico muito triste em ver o prédio histórico se deteriorando e anos e anos passando e as ações não sendo tomadas”, relata o diretor da escola, Leonardo Costa de Alves.
O CPERS tem denunciado a situação alarmante da Félix da Cunha em inúmeras caravanas, mostrando que o abandono das instituições de ensino não é um problema isolado, mas sim um projeto de desmonte do governo com a educação pública.
A secretária-geral do CPERS, Suzana Lauermann, foi enfática: “Tivemos a oportunidade de visitar escolas onde, mais uma vez, foi possível comprovar aquilo que já denunciamos há muito tempo: a rede elétrica das escolas não está preparada para suportar o uso de ar-condicionado e ventiladores. Além disso, muitas obras precisam ser realizadas nas escolas do Núcleo de Pelotas. O debate sobre as PPPs também foi muito proveitoso. A comunidade escolar tem plena consciência de quão prejudiciais são essas parcerias e de como o dinheiro público, que será destinado às empresas privadas, poderia ser muito melhor investido se fosse aplicado diretamente nas escolas. Com certeza, essa diferença seria visível e traria benefícios reais para a educação.”
Na região de Pelotas, a Caravana também percorreu as escolas EEEM Dom João Braga, EEEF Nossa Senhora Medianeira, EEEM Franklin Olivé Leite, EEEF Visconde De Souza Soares, EEEM Adolfo Fetter, EEEM Areal, EEEF Obelisco, EEEM Nossa Senhora Dos Navegantes, EEEF Padre Rambo, EEEF São Vicente, EEEM Professora Sylvia Mello, EEEM Osmar Da Rocha Grafulha e EEEF Dr. Francisco Simões.
“Visitamos diversas escolas com o objetivo de dialogar com a categoria sobre o projeto de Eduardo Leite e Raquel Teixeira, que propõe a implementação de PPPs, envolvendo a entrega de 99 escolas da rede estadual à iniciativa privada. Tivemos a oportunidade de nos aproximar da nossa base, expor nossas perspectivas e ouvir as demandas, anseios e expectativas das escolas, bem como de nossas sócias e sócios, em relação aos próximos passos na luta e mobilização do CPERS Esse tem sido um espaço de intensa troca de informações e conhecimento sobre a realidade das escolas públicas, fortalecendo nosso diálogo e a defesa da educação pública”, asseverou a diretora do CPERS, Vera Lessês.
A mobilização também contou com a participação das(os) diretoras(es) Juçara Borges, Leonardo Preto e Andrea da Rosa, representando a Direção Central, além da presença das(os) representantes do 24º Núcleo (Pelotas), Maria da Graça Machado Almeida (Diretora), Luiz Roberto Da Silveira David (Representante 1/1000), Maria Virginia Fagundes Moreira (Representante 1/1000), Antonio Alberto Andreazza (Representante 1/1000), Sérgio Luiz Barbosa Mota (Representante de Aposentados) e Eloisa Sodré Silva Direção (Representante de Aposentados).
Tapumes, véus de segurança e obras abandonadas: o retrato da educação em Santa Maria
A Direção Central, representada por Celso Dalberto, Leandro Parise e Sandra Silveira, junto às(aos) representantes do 2º Núcleo, percorreu diversas instituições de ensino em Santa Maria e constatou o que Eduardo Leite (PSDB) tenta esconder: obras inacabadas, escolas caindo aos pedaços e funcionárias(os) adoecidas(os), sobrecarregadas(os) e sem receber salário.
A situação do Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac é o exemplo mais escancarado do abandono e da hipocrisia do governo. A escola está na lista das Parcerias Público-Privadas (PPPs), modelo de privatização da educação. O resultado? Obras paradas, estruturas precárias e serviços essenciais comprometidos.
A reforma elétrica da escola foi concluída, mas a nova rede nunca foi utilizada. Sim, você leu certo: a infraestrutura foi feita, mas está desligada, sem qualquer previsão de funcionamento. E mais: há dois anos, uma empresa instalou tapumes, cobriu prédios com véus de segurança e nunca mais voltou. Um prédio anexo, com dez salas de aula, está completamente interditado. Enquanto isso, as(os) alunas(os) e educadoras(es) precisam se virar para dar continuidade ao aprendizado em condições indignas.
Para piorar, das quatro merendeiras da escola, duas estão afastadas por problemas de saúde gerados pela sobrecarga de trabalho, uma é terceirizada e está sem receber salário, e a única que resta está sobrecarregada, tentando alimentar sozinha um total de 500 estudantes em uma cozinha minúscula.
A situação na EEEM Dom Antônio Reis é igualmente preocupante. Também incluída no projeto das PPPs, a escola enfrenta condições precárias que comprometem o aprendizado e a segurança das(os) professoras(es) e alunas(os). Uma das salas está completamente condenada, sem qualquer possibilidade de uso. Enquanto o governo insiste em propagandas sobre melhorias na educação, a realidade é que estudantes e educadoras(es) são obrigadas(os) a conviver diariamente com espaços deteriorados e sem perspectiva de solução.
Durante as visitas, a Direção Estadual do CPERS, que também contou com as(os) representante do 2º Núcleo Maíra Couto (Diretora-Geral), Júlio Cesar Alves (Secretário), Gilmar Nunes Corrêa (Tesoureiro), Mauren Lize Ribas (Representante 1/1000) e Marlize Dressler (suplente das aposentadas), constatou o descaso do governo Leite (PSDB) na EEEM Dom Antônio Reis, EEEM Profª. Naura Teixeira Pinheiro, EEEF Marechal Rondon, IE Padre Caetano, EEEF Gen. Gomes Carneiro, EBE Cícero Barreto e EEE Médio Profª Maria Rocha.
Para expor essa realidade inaceitável, uma coletiva de imprensa foi realizada na sede do 2º Núcleo no fim do dia, com presença de diversas rádios locais.
CPERS mobiliza educadoras em 12 regiões na próxima semana
O CPERS segue denunciando, exigindo soluções e cobrando do governo Leite (PSDB) medidas urgentes para garantir condições dignas de ensino e trabalho para todas(os), além da urgente valorização salarial. Na próxima semana, o Sindicato visita escolas das regiões de abrangência dos núcleos de Cerro Largo (36º), Santa Rosa (10º), Erechim (15º), Santo Ângelo (9º), Três de Maio (35º), Soledade (28º), Ijuí (31º), Três Passos (27º), Lagoa Vermelha (25º), Cruz Alta (11º), Frederico Westphalen (26º) e Vacaria (30º).
Caravana culmina na Assembleia Geral em 11 de abril
A Caravana do CPERS culmina na Assembleia Geral, marcada para o dia 11 de abril, onde a categoria debaterá os próximos passos da luta em defesa da educação pública e dos direitos da categoria. Contate seu núcleo e mobilize-se!
>> Confira, aqui, as pautas de mobilização da Assembleia
>> Veja a lista das escolas visitadas nesta sexta (21):
>> Pelotas (24º Núcleo)
EEEM Dom João Braga
EEEF Nossa Senhora Medianeira
EEEM Félix Da Cunha
EEEM Franklin Olivé Leite
EEEF Visconde De Souza Soares
EEEM Adolfo Fetter
EEEM Areal
EEEF Obelisco
EEEM Nossa Senhora Dos Navegantes
EEEF Padre Rambo
EEEF São Vicente
EEEM Professora Sylvia Mello
EEEM Osmar Da Rocha Grafulha
EEEF Dr. Francisco Simões
>> Santa Maria (2º Núcleo)
EEE Médio Profª Maria Rocha
IEE Olavo Bilac
EEEM Dom Antônio Reis
EEEM Profª. Naura Teixeira Pinheiro
EEEF Marechal Rondon
IE Padre Caetano
EEEF Gen. Gomes Carneiro
EBE Cícero Barreto
FONTE: