Abandono de escola indígena

CPERS denuncia abandono de escola indígena de Viamão ao Conselho Estadual de Educação e à Seduc
Na manhã desta quarta-feira (4), a diretora do CPERS e representante do Sindicato no Conselho Estadual de Educação (CEEd/RS), Sandra Silveira, entregou uma Carta que denuncia a situação da retomada Nhen’engathu, localizada em Viamão, à presidente do Conselho, Fátima Anise Rodrigues Ehlert, e à secretária de Educação, Raquel Teixeira. O encontro ocorreu no Auditório do Sinpro, durante a plenária presencial do CEEd.
No documento, o Cacique Eloir Guarani, líder da aldeia, relata a luta travada desde 14 de fevereiro de 2024 para garantir o acesso à educação a 62 crianças e jovens indígenas Guarani Mbyá. “Essa retomada foi um ato de resistência para manter nossa cultura indígena viva para as futuras gerações. Sempre zelamos pela convivência pacífica com outras culturas, mas as circunstâncias nos impõem muitas batalhas pelos nossos mais básicos direitos de sobrevivência”, destaca o Cacique em um trecho da Carta.
A escola indígena, esquecida pelo governo Eduardo Leite (PSD), foi visitada pelo CPERS durante a Caravana 2025 e vem sendo acompanhada de forma constante pelo 22º Núcleo do Sindicato (Gravataí) e pelo setor jurídico da entidade.
Sem qualquer estrutura, as(os) estudantes se dividem em duas barracas de lona para as aulas. Nem mesmo a merenda é fornecida pelo governo Leite (PSD), e a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) não apresenta previsão para a construção da escola.
Eloir explica que tentou resolver a situação inicialmente com a 28ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) e com a Seduc, sem sucesso, especialmente quanto à infraestrutura escolar. Desde então, o CPERS e seu jurídico têm oferecido apoio na luta por direitos. “É extremamente importante a ajuda e o auxílio do Sindicato, pois é uma ferramenta para nós, a ser usada em situações como essa, de descaso do Estado com a educação indígena. Esperamos que a mobilização de hoje traga retorno positivo. Estamos na expectativa. E nossa imensa gratidão ao Sindicato por essa força que tem nos dado”, concluiu.
“É importante a ação de hoje para que tanto o CPERS quanto o Conselho possam articular ações que garantam às crianças desta e de todas as escolas indígenas o direito à educação com qualidade e respeito à sua cultura”, ressalta a diretora do CPERS e conselheira Sandra Silveira.
O CEEd deverá realizar uma visita à retomada Nhen’engathu para verificar de perto a situação de negligência enfrentada diariamente pelas(os) estudantes e educadoras(es), com o objetivo de que novas medidas sejam adotadas.
Também estiveram presentes na entrega da Carta a diretora do CPERS, Sandra Santos, e a diretora do 22º Núcleo do Sindicato (Gravataí), Rosane Moreira Jardim.
O CPERS seguirá vigilante para garantir que as(os) alunas(os) indígenas da retomada Nhen’engathu tenham toda a estrutura necessária. Reafirmamos nosso compromisso com a defesa intransigente das escolas e estudantes indígenas, reconhecendo a importância fundamental dessas instituições na preservação das culturas, línguas e identidades dos povos originários. Lutamos por políticas públicas que assegurem investimentos adequados, valorização das(os) profissionais da educação indígena e a promoção de um ambiente escolar que celebre a diversidade e combata todas as formas de discriminação e preconceito.
>> Confira a íntegra da Carta:
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