Acesso à celular e internet na escola
Posse de celular e acesso à internet na escola caem entre crianças e adolescentes em 2025
Pesquisa TIC Kids Online Brasil 2025 aponta para redução significativa do percentual de jovens de 9 a 12 anos que têm dispositivos móveis, na comparação com 2024
Isabella Sander - Repórter

WESTOCK / stock.adobe.com
Realizada anualmente, a pesquisa TIC Kids Online Brasil apontou para uma redução tanto no percentual de crianças e adolescentes que têm celular quanto no índice dessa parcela da população que acessa a internet na escola. Segundo o levantamento, a posse de telefone celular entre os usuários de 9 a 17 anos passou de 81% em 2024 para 77% em 2025, enquanto o acesso à internet nas escolas caiu de 51% para 37% no mesmo período.
A posse de celulares teve a queda mais significativa entre crianças de 9 a 10 anos, que passou de 67% para 55%, e de 11 a 12 anos, que caiu de 79% para 69%. Na faixa dos 13 aos 14 anos, houve um suave aumento de 77% para 78% no período. Na parcela dos 15 aos 17 anos, a redução foi de 99% para 95%.
Já o acesso à internet nas escolas teve o maior decréscimo da série histórica, iniciada em 2015. Se, entre 2023 e 2024, ocorreu aumento de sete pontos percentuais no índice, passando de 44% para 51% a proporção de crianças e adolescentes de 9 a 17 anos que faziam o acesso na escola, entre 2024 e 2025 foi registrada queda de 14 pontos percentuais — de 51% para 37%.
Luisa Adib, coordenadora da pesquisa TIC Kids Online Brasil, avalia que os movimentos podem refletir o impacto de novas regulamentações e debates recentes sobre o uso de celulares em ambientes escolares, como a proibição dos dispositivos para estudantes da Educação Básica, ocorrida neste ano:
— A gente observa uma queda em relação a 2024, principalmente para a população de 9 a 10 e de 11 a 12 anos. Os adolescentes, os mais velhos, a proporção se mantém estável em relação à posse do dispositivo, e outro dado importante é o uso de rede social. Desde o início da coleta, a gente tem um uso de rede social por quase a totalidade dos adolescentes, mas, entre as crianças mais novas, houve aumento depois da pandemia, e, agora, começa uma tendência de queda.
O levantamento indica que 92% das crianças e adolescentes brasileiros são usuários de internet, o equivalente a 24,5 milhões de pessoas, proporção estável em relação a 2024. Mas o uso da rede na escola, além de ter diminuído, também ocorre com menor frequência. Apenas 12% acessam a internet várias vezes ao dia na escola, enquanto 84% fazem isso de casa.
— A gente não está falando aqui do celular, a gente está falando de acesso à internet na escola, que pode aparecer como uma resposta ao debate que temos acompanhado e à própria regulamentação que começou a ser implementada no início do ano. Pode ser reflexo dessas medidas de proteção. As crianças não deixam de ser usuárias, mas estão usando de outra maneira, em outra intensidade, e com, talvez, outro tipo de mediação — avalia.
Apesar da queda no uso escolar, o celular segue como o principal dispositivo de conexão, usado por 96% dos entrevistados, seguido pela televisão (74%) e pelo computador (30%). A pesquisa mostra que 74% das crianças e adolescentes utilizam o celular várias vezes ao dia, enquanto apenas 8% usam computador diariamente. O acesso pela televisão, por outro lado, tem crescido.
— A televisão cresce, o acesso pela televisão cresce ao longo dos anos, e o do computador cai, e entre as classes, principalmente D e E, mesmo os que acessam o computador, acessam com menor frequência — descreve Luisa.
Inteligência artificial
A TIC Kids Online Brasil 2025 também investigou pela primeira vez o uso de inteligência artificial (IA). Entre os usuários de internet de 9 a 17 anos, 65% afirmaram ter usado ferramentas desse tipo para estudar, buscar informações, criar conteúdo ou conversar sobre emoções. O índice variou de 42%, na faixa dos 9 aos 10 anos, a 75%, dos 13 aos 17. A maioria utiliza para fazer pesquisas escolares, estudar ou procurar informações.
— A pesquisa trouxe o uso de IA generativa pela primeira vez, para a pesquisa escolar, que é o mais usado, mas também para procurar outras informações, criar conteúdo e para falar sobre problemas emocionais, que aparece em proporções mais baixas (10%), mas que também é algo que a gente começa a monitorar, porque temos visto uma inserção no cotidiano, não só de crianças e adolescentes, mas da população de modo geral, do uso desse tipo de recurso pra essa finalidade — destaca a pesquisadora.
O índice de respondentes que disseram conversar sobre problemas pessoais ou suas emoções com ferramentas de IA foi de 4% na faixa dos 9 a 10 anos, de 7% entre os 11 e 12 anos, de 12% entre os 13 e 14 anos e de 16% entre os 15 e os 17 anos.
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