Acordo histórico
Acordo histórico viabiliza mudança no plano de carreira dos professores estaduais
Proposta de alteração no projeto do governo ganhou aval até da direção do Cpers
Tratado garantiu os votos da bancada do MDB, a mais numerosa da base aliadaVinicius Reis / Assembleia Legislativa/Divulgação
O projeto que altera o plano de carreira do magistério deve ser aprovado na Assembleia com um placar inesperado até para o mais otimista dos governistas. A provável aprovação é fruto da perda de poder do PT e das corporações, combinada com a força do diálogo: o acordo para melhorar o projeto foi construído a partir da lógica de que cada um teria de ceder um pouco para chegar ao texto possível.
Para surpresa de quem acompanhou nos últimos 25 anos a resistência a qualquer esboço de alteração no plano, a direção do Cpers participou das reuniões e foi decisiva para o acordo. Para não perder tudo, o sindicato e o governo concordaram em entregar os anéis e ambos preservaram os dedos.
O tratado garantiu os votos da bancada do MDB, a mais numerosa da base do governo, e permitiu eliminar um dos pontos mais intragáveis do projeto original, a absorção, em futuros reajustes, da parcela autônoma onde ficarão isoladas as vantagens temporais acumuladas até aqui e as gratificações incorporadas. Todos os anos, quando o piso nacional aumentar, o subsídio subirá na mesma proporção para todos, mantendo a diferença entre as faixas salariais previstas no novo plano de carreira. A parcela autônoma ficará congelada.
O acordo começou a nascer na semana passada e teve articulações até fora do país. O deputado Gabriel Souza, o mais atento aos termos técnicos dos projetos, passou dias conversando com os secretários do núcleo técnico do Piratini. Em outra frente, o líder do governo, Frederico Antunes, conversou com Fábio Branco e Edson Brum, na viagem que os três fizeram à Argentina para participar de reuniões com embaixadores.
Nota lançada na segunda-feira (27) pelo Cpers, que saudou as propostas do MDB e sinalizou que o sindicato estaria aberto ao diálogo, em uma estratégia para reduzir danos, permitiu a ponte entre o sindicato e os governistas.
O acordo foi sacramentado em uma reunião a portas fechadas que durou cerca de duas horas, interrompida pelo menos três vezes por pedidos de verificação de quórum da oposição.
Em uma das interrupções, o procurador-geral Eduardo Cunha da Costa saiu junto com os deputados e, em uma sala reservada, com a proposta do bloco Cpers/MDB em mãos, ligou para o governador Eduardo Leite. Voltou à reunião com o sinal verde.
A presidente do Cpers, Helenir Schurer, intercederá junto à oposição para que todas emendas sejam retiradas e que apenas o “emendão” coletivo seja aprovado. Em contrapartida, os oposicionistas serão convidados a assinar a nova proposta.
Posse na Ajuris
Eleito sem oposição, o novo presidente da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), Orlando Faccini Neto, 43 anos, toma posse na segunda-feira, às 18h.
Paulista de nascimento, o novo presidente da Ajuris ingressou na magistratura gaúcha em 2001, na comarca de Jaguarão.
Na trilha aberta por sua antecessora, Vera Deboni, Faccini quer continuar ampliando a atuação da Ajuris para além das questões corporativas. A ideia é discutir temas de interesse da sociedade – da interrupção da gravidez ao uso do canabidiol para fins medicinais.