Acúmulo de trabalho dos professores
Brasil ocupa último lugar em ranking que mede acúmulo de trabalho dos(as) professores(as), aponta relatório
Estudo apresentado em audiência pública que contou com a participação da dirigente da APP-Sindicato e vice-presidenta da CNTE, Marlei Fernandes, atribui adoecimento da categoria ao excesso de trabalho
e adoecimento nas escolas - Foto: Altvista / APP-Sindicato - Arquivo
O Brasil ocupa o último lugar em um ranking que investigou o excesso de trabalho dos(as) professores(as) em diversos países, de acordo com relatório apresentado na audiência pública sobre “Valorização profissional e democratização da educação no novo PNE”. A reunião, realizada na última quarta-feira (25), na Câmara dos Deputados, faz parte dos debates da Comissão Especial para aprovar um parecer sobre o Plano Nacional de Educação 2024 -2034 e contou com a participação da secretária de Assuntos Jurídicos da APP-Sindicato e vice-presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marlei Fernandes.
Segundo os dados do relatório, apresentados pela pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, Gabriela Moriconi, enquanto em outros países a média de professores(as) dos anos finais do Ensino Fundamental trabalhando em mais de uma escola é de 5%, no Brasil o índice amarga a marca de 20%. Se levar em consideração as demais etapas de ensino, o Brasil chega a 61% de professores(as) acumulando trabalho em diversas escolas.
O relatório usou como base o estudo Teaching and learning International survey (TALIS 2018), elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo Moriconi, os dados sobre as condições de trabalho explicitam a necessidade de repensar um ambiente de trabalho mais saudável, a partir do novo PNE.

“A gente tende no Brasil a normalizar que trabalhar em múltiplas escolas é parte da função docente e ser professor é estar sujeito a trabalhar em muitas escolas, mas esse é o nosso contexto. Vemos pelos dados da TALIS que enquanto a maioria dos países que participaram do estudo, onde não temos só países da OCDE, na maioria deles é menos de 5% dos professores que trabalham em múltiplas escolas, são exceções. Se contrata os professores para trabalhar em uma escola só por via de regra, em tempo integral”, completa a pesquisadora.
O relatório reforça a urgência de pautas defendidas pela APP-Sindicato e pela CNTE, de que para avançar na valorização e nas condições de trabalho é preciso garantir a aplicação da hora-atividade, mais contratação de professores(as) a partir do concurso público e pensar formas de reduzir as turmas, de modo a diminuir a exaustão e o adoecimento da categoria.
Representando a CNTE na audiência, Marlei Fernandes reafirmou que, além da sobrecarga de trabalho, a pressão, a falta de condições de trabalho e a baixa valorização são raízes dos problemas de saúde física e mental que assolam os(as) educadores(as) brasileiros.

“Nós hoje nós temos um grande absenteísmo, um grande número de profissionais que sofrem um adoecimento, pois não temos uma política intersetorial com o objetivo de promover a prevenção e atendimento à saúde e integridade física, mental e emocional dos profissionais da educação, que sofrem com um longo processo de adoecimento e doenças mentais”, completa a dirigente.
Marlei enfatizou ainda que a luta por valorização passa pela implementação do piso nacional para funcionários(as) de escola, garantia de condições adequadas de trabalho, realização de concursos públicos e uma política efetiva de saúde laboral.
A audiência pública foi transmitida ao vivo no Youtube e seu conteúdo está disponível abaixo.
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