Adesão não é total na rede estadual

Adesão não é total na rede estadual

Sujeira e falta de equipamentos contribuem para que volta às aulas não tenha adesão total na rede estadual

Escolas com aparência de abandonadas e não recebimento de EPIs em número necessário para atender educadores e alunos são alguns dos motivos para colégios não reabrirem na data prevista

Mateus Bruxel / Agencia RBS

Na Escola Estadual Baltazar de Oliveira Garcia, em Porto Alegre, o tempo parou: no quadro, ainda aparece a data da última aula   Mateus Bruxel / Agencia RBS

Alunos de Ensino Médio e técnico na rede estadual de todo o Rio Grande do Sul poderão voltar às aulas presenciais nesta terça-feira (20), seguindo cronograma determinado pelo governo do Estado. Mas nem todas as escolas vão reabrir para recebê-los: há queixas de falta de equipamentos de proteção individual (EPIs), falta de limpeza nas salas de aula e arredores e de uma sensação de insegurança, mesmo com a definição de protocolos sanitários por parte das autoridades, levando diretores a decidirem manter as portas fechadas.

Uma das escolas que não irá voltar nesta terça-feira é a Baltazar de Oliveira Garcia, no bairro Jardim Leopoldina, zona norte de Porto Alegre. A direção entende que a instituição não oferece condições seguras. Faltam funcionários da limpeza, monitores, recipientes para distribuir álcool, manutenção do pátio e equipamentos de proteção individual.

— Não temos condições de reabertura neste momento. É uma escola muito grande, temos quase 2 mil alunos, aproximadamente 60 salas entre as de aula e as administrativas, e apenas uma funcionária para a limpeza. É uma situação inviável — lamentou a diretora, Marcia Rossetto Nunhofer.

A diretora explica que muitos dos funcionários da limpeza e monitores são do grupo de risco e, por isso, estão afastados. A instituição também só recebeu parte dos equipamentos e produtos prometidos pelo governo do Estado.

Um outro problema que atrapalha os planos da escola é a dificuldade de acesso aos recursos da autonomia financeira. A direção assumiu há dois meses e ainda não pode usar recursos em conta. Com isso, até o pátio está com a grama alta e sujo. Nas salas de aula, os quadros ainda marcam a data de março de 2020. Na prática, a escola está com a estrutura semelhante à da época pré-pandemia – só que ainda mais suja.

Situação semelhante foi encontrada pela reportagem em outras escolas da Capital, como a Escola Estadual de Ensino Médio Mariz e Barros, no bairro Mario Quintana, e no Colégio Estadual Candido José de Godói, no Navegantes. Em todos eles, havia cartazes do CPERS Sindicato: "Escolas fechadas, vidas preservadas".

Mateus Bruxel / Agencia RBS
No Colégio Estadual Cândido José de Godói, na Capital, a frase que tem apoio de muitos pais: "escolas fechadas, vidas preservadas"       Mateus Bruxel / Agencia RBS

Diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Onofre Pires, na Lomba do Pinheiro, Bruna Ruiz dos Santos explica que a instituição não se encontra em condições de receber alunos.

— Nossa escola não tem (Ensino) Médio, mas de qualquer forma não temos funcionários da limpeza para deixar e, depois, manter a escola em condições, portanto não vamos abrir — destaca a diretora.

Quanto aos EPIs, ela detalha que recebeu termômetros apenas nesta segunda-feira (19), um dia antes do retorno previsto para o ensino presencial, mas ainda faltam todos os demais equipamentos de segurança. A situação é a mesma no Colégio Cândido José de Godoi, localizado no bairro Navegantes, também na Capital.

— Não estamos prontos (para o retorno), visto que a escola só recebeu termômetros. Temos falta de pessoas para limpeza, como deve ser para evitar o vírus. Não tem como ensinar ou aprender com medo de pegar o vírus e morrer — diz a vice-diretora, Clarice dal Medico.

O governo garante que realizou a compra de EPIs para todas as escolas da rede estadual, que a entrega está andamento e será finalizada ao longo do mês de outubro. Professores, estudantes e servidores deverão receber todos os equipamentos e produtos de higienização necessários para sua segurança, como máscaras, álcool, tapete sanitizante, termômetros e produtos de limpeza, entre outros.

Conforme a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), escolas que não tenham recebido todos os EPIs ou que não atendam a todos os protocolos de segurança deverão continuar em ensino remoto até estarem totalmente de acordo com as medidas sanitárias. Quanto à falta de funcionários da limpeza, a Seduc informa que a expectativa é de que a situação esteja regularizada nos próximos dias.

Cronograma

O cronograma de retorno das aulas presenciais na Rede Estadual de Ensino segue as seguintes datas:

  • Ensino Médio e Ensino Técnico: a partir de 20 de outubro
  • Ensino Fundamental – Anos Finais: a partir de 28 de outubro
  • Ensino Fundamental – Anos Iniciais: a partir de 12 de novembro

Perguntas e respostas

O retorno é obrigatório para os alunos?

Não. Nenhum aluno será obrigado a retornar à rotina de aulas. A decisão fica por conta dos pais e responsáveis pelos estudantes.

Qual a quantidade máxima de estudantes que as escolas poderão receber por dia?

As escolas poderão receber presencialmente no máximo 50% dos estudantes por dia, respeitando as regras de distanciamento social, uso de EPIs e seguindo orientações de higienização pessoal. Os alunos terão aulas presenciais em revezamento com a divisão da turma, respeitando as bandeiras amarela e laranja do Modelo de Distanciamento Controlado do governo do Estado.

Estudantes em grupo de risco retornarão às atividades presenciais?

Não. Estudantes em grupo de risco permanecerão com atividades nas aulas remotas, conforme manifestação dos pais ou responsáveis por meio do Termo de Responsabilidade enviado às famílias.

O estudante pode optar por retornar a qualquer tempo?

O Estado tem por obrigação garantir o acesso à educação a todos os cidadãos. Caso os pais e responsáveis em um primeiro momento decidirem não permitir a presença dos alunos nas aulas presenciais, podem, posteriormente, autorizar a participação dos estudantes nas atividades.

Fonte: Governo do Estado 

https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao-e-emprego/noticia/2020/10/sujeira-e-falta-de-equipamentos-contribuem-para-que-volta-as-aulas-nao-tenha-adesao-total-na-rede-estadual-ckgh2dbps007z015xjkwxaslc.html?fbclid=IwAR0H--5CPfvQ9wAIvBuMbs7TmsWZUjkkfkqE6c-ZvXynTlDKuv4e5PJ0nuU 

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Retorno às aulas na rede estadual tem baixa adesão e escolas fechadas

Calendário do governo prevê retomada a partir desta terça-feira

TIAGO BOFF          IAREMA SOARES
Lauro Alves / Agencia RBS

Yan chegou 10 minutos antes do horário regular de aulas, no Instituto Rio Branco    Lauro Alves / Agencia RBS

volta às aulas, autorizada para os ensinos Médio e Técnico de escolas da rede estadual a partir desta terça-feira (20), foi marcada por instituições de ensino fechadas em Porto Alegre e alunos tendo de retornar para suas casas. Às 7h20min, 10 minutos antes do horário regular de início das atividades, Yan Ramos Viana, de 18 anos, chegou ao Instituto Rio Branco, no bairro Santa Cecília. Encontrou portões com cadeados e janelas cerradas. Aluno do último ano do Ensino Médio, ele vê com preocupação um possível retorno.

— A estrutura é precária, é perigoso. Por mim, não voltaria — avalia.

Ao lado da instituição, o contraste: privado, o Colégio Israelita recebia professores e alunos, em um esquema de drive-in, sem acesso dos familiares ao prédio. As aulas no Israelita retornaram nesta segunda.

Lauro Alves / Agencia RBS

Colégio Dom João Becker foi um dos únicos da Capital a ministrar aulas na manhã desta segundaLauro Alves / Agencia RBS

Até as 9h50min, a única escola aberta para a retomada de atividades presenciais encontrada em ronda da reportagem era o Colégio Dom João Becker, no bairro Passo D'Areia, na Zona Norte. De Ensino Médio e Ensino Técnico, a instituição tinha 12 alunos em sala de aula nesta manhã, dos 150 permitidos a retornar. São 300 matriculados para o turno – a direção dividiu o retorno em 150 nesta terça a outra metade na quarta.

Segundo o governo do Estado, a previsão era de que 30% das 1.108 instituições teriam atividades já nesta terça. No entanto, na manhã desta segunda-feira, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) ressaltou, por meio de nota, que o dia 20 "significa um ponto de partida": "A partir do dia 20, as escolas estão autorizadas a abrir, mas só se estiverem absolutamente adaptadas com as regras definidas pelas Secretarias da Educação e da Saúde".

Na Escola Estadual de Ensino Médio Infante Dom Henrique, que fica no bairro Menino Deus, não havia qualquer tipo de movimentação de professores, alunos ou demais funcionários para a retomada dos trabalhos presenciais.

Em frente aos colégios Protásio Alves, no bairro Azenha, e Inácio Montanha, no Santana, o cenário foi o mesmo, sem qualquer  movimentação que indique atividades. 

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

Colégio Júlio de Castilhos também amanheceu fechado      Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

Próximo dali, um dos maiores colégios de Ensino Médio da rede estadual também não estava aberto: o portão do Colégio Júlio de Castilhos estava trancado com uma grossa corrente de ferro. Na porta de entrada da instituição, havia uma faixa com os dizeres "escolas fechadas, vidas preservadas".

No bairro Auxilidora, de portas fechadas, o Colégio Estadual Piratini não recebia alunos nesta manhã. O Colégio Estadual Florinda Tubino Sampaio, no bairro Petrópolis, estava aberta, mas não para o retorno das aulas presenciais. Segundo a vice-direção, o plantão é para para a chegada de EPI, e a previsão de retorno é para novembro, pois também faltam sinalizações e faxina geral, instalação de pias, entre outras reformas. 

Cronograma

O cronograma de retorno das aulas presenciais na Rede Estadual de Ensino segue as seguintes datas:

  • Ensino Médio e Ensino Técnico: a partir de 20 de outubro
  • Ensino Fundamental – Anos Finais: a partir de 28 de outubro
  • Ensino Fundamental – Anos Iniciais: a partir de 12 de novembro

Perguntas e respostas

O retorno é obrigatório para os alunos?

Não. Nenhum aluno será obrigado a retornar à rotina de aulas. A decisão fica por conta dos pais e responsáveis pelos estudantes.

Qual a quantidade máxima de estudantes que as escolas poderão receber por dia?

As escolas poderão receber presencialmente no máximo 50% dos estudantes por dia, respeitando as regras de distanciamento social, uso de EPIs e seguindo orientações de higienização pessoal. Os alunos terão aulas presenciais em revezamento com a divisão da turma, respeitando as bandeiras amarela e laranja do Modelo de Distanciamento Controlado do governo do Estado.

Estudantes em grupo de risco retornarão às atividades presenciais?

Não. Estudantes em grupo de risco permanecerão com atividades nas aulas remotas, conforme manifestação dos pais ou responsáveis por meio do Termo de Responsabilidade enviado às famílias.

O estudante pode optar por retornar a qualquer tempo?

O Estado tem por obrigação garantir o acesso à educação a todos os cidadãos. Caso os pais e responsáveis em um primeiro momento decidirem não permitir a presença dos alunos nas aulas presenciais, podem, posteriormente, autorizar a participação dos estudantes nas atividades.

Fonte: Governo do Estado

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