Alunos pobres com diploma

Alunos pobres com diploma

Habilidades socioemocionais levam alunos pobres até o diploma

Ethan Bronner

 

 Mesmo nos EUA, educadores têm dificuldade para ajudar alunos como Tiaja Harley a tirar um diploma universitário, que é conhecidamente o caminho mais curto até a classe média. Criada por uma mãe solteira que recebia salário mínimo, Harley adorava ler e era boa em matemática e ciências na primeira parte do ensino fundamental. Alunos como ela entram na faculdade, mas a grande maioria desiste.

Diversas pesquisas e novos dados mostram que são as lacunas sociais e emocionais — e não as acadêmicas — que impedem o avanço de muitos alunos promissores, especialmente dos que não são brancos.

Quando esses alunos recebem algumas das ferramentas dos privilegiados — sobretudo o envolvimento desde cedo com profissões e profissionais —, muitos conseguem terminar a faculdade.

A filantropia está dando impulso a esta abordagem. Executivos de Wall Street, como Rick Rieder, diretor de investimentos da BlackRock, aderiram. Já a Fundação Bill e Melinda Gates investiu US$ 120 milhões em programas que aproximam as escolas das carreiras para estudantes de baixa renda.

As pesquisas de Anthony Jack, sociólogo da Universidade Harvard que acompanhou alunos que são a primeira geração de suas famílias a frequentar faculdades de elite, corroboram o valor dessas iniciativas.

“Estudantes de baixa renda vêm para a faculdade sem prática em relacionamentos próximos com adultos que são profissionais”, disse Jack, que é negro e cresceu em uma família pobre antes de chegar à Faculdade Amherst. “O trabalho dos pais deles depende de não chamar atenção para si. É assim que se mantém um emprego de faxineiro, por exemplo. Mas esses jovens são jogados em um ambiente onde a expectativa é que eles mostrem sua voz e criem conexões.”

Os primeiros resultados observados em sistemas escolares diversos (público, particular e religioso) impressionam. Nos EUA, a parcela de pessoas formadas no ensino médio que completam a graduação em seis anos varia de um terço a metade. O percentual é similar ao de estudantes oriundos de famílias que representam 25% dos lares em melhor condição socioeconômica. O percentual também é duas a quatro vezes melhor do que para os alunos mais pobres. Harley está entre a parcela que chegou lá.

“Não fui criada para ter uma profissão”, disse a jovem, hoje com 24 anos. Após diversos estágios e programa de mentoria, ela atua como engenheira civil.

A rede Cristo Rey, que reúne 37 colégios católicos dos EUA, se deparou com essa solução na década de 1990. A rede, com sede em Chicago, ajudava alunos latinos de baixa renda a encontrar trabalho de meio período para bancar parte da mensalidade escolar. E descobriu que a experiência e a mentoria eram tão importantes quanto o contracheque.

“Não tínhamos ideia de que havíamos topado com um movimento educacional brilhante”, disse o padre John Foley, fundador da rede. “Ao passar um dia por semana trabalhando em um escritório no centro da cidade, a autoestima deles disparou.”

A rede nacional KIPP, apoiada pela família Walton (da Walmart) e por Doris e Donald Fisher (fundadores da varejista de roupas Gap), teve um resultado semelhante com estágios e mentoria. O mesmo acontece com a Uncommon Schools, fundada por Norman Atkins, que foi executivo da Fundação Robin Hood, instituição de caridade que é uma das favoritas de Wall Street.

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Tiaja Harley

Fotógrafo: Adria Malcolm / Bloomberg

 

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