Analfabetismo recua, mas
Analfabetismo recua, mas Brasil ainda tem 9,6 milhões de adultos que não sabem ler nem escrever
Pesquisa sobre educação do IBGE mostra que a maior parte tem mais de 60 anos e está concentrada na região Nordeste
Vivian Masutti, do R7 - 07/06/2023 - FOLHA DE PERNAMBUCO
Brasil ainda possui 9,6 milhões de pessoas de 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a taxa de analfabetismo de quem tem 15 anos ou mais caiu de 6,7%, em 2016, para 5,6%, em 2022 — o equivalente a 9,6 milhões de pessoas. O índice de quem tem 60 anos ou mais também caiu entre esses anos, de 20,5% para 16%.
Em paralelo, a quantidade de brasileiros com 25 anos ou mais sem instrução diminuiu de 7,3%, em 2016, para 6%, em 2022, enquanto o número daqueles que concluíram ao menos o ensino básico obrigatório subiu de 46,2% para 53,2%, entre esses anos, na mesma tendência de 2019, quando a marca foi de 50%.
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O Pnad Educação de 2023 é particularmente importante, pois o estudo foi suspenso entre 2020 e 2021 devido à Covid-19, que manteve os alunos em casa. Esta é a primeira edição após a pandemia e apresenta os resultados referentes ao segundo trimestre de 2022.
E 2022, havia no Brasil 49 milhões de pessoas de 15 a 29 anos. Entre essas pessoas, 15,7% estavam ocupadas e estudando; 20% não estavam ocupadas nem estudando; 25,2% não estavam ocupadas, porém estudavam; e 39,1% estavam ocupadas e não estudavam.
Em 2022, pela primeira vez, mais da metade (53,1%) da população de 25 anos ou mais tinha pelo menos o ensino básico obrigatório.
De 2019 para 2022, observou-se redução do motivo "não tinha interesse em estudar", que passou de 28,6% para 24,7%; a questão "precisava trabalhar" ficou praticamente estável entre esses dois anos (de 40,1% para 40,2%); já "outros motivos" passaram de 9,4% para 14,5%.
A pesquisa sobre educação existe desde 2016 e possui, entre outros, indicadores sobre:
• analfabetismo;
• nível de instrução e número médio de anos de estudo;
• taxa de escolarização;
• taxa ajustada de frequência escolar líquida;
• motivo da não frequência à escola ou creche das crianças de até 3 anos;
• abandono escolar de pessoas de 14 a 29 anos;
• condição de estudo e situação na ocupação de pessoas de 15 a 29 anos.
Entre diversos aspectos, o impacto da pandemia nas atividades escolares, sobretudo dos alunos do ensino básico, é apontado como o grande desafio para as políticas educacionais no Brasil nos próximos anos.
De 9,6 milhões de pessoas de 15 anos ou mais analfabetas existentes no país, em 2022, segundo o Pnad, 55,3% (5,3 milhões de pessoas) viviam na região Nordeste, e 22,2% (2,1 milhões de pessoas), na região Sudeste.
Em relação a 2019, houve uma redução de 0,5% dessa taxa no país, o que corresponde a uma queda de pouco mais de 490 mil analfabetos em 2022.
Nota-se que, no Brasil, o analfabetismo está diretamente associado à idade. Quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de analfabetos.
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Em 2022, eram 5,2 milhões de analfabetos com 60 anos ou mais, o que equivale a uma taxa de analfabetismo de 16% para esse grupo. Ao incluir, gradualmente, os grupos mais novos, observa-se queda no analfabetismo: para 9,8% entre as pessoas com 40 anos ou mais, 6,8% entre aquelas com 25 anos ou mais e 5,6% na população de 15 anos ou mais.
Esses resultados mostram que as gerações mais novas estão tendo um maior acesso à educação e sendo alfabetizadas ainda quando crianças.
Por outro lado, o número de analfabetos continua concentrado entre os mais velhos. Em 2022, a taxa de analfabetismo das mulheres de 15 anos ou mais foi de 5,4%, enquanto a dos homens foi de 5,9%.
Em relação a 2019, a variação dessa taxa foi de 0,4% para as mulheres e de 0,5% para os homens. Para a faixa etária mais alta, nota-se que a taxa das mulheres foi superior à dos homens e alcançou 16,3% em 2022. Esse valor, no entanto, foi três vezes maior que o observado no grupo de mulheres de 15 anos ou mais.
Na análise por cor ou raça, chama atenção a diferença entre pessoas brancas e pretas ou pardas. Em 2022, 3,4% das pessoas de 15 anos ou mais de cor branca eram analfabetas, percentual que se eleva para 7,4% entre pessoas de cor preta ou parda.
No grupo de 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo das pessoas de cor branca alcançou 9,3% e, entre as pessoas pretas ou pardas, chegou a 23,3%. Nesse último grupo, comparando-se os dados de 2022 com os de 2019, nota-se uma queda de 3,9%.
Entre as regiões brasileiras, verifica-se que a taxa de analfabetismo reflete as desigualdades regionais.
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As regiões Nordeste e Norte apresentaram as taxas de analfabetismo mais elevadas — 11,7% e 6,4%, respectivamente, em 2022, entre as pessoas com 15 anos ou mais —, enquanto no centro-sul do país as taxas são bem mais baixas.
Em relação a 2019, a proporção de analfabetos nesse grupo teve queda nas regiões Norte e Nordeste. Nas demais, a taxa ficou estatisticamente estável.
Para a erradicação do analfabetismo até 2024, os desafios são diversos entre as regiões, seja devido à tendência de estabilização das taxas no centro-sul do país ou pelo nível mais elevado da taxa no Nordeste.
No Brasil, a proporção de pessoas de 25 anos ou mais que terminaram a educação básica obrigatória — ou seja, concluíram, no mínimo, o ensino médio — manteve uma trajetória de crescimento e alcançou 53,2% em 2022.
Destaca-se o percentual de pessoas com o ensino superior completo, que subiu de 17,5%, em 2019, para 19,2%, em 2022.
Em 2022, mais da metade das mulheres (55,2%) continua a ter, ao menos, o ensino médio completo; entre os homens, esse percentual passou a ser também de mais da metade (51%). Ambas as proporções vêm aumentando desde 2016.
Com relação a cor ou raça, 60,7% das pessoas de cor branca tinham completado, no mínimo, o ciclo básico educacional. Entre as pessoas de cor preta ou parda, esse percentual foi de 47%.
Em 2022, a média de anos de estudo das pessoas de 25 anos ou mais foi de 9,9 anos. De 2019 a 2022, ela teve crescimento de 0,3 ao ano. Entre as mulheres, o número médio de anos de estudo foi de 10,1 anos, enquanto para os homens, de 9,6 anos.
Com relação a cor ou raça, mais uma vez a diferença foi grande: 10,8 anos de estudo para as pessoas de cor branca e 9,1 anos para as de cor preta ou parda.
Além disso, todas as regiões tiveram um aumento entre 2019 e 2022, que variou entre 0,2% e 0,4% por ano de estudo.
No Brasil, em 2022, 9,6 milhões de crianças de até 5 anos frequentavam escola ou creche. Entre as crianças de até 3 anos, a taxa de escolarização foi de 36%, o equivalente a 4,1 milhões de estudantes.
Comparada à do ano de 2019, a taxa de escolarização das crianças de até 3 anos ficou estável.
No Brasil, a educação básica aos 4 anos se tornou obrigatória em 2013. A maior faixa etária da educação infantil, de 4 a 5 anos, registrou um percentual elevado de escolarização: 91,5%.
Já a taxa de escolarização para as pessoas de 6 a 14 anos foi, em 2022, de 99,4%, o equivalente a 26,2 milhões de estudantes.
Em 2022, a taxa de escolarização das pessoas de 18 a 24 anos, independentemente do curso frequentado, foi de 30,4%, percentual próximo ao registrado em 2019.
Por sua vez, 20,8% desses jovens frequentavam cursos da educação superior e 10,3% estavam atrasados, em algum dos cursos da educação básica. Já 4,1% tinham completado o ensino superior e 65,5% não frequentavam a escola.
Dos jovens de 14 a 29 anos do país — o equivalente a quase 52 milhões de pessoas —, aproximadamente 18% não completaram o ensino médio, seja por terem abandonado a escola antes do término desta etapa, seja por nunca a terem frequentado.
Nessa situação, portanto, havia 9,5 milhões de jovens, entre os quais 58,8% de homens e 41,2% de mulheres. Considerando-se cor ou raça, 27,9% eram brancos, e 70,9%, pretos ou pardos.
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Como desenvolver um projeto de vida? As respostas para essas perguntas estão nas mudanças trazidas pelo novo ensino médio, que deve ser implantado nas escolas a partir de 2022. O novo currículo e o novo formato têm como objetivo aproximar os estudantes da realidade do mercado de trabalho e da tecnologia. Daniel Guimarães/EducaçãoSP/Divulgação