A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aprovou, nesta segunda-feira (27), um novo calendário de atividades acadêmicas, em documento que também traz as diretrizes do Ensino Remoto Emergencial (ERE). Aulas remotas começam em 19 de agosto na instituição, que tem as atividades presenciais do primeiro semestre suspensas desde março em razão da pandemia de coronavírus. Em reposta ao que para muitos significou um atraso – o tempo de análise do projeto –, o reitor da instituição, Rui Vicente Oppermann garantiu que o prejuízo será compensado.

— Todas as universidades federais estão nesse momento de discussão, sobre como incluir toda a nossa comunidade no ensino remoto. Sim, existe um prejuízo decorrente no calendário da pandemia, isso é incontrolável da nossa parte. Mas o fato é que não houve o que algumas instâncias propuseram em um certo momento, que seria o cancelamento do semestre, aí, sim, o prejuízo seria definitivo.  O prejuízo do atraso vai ser compensado de tal maneira que o estudante tenha garantido seu direito ao estudo e a uma formação qualificada dentro do espaço de tempo necessário  — disse Oppermann nesta terça-feira (28), em entrevista ao Gaúcha Atualidade.O reitor ainda frisou que o fato de não estarem ocorrendo aulas presenciais não significou paralisação de atividades da universidade:

— No momento em que suspendemos as atividades presenciais em março não significou que ficamos parados. Ficamos à frente de planejamento da pandemia em várias instâncias. E desde aquele momento nós começamos a trabalhar em três frentes, visando a exatamente essa questão que agora está aí consumada com a decisão do Cepe (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão) ontem (segunda-feira). A primeira frente foi justamente a construção do conceito de Ensino Remoto Emergencial, que é um conceito complexo, importante, um conceito construído da base, isto é, todos, não apenas professores, mas estudantes e técnicos participaram dessa construção.

Validado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da instituição, o documento com as diretrizes do Ensino Remoto Emergencial (ERE) nos cursos de graduação definiu que as aulas do primeiro semestre deste ano se encerrarão em 2 de dezembro.

É também injusto, para Oppermann, comparar a retomada do calendário de forma remota em universidades federais com o ocorrido em instituições particulares de ensino básico. Para ele, as complexidades são maiores e diferentes.

— Temos desde o ensino de Medicina Veterinária a Filosofia. De Zootecnia a Química. E todos esses aspectos precisam ser considerados para que a gente possa ter um começo, um meio e um fim para aquilo que a gente vai fazer. 

Uma possível oposição dentro da instituição no que tange a ter ou não ensino remoto é refutada por Oppermann: 

— Desde março, estamos trabalhando com esse projeto. Foi construído pela base, não houve oposição no sentido de ser contra o ensino remoto emergencial, tanto que, no próprio Cepe, a discussão foi sempre na visão de aprimoramento do projeto e não de alguém se manifestar contrário, nem professores, nem técnicos, nem estudantes. Todos muito preocupados, sim, com a inclusão, porque isso também é um aspecto importante em uma universidade pública.

Ainda sobre a questão da demora em aprovar um projeto de ensino remoto, Oppermann ressaltou a importância de planejar como seriam auxiliados os estudantes de baixa renda.

— Nós também temos que pensar, e pensamos e propusemos assistência estudantil emergencial para que todos nossos alunos beneficiários tivessem oportunidade de acompanhar essa questão (as aulas remotas). E para isso nós precisávamos obter os financiamentos que estamos obtendo agora junto ao MEC.

A maior dificuldade de acesso a internet e equipamentos para acompanhar as aulas remotas é uma questão que se impõe sobre os alunos de baixa renda. Segundo o reitor, isso preocupou a universidade desde o princípio da discussão e pautou algumas ações para mitigar o problema, uma vez que a instituição tem cerca de 5 mil estudantes beneficiários de algum tipo de assistência estudantil.

— Buscamos, a partir de recursos próprios, no sentido de dar oportunidade aos alunos beneficiários de assistência estudantil, para que eles pudessem adquirir um tablet, ou com esse mesmo recurso, melhorar aquilo que eles já dispõe. A questão da conexão com a internet também está disponibilizada no auxílio emergencial. E há uma boa notícia vinda do MEC, que está entrando em acordo com a Rede Nacional de Pesquisa para que se dê acesso a internet para todos os estudantes das universidades federais, o que vai permitir uma qualificação ainda maior dessa conexão.

Retorno presencial e vestibular

O retorno a aulas presenciais ainda não é projetado por Oppermann, que acredita que esta é uma decisão que depende do andamento da pandemia para toda a comunidade do Estado. Já sobre o vestibular da UFRGS, apenas ressalta que não ocorre em novembro, como no último ano, e que depois de definido o calendário do ensino remoto, é a próxima questão a ser analisada.

Ouça a entrevista completa aqui

Como deve ser a assistência oferecida a alunos beneficiários em razão da pandemia, a partir de 5 de agosto:
  • Auxílio Alimentação Emergencial covid-19: R$ 300 para cerca de 3,5 mil alunos beneficiários dos restaurantes universitários (automaticamente para todos os beneficiários  – concedido por portaria e não por edital)

  • Auxilio Emergencial Inclusão Digital acesso à Internet: R$ 70 para cerca de 4 mil alunos beneficiários da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae)

  • Inclusão digital tablet: R$ 360 para compra de tablet ou assemelhados – o valor pode ser usado para complementação de equipamento de maior valor, caso o aluno tenha condições ou para consertar ou melhorar a capacidade de equipamento já existente. Solicitaram esse auxílio 1.065 alunos.

  • Auxílio Emergencial covid-19: R$ 200 mensais para mil estudantes que não são do programa Prae , mas ingressaram pela modalidade de renda inferior de  1 salário mínimo e meio per capita.

*Colaborou Bibiana Dihl

 https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao-e-emprego/noticia/2020/07/o-prejuizo-do-atraso-sera-compensado-diz-reitor-da-ufrgs-sobre-instituicao-de-aulas-remotas-em-agosto-ckd5xaizn001n0147802mmp0s.html?fbclid=IwAR2ys_1E7sXtMEp-_Y4B60UvzWIy5rtKg4j0e5fSg9MnFo1v4xItyKXiFrw