Burnout e os Professores

Burnout e os Professores

Burnout e os Professores: Quando Ensinar se Torna Sobrevivência

 

“Os professores são a base da sociedade.” Um elogio justo, mas vazio quando não se traduz em suporte real. No Brasil e no mundo, a categoria que deveria ser respeitada como pilar da educação encontra-se exausta, adoecida e, muitas vezes, “invisibilizada.” E o que acontece quando aqueles que ensinam perdem a capacidade de acreditar no próprio discurso?

Herbert Freudenberger identificou o Burnout como um esgotamento progressivo que mina não só o corpo, mas a identidade do sujeito. E, para os professores, esse esgotamento vem acompanhado de um paradoxo cruel: são cobrados como se fossem heróis, mas tratados como peças descartáveis.

A sala de aula se tornou um campo de batalha. Salários baixos, turmas superlotadas, violência escolar, falta de infraestrutura, demandas burocráticas exaustivas. Como Vygotsky nos ensinou, o desenvolvimento do sujeito acontece na interação com o outro mas, o que se espera de um professor que, ao invés de ensinar, precisa “sobreviver” a sua maneira em seu próprio ambiente de trabalho?

Bem, Freud nos falaria sobre o peso do ideal do eu — essa expectativa inalcançável que massacra os docentes, fazendo-os crer que seu sofrimento é uma falha pessoal, e não um sintoma de um sistema adoecido. Já Lacan, por sua vez, apontaria que o mestre, aquele que deveria conduzir ao saber, hoje se vê desautorizado, desamparado e sem um “Outro” que o escute.

E aqui chegamos ao ponto essencial: a falta de escuta!

O Estado não os escuta. As escolas não os escutam. E quando não há mais espaço para a fala, o corpo fala por eles — em forma de ansiedade, depressão, insônia, hipertensão, dores crônicas, etc.

Mas hoje, aqui, há escuta!

Mestres, vocês não estão sozinhos!!!

O Burnout docente não é sobre “fraqueza.” Não é falta de vocação. É um sintoma social. E todo sintoma precisa ser nomeado antes de ser tratado.

Ainda vamos falar mais sobre isso, mas hoje é definitivamente um dia para “fazer a diferença!” Você, professor, já sentiu que seu trabalho consome mais do que deveria?

eduardodesouzamori 

 

FONTE:

https://www.instagram.com/p/DGP_-liuHx9/?fbclid=IwY2xjawIjOmZleHRuA2FlbQIxMAABHSKuhbD5cURsHfl
YRjtP9tjvtyHXidxeRn8ZM2XcIrnLOvVzFCeMkpU5NA_aem_8-TBeJjoV8LQ-GhW7wL7bg
 

 

 

 

Burnout e o Capitalismo: O Corpo Como Moeda de Troca

 



Vivemos em um sistema que não apenas nos exige trabalho, mas nos convence de que somos nosso próprio trabalho. No capitalismo contemporâneo, a identidade do sujeito é dissolvida na lógica da produtividade. Trabalhamos para consumir e consumimos para justificar o trabalho. Mas a que custo?

Herbert Freudenberger, ao descrever a Síndrome de Burnout, identificou um esgotamento que não se restringe ao corpo, mas compromete a subjetividade. Freud já havia nos alertado sobre o mal-estar na civilização—essa tensão insolúvel entre o desejo individual e as exigências sociais. Para Lacan, vivemos sob o domínio de um supereu feroz, que não apenas ordena que trabalhemos, mas nos culpa por qualquer pausa, qualquer momento de descanso.

O que acontece quando a lógica do mercado coloniza até nossos afetos? Marx, ao analisar o capitalismo, apontou como o trabalho alienado transforma o sujeito em um mero instrumento da produção. Hoje, essa alienação atinge níveis psíquicos alarmantes: a exaustão se confunde com identidade, o ócio se torna um tabu e o sucesso é medido pela capacidade de suportar o insuportável.

Burnout não é fraqueza. Não é falta de resiliência. É um sintoma. E como todo sintoma, ele fala. Ele denuncia. Ele questiona.

Mas será que estamos dispostos a escutar?

Piaget e Vygotsky nos lembram que o ambiente molda a mente. Wallon nos ensina que a emoção é indissociável da cognição. Carl Rogers reforça que o sujeito precisa ser acolhido, reconhecido em sua experiência. Mas como cultivar essa escuta em um mundo onde descansar virou privilégio e adoecer é tratado como falha pessoal?

O capitalismo não irá desacelerar por nós. Mas talvez possamos aprender a criar freios subjetivos, a resgatar espaços de existência que não sejam medidos pelo relógio produtivo. Talvez a verdadeira subversão contemporânea seja reaprender a dizer não.

E você? Já sentiu que o “sucesso” custa mais do que deveria?

Nos próximos dias, continuaremos essa conversa. Porque se há algo mais valioso do que o tempo de trabalho, é o tempo de existência.


FONTE:

https://www.instagram.com/eduardodesouzamoritz/p/DGN7JkfuAWD/ 




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