Casos de burnout no Brasil
Demanda alta e conflitos com chefia lideram casos de burnout no Brasil
Segundo pesquisa realizada com 208 empresas, falta de autonomia para concluir tarefas completa o trio de causas do problema no país
Da Redação 11 de abril, 2025
Duas pesquisas realizadas pela consultoria Mercer Marsh Benefícios traçam um quadro importante para entender a saúde física e mental dos profissionais brasileiros. A primeira delas mapeou as raízes do burnout entre os trabalhadores no Brasil, reforçando o papel do excesso de trabalho como principal causa de problema.
Além dele – geralmente apontado como fonte recorrente do esgotamento mental – o levantamento destaca o conflito com os chefes como segunda causa do burnout. Detalhe: dos entrevistados para a pesquisa, realizada junto a 208 empresas, 42% estão em cargos de gerência ou acima.
O segundo levantamento da consultoria foi feito com base em afastamentos do trabalho e envolveu a análise de 185 mil atestados médicos, emitidos entre 2022 e 2024. As questões relacionadas às doenças mentais ocuparam o segundo lugar entre os afastamentos, respondendo por um total médio de 8,1 dias.
Esse tipo de recesso de trabalho só é superado pelos afastamentos ocasionados por doenças oncológicas, cuja média é de 37,4 dias.
Ouvidos pelo jornal Valor Econômico, especialistas argumentaram que os dois estudos indicam a necessidade de integração entre as áreas de recursos humanos e de saúde e segurança do trabalho nas corporações. A iniciativa seria fundamental para reforçar as políticas de cuidado nas empresas.
Com a maior integração, as empresas também poderão estar melhor preparadas para a mudança da NR-01, norma regulamentadora que trata de gerenciamento de riscos ocupacionais e que deve passar por mudanças de conduta a partir de maio de 2025.
A NR-01 inclui a gestão de riscos psicossociais, como assédio moral e sexual e deve refletir, de forma mais acentuada, a preocupação com as questões de saúde mental no ambiente de trabalho.
Medidas adotadas pelas empresas para combater o burnout
Sobre o burnout, a pesquisa da Mercer mostra, ainda, que 37% das empresas avaliadas realizam algum tipo de acompanhamento do problema. Já o número de empregados que passa por algum tipo de ação de prevenção é de 70% nas empresas que estão monitorando a doença, como ela é classificada desde 2022, pela OMS.
No caso das empresas com perfil mais ativo no encaminhamento do burnout, duas ações são relevantes, empatando em termos de adoção: primeiro o incentivo à prática de exercícios físicos e à alimentação saudável, citado por 71% das companhias.
A cultura organizacional voltada para empatia, escuta ativa e comunicação não-violenta é a segunda medida mais adotada, sendo considerada por 70% das empresas como ações efetivas no combate ao burnout.
O treinamento e a capacitação da liderança e o estabelecimento de canais de atendimento psicológico empatam com 66% de adoção nas empresas analisadas pelas pesquisas da Mercer.
Em tempo: o Brasil seria o segundo país no mundo com mais casos de burnout, com 3 em cada dez profissionais passando pelos sintomas.
Os dados são da International Stress Management Association (Isma) e da Associação Nacional da Medicina do Trabalho (Anamt). Com isso, só perdemos para o Japão, onde 70% dos profissionais seriam afetados pela doença.
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