Cassação concessões da Jovem Pan

Cassação concessões da Jovem Pan

MPF pede cassação das concessões da Jovem Pan por difusão de discurso golpista

Procuradoria destacou papel da emissora na tentativa de golpe de Bolsonaro e pediu ainda multa de R$ 13,4 milhões

 

Por Igor Mello e Juliana Dal Piva 


MPF (Ministério Público Federal) em São Paulo pediu à Justiça Federal a cessação das concessões de radiodifusão da Jovem Pan pela veiculação sistemática de desinformação e conteúdo golpista em 2022, em apoio à tentativa de golpe de Estado de Jair Bolsonaro (PL) para permanecer no poder.

O pedido consta nas alegações finais do MPF na ação civil pública que o órgão move contra o grupo de mídia. De acordo com a procuradoria, a emissora estimulou ataques a autoridades, difundiu fake news sobre o sistema eleitoral e fez uma pregação antidemocrática que ajudou a deflagrar o movimento que redundou nos ataques de 8 de janeiro.

“Ao cabo da instrução da presente Ação Civil Pública, ficou provado que a JOVEM PAN abusou gravemente de sua liberdade de radiodifusão. Como se viu, ao longo de ao menos um ano, a emissora sistematicamente veiculou, perante dezenas de milhões de ouvintes, conteúdos que sem quaisquer provas desacreditaram o processo eleitoral de 2022, que atacaram autoridades e instituições da República, que incitaram a desobediência às leis e as decisões judiciais brasileiras, que defenderam a intervenção das Forças Armadas sobre os Poderes civis constituídos, e até mesmo que incitaram a população a subverter a ordem política e social vigente”, afirma o MPF

O órgão ainda destaca a “chamativa sincronia com eventos críticos vividos naquele período, como uma tentativa de atentado a bomba ocorrida na capital federal em dezembro de 2022 e uma dramática intentona a que o país todo assistiu, atônito, em 08 de janeiro de 2023, na Praça dos Três Poderes”, completa.

A coluna tenta contato com a Jovem Pan.

Multa milionária para a Jovem Pan

Além da cessação das três concessões que a Jovem Pan possui, o MPF também pede que o grupo seja condenado ao pagamento de uma multa de mais de R$ 13,4 milhões a título de danos morais coletivos.

O procurador da República sustenta que documento oficiais mostram um acréscimo relevante de recursos no caixa da Jovem Pan justamente em 2022, quando a emissora abraçou a campanha de Bolsonaro contra as instituições democráticas.

“O que se revela, portanto, é que houve um acréscimo de quase 10 milhões de reais no orçamento da demandada no exato ano em que praticadas as ilegalidades problematizadas na petição inicial. A emissora, em outras palavras, lucrou milhões de reais enquanto abusava de modo sistemático de sua liberdade de radiodifusão”, avalia.

O MPF ainda pede um direito de resposta coletivo, com a divulgação diária de ao menos 15 spots de 2 a 3 minutos com informações sobre o sistema eleitoral chanceladas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A veiculação deve durar 4 meses, de acordo com o pedido feito pelo procurador da República responsável pela ação.

Papel no golpe

Logo no início das alegações finais, o MPF cita a condenado do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras sete pessoas pela tentativa de golpe de Estado em 2022. E afirma que a emissora teve papel decisivo no crime:

“A JOVEM PAN assumiu o reprovável papel de principal caixa de ressonância, na esfera pública brasileira, de discursos que pavimentavam as ações golpistas que vieram a ser desveladas, dando-lhes uma aparência indevida de suposta legitimidade”, diz a petição.

Nas 348 páginas de alegações finais, o MPF cita diversas falas abertamente golpistas da equipe de comentaristas da emissora, formada à época principalmente por influenciadores bolsonaristas.

Ganham destaque nesse sentido as ações de Paulo Figueiredo, que hoje articula nos Estados Unidos medidas contra o Brasil ao lado de Eduardo Bolsonaro.

Figueiredo chegou a ler um manifesto golpista elaborado por oficiais do Exército com ataques aos membros do Alto Comando que não tinham aderido ao golpe de Bolsonaro. O episódio foi citado pela PGR (Procuradoria Geral da República) na denúncia contra os envolvidos no golpe.

 

Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

FONTE:

https://iclnoticias.com.br/jovem-pan-mpf-cassacao-concessoes-golpe-2022/?utm_source=WhatsApp&utm_
medium=Grupos&utm_campaign=jovempan&fbclid=IwY2xjawM4HS1leHRuA2
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