CNE altera Parecer

CNE altera Parecer

Conselho Nacional de Educação altera parecer sobre volta às aulas de estudantes com deficiência

Diante de pressão do Ministério Público Federal (MPF), entidade retira equiparação de deficiência a comorbidade

Em meio à pandemia, escola é organizada respeitando a distância de 2m Foto: Tobias Schwarz / AFP
Em meio à pandemia, escola é organizada respeitando a distância de 2m
Foto: Tobias Schwarz / AFP

 

 O Conselho Nacional de Educação (CNE) ajustou nesta segunda-feira (27), a pedido do Ministério Público Federal (MPF), um parecer com orientações para o retorno às aulas presenciais para os estudantes com deficiência. Uma das sugestões apresentada pelo Ministério era a retificação do texto-base. No projeto inicial, a recomendação era que os estudantes com deficiência ficassem no estudo remoto, enquanto os demais voltassem às aulas presencias. No entanto, o MPF apontou uma postura discriminatória no texto a partir da equiparação de deficiência a comorbidade.

O MPF enviou no último dia 17, ao CNE, o pedido a reformulação das orientações para os estudantes com deficiência. O órgão declarou irregularidades na formulação do documento de orientação, pois excluiu as entidades representantes das pessoas com deficiência. A entidade apontou também que a orientação unilateral para que os estudantes com deficiência permaneçam em casa em um contexto de retorno dos demais alunos às aulas presenciais ofende a Lei Brasileira de Inclusão.

Após a recomendação do MPF, o Conselho anunciou a supressão do parecer e da elaboração de orientações específicas para os estudantes com deficiência. Com a alteração, a volta às aulas presenciais englobará todos os alunos, já que foi solicitada a reformulação com o objetivo de orientação - não de proibição - e que ela seja direcionada a todos os alunos.

A fundadora do projeto inclusivo Escola de Gente, Claudia Werneck, explica a importância na alteração do parecer:

— A decisão do CNE é importante. Significa que o Conselho está aberto ao diálogo e alinhado à Lei Brasileira de Inclusão. Ao alterar o parecer inicial, o CNE ratifica não ser admissível a discriminação por deficiência no acesso a qualquer direito, sobretudo no acesso à educação. Alunos com deficiência têm o direito de participar do processo de retorno às aulas, desde que na hora certa, sendo a melhor opção para qualquer estudante, e com todos os recursos que garantam a imediata equiparação de oportunidades daqueles que têm deficiência — comenta a escritora.

Em nota, a Rede Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Rede-In) destaca:

"Uma vez tomada a decisão pelo retorno presencial, todos os estudantes deverão retornar juntos. É preciso ressaltar que a pandemia e as dificuldades práticas que ela impõe não podem servir de pretexto para excluir estudantes com deficiência da escola no retorno às aulas presenciais. A preservação do direito à educação deve ser a premissa prioritária para a criação de quaisquer medidas e procedimentos. Gestores públicos, diretores de escolas e educadores têm o papel de cuidar para que tais estudantes não sejam desmotivados ou deixem de estudar. A discriminação injusta viola os direitos humanos e fundamentais dos estudantes com deficiência. Por isso, entendemos que o parecer do CNE precisa ser revisto no que diz respeito à Educação Especial", diz o documento.

 

https://oglobo.globo.com/sociedade/conselho-nacional-de-educacao-altera-parecer-sobre-volta-as-aulas-de-estudantes-com-deficiencia-24553647 




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