CNE aprova 30% em EAD

CNE aprova 30% em EAD

Por Flávia Foreque, TV Globo        

A Câmara de educação básica do Conselho Nacional de Educação aprovou nesta quarta-feira as novas diretrizes do ensino médio. Entre as medidas previstas na resolução está a possibilidade de até 20% da carga horária do ensino médio ser ofertada na modalidade à distância, chegando a 30% no ensino médio noturno, como estava em debate anteriormente.

Texto BNCC – Ensino Médio (Arquivo em formato pdf)

Os conselheiros incluíram, após consulta pública, a previsão de que a modalidade EAD seja realizada preferencialmente sobre o conteúdo diferenciado do ensino médio (após a reforma dessa etapa do ensino, cerca de 60% da carga horária será comum e 40% será formada pelos chamados itinerários formativos).

Foram 8 votos a favor - incluído o da Secretária de Educação Básica do MEC, integrante do conselho, um voto contra - o do ex-presidente do Inep Chico Soares - e uma abstenção.

Para entrar em vigor, o texto precisa ainda ser homologado pelo ministro da educação. 

Histórico da resolução sobre o EAD

Antes da resolução, o ensino a distância era permitido e regulamentado apenas para algumas carreiras da graduação e alguns cursos de especialização no ensino superior.

No ensino médio ele estava apenas previsto na reforma feita pelo governo Temer (anunciada em setembro de 2016 e sancionada em setembro de 2017), que abriu uma brecha para que parte das aulas seja oferecida na modalidade a distância. Agora, as diretrizes foram estabelecidas pelo CNE.

Para alunos do fundamental é proibido por lei e, atualmente, não existe discussão sobre a viabilidade ou a validade dessa modalidade para as crianças de 6 a 14 anos.

O texto da reforma aprovada por Temer já apontava que: "os sistemas de ensino poderão reconhecer, mediante regulamentação própria, conhecimentos, saberes, habilidades e competências. Entre essas formas estão incluídas (...) a educação a distância ou educação presencial mediada por tecnologias".

A aprovação ocorreu após o CNE abrir consulta pública para a comunidade escolar e as propostas foram recebidas por e-mail. A resolução aprovada seguiu a proposta do relator, o conselheiro Rafael Luchesi.

https://g1.globo.com/educacao/noticia/2018/11/08/novas-diretrizes-do-ensino-medio-sao-aprovadas-pelo-conselho-nacional-de-educacao.ghtml?fbclid=IwAR2WtaUigkaGEPhzfT68eSW5D6B5vts93k0o67ZIXnZBzAM7q3MXe0XPoRo 

 

ENSINO À DISTÂNCIA E PRIVATIZAÇÃO DO ENSINO

Pelo lucro dos empresários, CNE quer aprovar ensino médio diurno e noturno à distância

O Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão interno do Ministério da Educação, quer aprovar ainda esta semana um ataque brutal à educação, em coerência com os planos de sucateamento e ataque ao direito de acesso à educação de Jair Bolsonaro. O CNE propõe que 20% das aulas do ensino médio diurno e 30% do ensino médio noturno possam ser feitas à distância. 

quinta-feira 8 de novembro

O Conselho Nacional de Educação (CNE), que é um órgão interno do Ministério da Educação, quer aprovar ainda esta semana um ataque brutal à educação, em coerência com os planos de sucateamento e ataque ao direito fundamental de acesso à educação de jovens do presidente eleito, Jair Bolsonaro. O CNE propõe que 20% das aulas do ensino médio diurno e 30% do ensino médio noturno possam ser feitas através do método EAD (à distância).

Este tipo de ataque não caminha sozinho: aliados de Bolsonaro também defendem o projeto "Escola Sem Partido", criado pela direita reacionária e conservadora que afirma estar "livrando a escola da doutrinação". Na realidade, este projeto é um verdadeiro ataque ao direito do desenvolvimento do pensamento livre e crítico no ambiente escolar, perseguindo professores que queiram fomentar nas salas de aulas debates que fazem parte da sociedade e da realidade destes alunos. Uma das deputadas eleitas este ano, Ana Carolina Campagnolo (PSL), mostrou a verdadeira hipocrisia por trás dessa direita que defende este projeto: professora de história, foi denunciada nas redes sociais por um aluno por ter ido dar aulas e fazer propaganda pró-Bolsonaro nas salas de aula

O ensino à distância vem então como uma moeda de duas faces: de um lado, abre espaço pra um ramo do mercado que o setor da educação privada, gigantes como a Kroton, ainda não conseguiram adentrar; de outro lado, vem a precarização do ensino e do professor, que junto à projetos reacionários como "Escola Sem Partido" e a Reforma do Ensino Médio, focarão em um método de ensino que não possibilite que a juventude possa fazer da escola um ambiente de formação de um sujeito reflexivo. Mantendo o estudante longe das escolas, com um ensino puramente técnico, para jogá-lo ao mercado de trabalho nos postos mais precários, esses projetos desta direita ultra-reacionária e neoliberal querem colocar por terra o direito básico ao acesso à educação.

É a juventude trabalhadora, pobre e periférica quem vai pagar o preço das alianças mais nefastas com os tubarões da educação privada e projetos que precarizem ainda mais as escolas, uma vez que já estão expostos cotidianamente à necessidade do trabalho, já muito precarizado, para auto-sustento. É esvaziando escolas e privando a juventude do contato social que é vital no processo de formação acadêmica e subjetiva, que pretende governar Bolsonaro e sua base, enchendo então o bolso dos capitalistas.

A juventude já se mostrou forte outras vezes diante de ataques à educação: em 2015, houve um intenso movimento dos secundaristas em São Paulo, que ocuparam escolas para impedir o projeto de "reorganização" de Geraldo Alckmin (PSDB), que na prática significava abarrotar salas e fechar escolas. Os professores também colocaram sua força nas ruas contra Doria no ano passado, impedindo que o golpista aprovasse uma reforma da previdência para os servidores municipais ainda mais brutal que de Michel Temer. A luta dos professores e estudantes em defesa da educação, que já se provou capaz de grandes conquistas, é capaz de impedir que a educação pública seja destruída e para impor um novo modelo de educação de qualidade.

Por isso, é importante que professores e estudantes se organizem, construindo em cada escola milhares de comitês de base e realizando assembleias para que juntos possam derrotar os ataques do governo Bolsonaro e seus aliados. É somente pela luta da juventude em aliança com os trabalhadores que os projetos nefastos de Bolsonaro, como ajustes e reformas, os ataques da extrema-direita e do golpismo, serão derrotados.

http://esquerdadiario.com.br/Pelo-lucro-dos-empresarios-CNE-quer-aprovar-ensino-medio-diurno-e-noturno-a-distancia?fbclid=IwAR0nRJgOfAC9mPXJ4S4u8cb5aznrKYXENz0eHgZRyP0fLP8hZ9nFYJKdmiI 




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