Contra arrocho salarial e desmonte do IPE Saúde

Em mobilização histórica, milhares ocupam Porto Alegre contra o arrocho salarial e o desmonte do IPE Saúde
Porto Alegre viveu, nesta sexta-feira (15), uma manhã de resistência e indignação. Cerca de 2 mil educadoras(es) — da ativa e aposentadas(os) —, servidoras(es) de diferentes áreas e estudantes vindas(os) de todas as regiões do Rio Grande do Sul marcharam lado a lado, unidas(os) para garantir respeito, valorização e direitos que vêm sendo sistematicamente negados pelo governo Eduardo Leite (PSD).
O Ato Público Unificado, organizado pelo CPERS e pela Frente dos Servidores Públicos do RS (FSP/RS), iniciou-se em frente à sede do Sindicato e seguiu até o Palácio Piratini. A garoa e o frio não intimidaram as(os) presentes. Nas ruas, professoras(es), funcionárias(os) de escola, profissionais da saúde, da segurança, da justiça e representantes da juventude exigiram reposição salarial imediata de 12,14% e um IPE Saúde público, digno e de qualidade para todo o funcionalismo.
Ao fim da mobilização, lideranças representativas do funcionalismo estadual buscaram audiência com o governador Eduardo Leite (PSD) para apresentar as reivindicações. Mais uma vez, o chefe do Executivo se negou a dialogar — um gesto que simboliza desprezo por quem dedica a vida a educar, cuidar e proteger a população gaúcha.
A mobilização na capital foi o ponto alto de uma série de atos realizados, desde junho, pela FSP/RS, nas cidades de Santo Ângelo, Passo Fundo, Pelotas e Santa Maria, reunindo os 42 núcleos do Sindicato e reforçando que a insatisfação cresce por todos os cantos do estado.
Para a presidente do CPERS, Rosane Zan, a política do governo Leite (PSD) é guiada por uma visão privatista:
“O governo acredita que o público deve ser privado, que a educação tem que funcionar como empresa. Nós defendemos uma escola humanizada, que forme cidadãos críticos, como queria Paulo Freire. Falta solidariedade por parte deste governo — especialmente com aposentados e funcionários de escola, que vêm sendo duramente atacados.”
A presidente Rosane também destacou a presença e a força do movimento estudantil, que se uniu ao Ato na mesma semana do Dia do Estudante, celebrado em 11 de agosto.
“O governo posa de aberto ao diálogo, mas não recebe a Frente dos Servidores. Vamos seguir pressionando por reposição salarial e por um IPE Saúde que atenda a todos. A luta continua”, finalizou Rosane.
A mobilização contou com jovens que iniciaram a caminhada no Colégio Júlio de Castilhos e se juntaram às(aos) servidoras(es) na Praça da Matriz, levando cartazes em defesa da soberania brasileira e da educação pública.
“Não tem como falar em valorização dos trabalhadores sem falar em defesa da soberania brasileira”, afirmou Alejandro Guerrero, presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE/RS).
A ex-presidente do CPERS e atual secretária de Formação da CUT-RS, Helenir Aguiar Schürer, criticou o Programa de Reconhecimento da Educação Gaúcha, que prevê um “14º salário” atrelado a metas impostas pela Secretaria da Educação (Seduc):
“Essa lógica meritocrática ignora as condições reais de trabalho e tenta dividir a categoria. Queremos piso cumprido, plano de carreira valorizado e condições dignas, não penduricalhos que desaparecem na aposentadoria.”
Helenir alertou ainda para o uso eleitoreiro da proposta: “Esse 14º só seria pago em 2026, depois das eleições. É propaganda barata. Aqui, o que queremos é: Fora Leite!”
No campo da saúde, a denúncia sobre o sucateamento do IPE Saúde foi contundente. O presidente do Sindicaixa, Érico Corrêa, expôs a gravidade da nova instrução normativa que limita dias de internação:
“Depois disso, o IPE Saúde não paga mais e a conta fica para o hospital. É mais um golpe contra quem depende do Instituto”, criticou.
Já Fabiano Zalazar, secretário-geral do Sindjus, apontou um projeto deliberado de sucateamento imposto por Eduardo Leite (PSD):
“Leite precariza, desmonta e depois privatiza. É o modelo liberal que penaliza servidores e ameaça toda a população.”
O ato recebeu apoio de parlamentares e contou com representantes da direção central e dos 42 núcleos do CPERS. A mensagem foi clara: defender o serviço público não é uma causa restrita às(aos) servidoras(es), mas uma necessidade de toda a sociedade.
Cada ataque ao funcionalismo significa perda de qualidade no atendimento à população. O Rio Grande do Sul só avança com investimento, diálogo e compromisso real com o povo. E a luta segue viva, nas ruas, nas escolas e em cada espaço da sociedade. Avante, trabalhadoras(es)!
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