Corrida contra a PEC

Corrida contra a PEC

"CORRIDA CONTRA A PEC DA BANDIDAGEM: IRINEU TAMAIO, ENTRE O ASFALTO E O MAR

Por João Guató

 

 

Salvador amanheceu com cheiro de maresia e de rebeldia. Na orla, onde a cidade mistura suor e tambor, o professor e ambientalista Irineu Tamaio transformou seus 42 quilômetros da Maratona de Salvador em manifesto contra a PEC da Bandidagem e em recusa firme aos golpistas que tentam sequestrar o destino do Brasil.

Não foi apenas uma corrida. Foi um rito de resistência. Entre passos largos e respirações curtas, a cada gota de suor que escorria pelo rosto, estava gravada a memória de um país que não pode se curvar diante da blindagem dos corruptos. Aos 27 graus da manhã baiana, quando o corpo já pedia para mergulhar de cabeça no mar, Irineu carregava outra sede: a de democracia, a de justiça, a de não aceitar que o Congresso seja cofre de impunidade.

“Tudo aqui é festa”, escreveu ele, com ironia amorosa. Festa porque, no meio da exaustão, havia um trio elétrico da Banda Eva arrastando multidões suadas que, depois de 21 ou 42 quilômetros, ainda encontravam fôlego para dançar. Festa porque só a Bahia sabe rir na beira do abismo. Enquanto Irineu pensava em ambulância, o povo bailava — e o riso também é forma de luta.

A corrida virou metáfora. No fim, o corpo vacila, a mente insiste, e a democracia é sempre uma maratona: cada avanço é sofrido, cada quilômetro é conquista. Ao cruzar a linha de chegada, a medalha que Irineu ergueu não era apenas metálica — era simbólica, dedicada à filha Luísa, prestes a completar 17 anos. Porque correr é também legar futuro, e dizer aos que chegam: “não desistam, o país é de vocês”.

Enquanto no plenário da Câmara tentam aprovar a anistia aos golpistas e blindar parlamentares do peso da Justiça, nas ruas o povo corre, canta e protesta. A maratona de Irineu em Salvador é a imagem exata de um Brasil que não se deixa amordaçar: mesmo cansado, mesmo ferido, mesmo tentado a mergulhar no mar e esquecer o mundo, insiste em chegar.

Porque a vida, como ele mesmo disse, merece ser celebrada. Mas celebrar não é aceitar. É resistir com alegria. É dançar suado, é gritar contra os ladrões de futuro, é correr pela orla sabendo que o verdadeiro fôlego do Brasil nasce na rua."

FONTE:

https://www.facebook.com/photo?fbid=10213941987460539&set=a.3358299773034&locale=pt_BR 




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