Cortes de Bolsonaro no orçamento

Cortes de Bolsonaro no orçamento

Bolsonaro faz cortes e UFABC não tem como para pagar bolsas e fornecedores

Em nota publicada no site da Universidade do ABC paulista, reitor denuncia corte acumulado em 14% em 2022 sobre o orçamento.

   

 

 Bolsonaro faz cortes e UFABC não tem como para pagar bolsas e fornecedores | Jornalistas Livres


A festa não durou muito, ao longo da campanha, e antes mesmo dela, o presidente Bolsonaro, agindo de forma irresponsável com as contas, liberou verbas extras para o orçamento secreto, dobrou o pagamento de auxílios, liberou vale diesel para caminhoneiros, vale gasolina para taxistas, com a clara intenção de usar a máquina pública para conseguir votos, sem pensar na sustentabilidade a médio prazo.

Agora chega a conta, e o resultado tem sido o recorrente anúncio de cortes onde não caberia. O mais recente foi o decreto publicado no último dia 2, cortando verbas da educação.

As repercussões deste corte estão surgindo, e uma das primeiras foi o anúncio feito pelo reitor da Universidade Federa do ABC paulista (UFABC) declarando que já neste mês de dezembro não conseguirá arcar com compromissos básicos, como pagamento de fornecedores e bolsas para seus pesquisadores.

 

Veja nota integral abaixo:

Medidas e cortes inéditos do Governo Federal agravam situação das universidades e inviabilizam pagamento de bolsas e serviços já neste mês de dezembro

Estimada comunidade universitária,

De forma estarrecida, vimos comunicar que as medidas do Governo Federal, em relação às operações financeiras das universidades federais, culminaram na inviabilidade imediata do cumprimento dos pagamentos de bolsas e serviços nas instituições de ensino superior do Brasil. Desse modo, neste mês de dezembro, mantidas as medidas, a UFABC não conseguirá pagar nenhuma das modalidades de bolsas e auxílios estudantis vigentes e nenhum dos serviços da Universidade já executados no mês de novembro (limpeza, segurança, fretado, energia elétrica, água, etc.).

Trata-se, lamentavelmente, de um montante de mais de R$7 milhões que foi abruptamente retirado da governança da Universidade, gerando uma situação com envergadura jamais ocorrida ao longo destes 16 anos da instituição. O cenário gerado pelas últimas movimentações governamentais imobilizaram qualquer capacidade de operações internas para reversão deste drástico quadro.

Na última sexta-feira, ainda durante o jogo do Brasil, a Reitoria da UFABC oficiou autoridades do Ministério da Educação (MEC), explicitando a grave situação decorrente das referidas operações do Governo e reivindicando medidas imediatas capazes de reverter este cenário. Em um trecho do documento, a Reitoria enfatizou: “Preocupa-nos, em especial, o pagamento das bolsas e dos auxílios e dos contratos que envolvem serviços terceirizados, pois causarão impacto direto na subsistência de discentes e dessas trabalhadoras e trabalhadores. Clamamos pela solução deste problema, para que possamos honrar os compromissos legalmente assumidos, e para garantirmos que não haja vulnerabilização dessas pessoas de nossa comunidade universitária”.

Ao que tudo indica, a gravidade do contexto de cortes também se estende às instituições de fomento à pesquisa, como CAPES e CNPQ, que já apontam impactos no pagamento de bolsas. Ainda aguardamos dos órgãos, informações oficiais e detalhadas sobre este assunto.

Gestoras e gestores das Universidades Federais de todo o país, por meio da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), estão, de modo permanente e incansável, mobilizados e em interlocução com atores políticos e governamentais para reverter a gravíssima situação em que foram colocadas estas instituições. Nesta semana, dirigentes, incluindo da UFABC, estarão em Brasília para tratar, incisivamente, do cenário devastador que se apresenta.

Em caráter de urgência, ainda nesta terça-feira, 6 de dezembro, a equipe de gestão da UFABC se reunirá com entidades representativas das categorias da instituição para avaliar os impactos imediatos dos cortes na comunidade interna, sobretudo em relação às e aos estudantes e trabalhadoras(es) terceirizadas(os). A Reitoria manterá a comunidade atualizada sobre a situação e conclama a todas e todos a mobilizarem-se, no sentido de reverter o cenário atual e de manter a permanente defesa das universidades públicas brasileiras, que são patrimônio nacional.

Entenda como as ações do Governo Federal nos últimos dias inviabilizaram pagamentos de bolsas e serviços das Universidades

Foi publicado, em Edição Extraordinária do Diário Oficial da União de 30 de novembro de 2022, o Decreto nº 1.269/2022, que altera o Decreto nº 10.961, de 11 de fevereiro de 2022. Este decreto e suas atualizações dispõem sobre a programação orçamentária e financeira e estabelecem o cronograma de execução mensal de desembolso do Poder Executivo federal para o exercício de 2022.

Com a publicação do Decreto, na noite de quinta-feira (01/12/2022) a Setorial Financeira do Ministério da Educação, por intermédio da Subsecretaria de Planejamento e Orçamento (SPO/MEC), enviou Comunica SIAFI nº 2022/3095354, informando que o novo Decreto zerou os limites de pagamentos das despesas discricionárias do MEC.

Ainda de acordo com o Comunicado da SPO/MEC, o governo indicou que não liberará mais recursos financeiros para pagamento das despesas, mesmo das já contratadas e executadas.

Além disso, o mesmo decreto impôs novo corte do orçamento, efetuado também na quinta-feira (01/12) e comunicado no dia seguinte, por meio do Comunica SIAFI nº 2022/3098060, no valor de R$ 3.559.818,00. Tal ação impossibilita a emissão de novos empenhos para as licitações/contratações que já estavam em andamento e deixa o saldo orçamentário negativo. Esse bloqueio representa 6,8% do orçamento da UFABC, o que somados aos 7,2% cortados em junho, perfazem 14% de redução.

Ou seja, basicamente, o que está determinado no decreto é que o Governo retira a autorização, já dada em decretos anteriores, de empenho de parte importante do nosso orçamento, e inviabiliza o passo seguinte da execução orçamentária, que é a conversão destes empenhos em pagamentos a bolsistas e fornecedores.

Focando apenas nos pagamentos dos próximos dias, que dependem exclusivamente do repasse do MEC, até 02/12/2022 a UFABC totalizava R$ 7.388.926,65 em contas a serem pagas, sendo esta uma operação que sempre acontece depois do empenho emitido e dos serviços executados. Desse montante, R$ 6.637.723,25 são para pagamento de notas fiscais a fornecedores/prestadores de serviços e R$ 751.203,40 para pagamento de bolsas e auxílios.

Nossa expectativa era receber parte desse recurso ainda na sexta-feira (02/12) para efetuar os pagamentos de despesas básicas (bolsas, auxílios, fornecedores de bens, prestadores de serviços, concessionárias, etc). Contudo, não recebemos nenhum recurso financeiro e tanto o Decreto, quanto o Comunica SIAFI indicam que não receberemos mais recursos em 2022, inviabilizando o pagamento desses compromissos.

Ao longo do ano tivemos oportunidades de discutir o orçamento da Universidade e passamos por situações que mostravam que este seria um ano delicado, mas a situação atual é de extrema gravidade, colocando em risco as Universidades Federais e, consequentemente, a formação qualificada de profissionais e a produção de conhecimento científico. Reiteramos que manteremos a comunidade universitária atualizada sobre quaisquer novas movimentações referentes à situação financeira e orçamentária das universidades federais e seus impactos no cotidiano da UFABC.

Cordialmente,

Reitoria

Universidade Federal do ABC

05/12/2022

https://jornalistaslivres.org/bolsonaro-faz-cortes-e-ufabc-nao-tem-como-para-pagar-bolsas-e-fornecedores/?fbclid=IwAR1Z2xq4GxLkwQmU120mprI7NZKwcZZjvc0UtqcCt7pTwuMFJKjHfFWLt1E 




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