CPERS aponta déficit das escolas
Sindicato aponta para a falta de 1,6 mil profissionais e problemas na rede elétrica de 310 escolas estaduais
Levantamento do Cpers foi realizado entre fevereiro e março; disciplinas com os maiores déficits foram Língua Inglesa e Matemática
Isabella Sander - Repórter

André Ávila / Agencia RBS
O Cpers/Sindicato, que representa professores e funcionários da rede estadual de ensino, divulgou um levantamento no qual aponta para a falta de 1,6 mil profissionais na rede, sendo 660 professores. A entidade contabilizou problemas estruturais em 472 instituições
–mais da metade das 886 que responderam à pesquisa.
O levantamento, realizado online, não condicionava o relato de falta de professores à qual disciplina se relacionava o déficit. Por esse motivo, apenas cerca de metade das 660 respostas incluíam a informação. Confira as áreas nas quais mais foi indicada demanda por docentes:
- Língua Inglesa – 58
- Matemática – 45
- Educação Física – 34
- Língua Portuguesa – 27
- Artes – 22
- Física – 18
- Geografia – 18
Houve, ainda, 544 relatos de falta de funcionários e 430 de déficit de especialistas, que são os orientadores e supervisores pedagógicos. A região do RS com maior demanda, segundo a presidente do Cpers, Rosane Zan, é a Metropolitana.
— Em algumas escolas que visitamos, os professores tinham uma sobrecarga até para não liberar os alunos mais cedo por falta de professor. E são faltas dentro de áreas básicas, como português e matemática. A gente vem cobrando concurso público, mas muita gente não quer mais fazer, porque o salário não compensa — avalia a presidente, que cobra uma revisão dos salários da categoria.
Procurada, a Secretaria Estadual de Educação não informou quantos professores faltam no quadro funcional atualmente. Conforme a pasta, o número é dinâmico e o monitoramento é feito diariamente junto às Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), que repõem as demandas periodicamente por meio de editais abertos para contratações temporárias.
Um concurso público realizado em 2023 preencheu 1,5 mil vagas, enquanto um novo, anunciado para acontecer ainda em 2025, tem previsão de nomear 6 mil docentes.
Infraestrutura
Na área estrutural, de 886 respondentes, 472 relataram problemas estruturais. Confira os números:
- Rede elétrica comprometida: 310
- Telhados danificados: 241
- Infiltrações: 177
- Problemas hidráulicos: 142
- Obras atrasadas: 121
- Muro em risco de desabamento: 101
O levantamento foi feito após o conturbado início do ano letivo de 2025, no qual, após ação do Cpers, a Justiça adiou o começo das aulas, diante da falta de climatização na maioria das escolas da rede estadual. Conforme Rosane, as más condições identificadas em 2021, quando uma caravana foi realizada pelo sindicato, foram percebidas novamente neste ano, quando a entidade vistoriou muitos dos locais novamente.
— Perdura o mesmo problema na questão elétrica das escolas. Grande parte das escolas da rede estadual é muito antiga. Quando a gente visitou, em 2021 e 2022, foram os mesmos problemas que foram apontados agora nessa visita que a gente fez em mais de 400 escolas no Estado em mais de 150 municípios — lamenta a presidente.
No total, 282 respondentes afirmaram que a rede elétrica da sua escola não tem capacidade de suportar o uso de equipamentos eletrônicos.
Sobre os problemas de infraestrutura, a Seduc informou que, desde 2023, 393 obras foram concluídas em 351 escolas, sendo 55 delas em 2025. Atualmente, há 242 demandas em fase de contratação, por iniciar ou em execução. A pasta indica que houve crescimento nos valores destinados às melhorias da infraestrutura escolar, e que o tempo entre a solicitação do reparo e o início dos trabalhos “caiu de mais de mil dias, em 2019, para aproximadamente 90, em 2024”.
Outro ponto trazido pelo levantamento do Cpers é a situação das instituições atingidas pela enchente. De 63 escolas diretamente afetadas, segundo o sindicato, 17 ainda aguardam a conclusão de obras de recuperação.
Entre elas está a Escola Estadual Padre Fernando, em Roca Sales, que hoje funciona em salas locadas dentro de um salão paroquial. A Seduc informou que aguarda a definição do terreno para a reconstrução da instituição.
A pasta calcula em cerca de 600 o número de escolas estaduais danificadas de alguma forma pela enchente, e relata ter investido mais de R$ 180 milhões entre reposição de mobiliário, parcelas extras do programa Agiliza, repasses para merenda, equipamentos e obras.
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