Crise Diplomática

Crise Diplomática

QUE CRISE DIPLOMÁTICA?

Raul Carrion, 22.02.24

 

INTERESSANTE ARTIGO DA CIENTISTA SOCIAL MARIA CARLOTTO - PROFESSORA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC -, QUE DESVENDA A POLÊMICA EM TORNO DAS DECLARAÇÕES DE LULA DENUNCIANDO O GENOCÍDIO ISRAELENSE CONTRA O POVO PALESTINO.

SEGUNDO ELA, NÃO EXISTE NENHUMA CRISE DIPLOMÁTICA E SIM UMA ARTICULAÇÃO DA DIREITA INTERNACIONAL - DA QUAL FAZ PARTE O LIKUD, PARTIDO DE EXTREMA DIREITA DE NETANYAHU - COM O OBJETIVO DE DEBILITAR O GOVERNO PROGRESSISTA DE LULA.

INFELIZMENTE, HÁ SETORES VACILANTES NA ESQUERDA E NO PRÓPRIO GOVERNO, INCAPAZES DE COMPREENDER O QUE DE FATO ESTÁ EM JOGO...

*A escalada do governo Netanyahu contra Lula não deve ser lida como crise diplomática entre países.* Isso é um erro crasso de análise! Trata-se de uma *investida política da extrema-direita mundial*, que funciona em rede, contra um governo democrático que querem enfraquecer.

Explico:

*1/* está marcado um protesto pró-Bolsonaro crucial para a sobrevida da extrema-direita brasileira nesta semana e a extrema-direita israelense está jogando para incendiar a opinião pública brasileira e fortalecer Bolsonaro. *Eles funcionam por fortalecimento cruzado*, entendam isso.

*2/* isso explica os *tuítes em português*, totalmente fora do tom do ministro de relações exteriores de Israel, Israel Katz, do partido de extrema-direita de Netanyahu o LIKUD. Para quê isso se não para *intervir na política interna* do Brasil?

*3/* antes disso, em novembro do ano passado, o *embaixador de Israel no Brasil encontrou Bolsonaro*, líder da oposição, no Congresso Nacional no q foi então considerado uma clara *intromissão em assuntos internos* por qualquer um que entende minimamente de relações internacionais.

vale notar que, na minha opinião, *errou o governo brasileiro ao não expulsá-lo* naquela ocasião ou, ao menos, convocá-lo para dar explicações.

*4/* sobretudo pq o encontro veio no bojo daquele episódio hiper controverso da prisão de supostos terroristas do Hezbolah no Brasil por uma ação da polícia federal q segundo o próprio Netanyahu em rede social, contou com a *colaboração da agência de inteligência de Israel, o Mossad*

vale notar de novo que, na época, alguns analistas mais ainda atentos viram nisso uma *ação de contra inteligência* para, na verdade, incidir sobre a opinião pública brasileira e sua percepção sobre a guerra curso, considerando hostil pelo governo Netanyahu.

https://twitter.com/maria___maria/status/1760324604134834579

*5/* por falar em inteligência e contra inteligência, começava a vir a tona, nessa época e com mais força a partir de janeiro, o escândalo da *Abin paralela* que tinha como centro um *software de espionagem israelense* usado pelos bolsonaristas para espionar adversários

*6/* o q interessa aqui é q se este software - o _*FirstMile*_ -foi adquirido formalmente pelo Estado Brasileiro no pelo governo Temer, não é o caso do _*Darkmetter*_, um programa criado pelo exército de Israel e *adquirido informalmente pelo Gabinete do Ódio* segundo reportagem do intercept

*7/* é preciso mais pesquisas e investigações, mas é possível dizer que as colaborações formais e informais entre a *extrema-direita brasileira e a extrema-direita israelense* são intensas e é a luz delas que, na minha opinião, os ataques despedidos a Lula devem ser interpretados.

*8/* aliás, essa colaboração é global. Ou Já nos esquecemos que *Milei, eleito, fez sua primeira viagem internacional para Israel* e, na sequência, de passagem nos EUA, fez uma peregrinação por *símbolos da comunidade judaica no país* ?

*9/* é por tudo isso, a meu ver, que dentro do espaço politico-diplomático disponível, *o governo Biden e os principais governos Europeus ameaçados pela extrema-direira ficaram ao lado de Lula e não de Israel*.

As fotos para lá de simpáticas de Blinken com Lula agora de manhã em Brasília seguida de declarações e, principalmente, não -declarações evidenciam que *crise diplomática é delírio de quem não entende o que está acontecendo*.

*10/* só a imprensa provinciana e o extremo-centro igualmente desavisado não perceberam o verdadeiro contexto político em jogo e viram nesse episódio uma oportunidade de atacar Lula para enfraquecer a esquerda e puxar seu governo mais ainda para a direita.

*11/* demorou, mas acho que perceberam e estão se reposicionando.

*12/* em tempo, eu não compartilho da visão, a meu ver distorcida, de que Lula negou o holocausto e flertou com o antissemitismo. Lula, *de maneira negociada com líderes mundiais*, subiu o tom consideravelmente para alertar Israel que o massacre de Rafah no Ramadã não será tolerado.

*13/* não usou a palavra holocausto, mas mencionou Hitler. O fez para alertar que *a luta contra o fascismo, ontem e hoje, também conta com articulação global*. O resto é resto pessoal.




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