Denúncia no Dia do Professor
No Dia do Professor, educadores denunciam a falta de condições para o retorno às aulas presenciais
A data que deveria ser de comemoração foi marcada por protestos da classe dos educadores(as) em todo o estado.
No Dia do Professor, a categoria foi às ruas denunciar a postura genocida do governo Eduardo Leite, que impõe o retorno às aulas presenciais a partir do dia 20 sem oferecer as condições sanitárias necessárias para um retorno seguro.
Em frente ao Piratini, um Termo de Responsabilidade foi entregue a representantes da Casa Civil e do gabinete do governador, solicitando que Eduardo Leite se responsabilize pelas vidas dos educadores, estudantes e comunidade escolar.
“Entregamos o termo e acreditamos que o governador vá assinar, já que ele afirma ser seguro voltarmos às escolas. Se não assinar, estará assumindo que não há segurança para nos mandar de volta às salas de aula”, relatou, na saída do Palácio, a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.
“Aqui no Rio Grande do Sul se trabalha com a doença e não com a prevenção, pois o governo libera tudo com base na disponibilidade de leitos nas UTIs. Precisamos de segurança e prevenção com testagem em massa”, acrescentou Helenir.
“Não é justo que o governo queira que a responsabilidade pelas vidas dos nossos estudantes e de toda a categoria seja nossa. Não adianta só mandar termômetro e máscara. As escolas estão sucateadas, não possuem estrutura para a proteção necessária. Assim como o governador pede que os pais que não levarem seus filhos à escola assinem um termo de responsabilidade, estamos pedindo que ele também se responsabilize pelas nossas vidas, já que está nos colocando em risco”, observou a diretora do CPERS, Vera Lesses.
Instantes antes da entrega do documento, o estudante da escola Emílio Massot, Mateus Vicente leu o Termo de Responsabilidade para conhecimento da população.
O segundo vice-presidente do CPERS, Edson Garcia, observou que passados sete meses de pandemia, as escolas ainda não receberam nenhum tipo de investimento em estrutura e recursos humanos.
“Nós damos aulas em escolas sem ventilação, sem estrutura para garantir o distanciamento necessário. Além disso, nossa categoria tem um número expressivo de professores(as) em grupo de risco que estão com medo de voltar às salas de aula. É um crime, esperamos que o governo reveja esse encaminhamento irresponsável. A contaminação não baixou. Não queremos morrer.”
Governo mente; EPIs ainda não chegaram às escolas
Os(as) professores expuseram os riscos que a retomada do ensino presencial, sem testagem em massa, EPIs e estrutura, representa para a vida de educadores, funcionários de escola, estudantes e comunidade escolar.
“Estou aqui lutando pela preservação da vida. O governador mente quando diz que investiu milhões para garantir a nossa segurança. Nós ainda não recebemos os equipamentos de proteção para cumprir com os protocolos de segurança. É urgente que a comunidade escolar entenda que não temos condições de voltar, é muito arriscado”, observou a professora Marceliza, de Alvorada.
A professora Cleuza também frisou as dificuldades que as escolas terão para cumprir os protocolos. “Apenas duas escolas receberam uma quantidade ínfima de materiais de higiene e limpeza. Não temos profissionais suficientes para garantir a limpeza e não há espaço suficiente para manter a distância necessária entre os alunos. Não é meia dúzia de vidros de álcool que vai nos proteger.”
Durante a caminhada de um grupo de professores da capital, que percorreu as ruas do centro, o professor da escola Caldas Júnior, Matheus Schneider, ressaltou que impor o retorno presencial é uma grande irresponsabilidade. “Infelizmente o governo está demonstrando que não respeita as comunidades escolares e os educadores, pois quer reabrir as escolas quando os índices de contaminação pelo coronavírus ainda é alto. Em nenhum lugar do mundo se viu a abertura em um momento como esse”, frisou.
Para a diretora do CPERS, Rosane Zan, a atitude do governador demonstra que a vida dos educadores e de toda comunidade escolar não é prioridade. “O governador está nos colocando no caminho da morte. Deveríamos estar protegidos, mas a nossa saúde parece não ser prioridade para o governo.”
“Estamos na eminência de voltar as aulas presenciais sem garantias sanitárias. Estamos aqui para exigir testagem em massa, sem isso é como andar no escuro. O governo não paga nossos salários em dia, não nos valoriza e agora quer colocar nossas vidas e da comunidade escolar em risco”, frisou o diretor do sindicato, Cássio Ritter.
“O governador está atendendo a pressão do setor privado e dos interesses eleitorais. O retorno imposto vem gerando angústia e medo nas escolas, pois não temos condições de garantir um retorno seguro”, destacou Daniel Damiani, dirigente do CPERS.
Assembleia do CPERS define resistência pela vida e contra o retorno presencial das aulas
Em Assembleia Geral realizada no último dia 8, quase 2 mil educadores(as) de todo o estado debateram e aprovaram uma firme resistência contra o retorno às aulas presenciais.
A continuidade do ensino remoto, a exigência de testagem em massa (RT-PCR) de professores(as), funcionários(as) e estudantes, recursos humanos e financeiros, EPIs e condições estruturais para as escolas e fomentar a resistência junto a conselhos escolares e aos COEs foram algumas das deliberações.
“Não queremos que nossas escolas passem de um espaço de transmissão de conhecimento para transmissão de Covid-19. A nossa orientação às escolas é para que resistam mostrando que não há condições de retomar o ensino presencial”, frisou a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.
No interior, os núcleos do CPERS também organizaram atos, entregando o termo de responsabilidade aos representantes das Coordenadorias Regionais da Educação.
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