Dia Mundial da Alfabetização
Dia Mundial da Alfabetização: apesar de avanços recentes, mais de 9 milhões de brasileiros ainda vivem na exclusão
Contee reafirma que a alfabetização é direito humano inegociável e compromisso democrático, essencial para superar desigualdades e construir um Brasil soberano e justo
“A educação é a única das coisas deste mundo em que acredito de maneira inabalável.” A frase da poeta Cecília Meireles sintetiza o espírito do Dia Mundial da Alfabetização, celebrado neste 8 de setembro. A data, instituída pela Unesco em 1967, é um chamado permanente a governos e sociedades: garantir o direito de ler e escrever é condição indispensável para a cidadania plena e para a superação das desigualdades.
No Brasil, os dados mostram que há o que comemorar, mas também motivos para preocupação. De um lado, o avanço registrado pelo Indicador Criança Alfabetizada, que em 2024 alcançou 59,2% das crianças alfabetizadas na idade certa, resultado 3,2 pontos percentuais acima do ano anterior e presente em 58% dos municípios. De outro, o alerta da PNAD Contínua/IBGE (2023): 9,1 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais permanecem não alfabetizados, o equivalente a 5,3% da população dessa faixa etária.
Avanços e políticas em curso
Entre as iniciativas governamentais, está o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA), lançado em 2023, que reúne União, estados e municípios na meta de garantir alfabetização até o 2º ano do ensino fundamental, com apoio técnico, financeiro e pedagógico do MEC.
Outro eixo é o Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação da EJA, voltado para jovens e adultos — incluindo pessoas privadas de liberdade —, com o objetivo de ampliar matrículas e integrar a EJA à educação profissional, buscando reparar parte da dívida social histórica.
Apesar dos esforços, os números mostram que o país ainda carrega um passivo inaceitável. O desafio é estrutural e exige continuidade, financiamento e compromisso de Estado.
Paulo Freire e o sentido da alfabetização
O grande mestre Paulo Freire lembrava que alfabetizar não é apenas decifrar letras, mas abrir caminhos para a leitura crítica da realidade. Como dizia, “a leitura do mundo precede a leitura da palavra.”
Na perspectiva freireana, alfabetizar é um ato de liberdade e cidadania: possibilita que cada pessoa compreenda a realidade e se torne agente de transformação social. Mas, apesar de inspiradora, a pedagogia de Freire ainda não se consolidou como política de Estado no Brasil, algo urgente e necessário para enfrentar as desigualdades.
Contee: a alfabetização é direito humano inegociável
Para a Contee, o Dia Mundial da Alfabetização é ocasião para reafirmar que a alfabetização é direito humano inegociável e compromisso democrático, indispensável à construção de um Brasil soberano, justo e socialmente desenvolvido.
A Confederação defende que esse direito seja garantido como prioridade de Estado, em todas as idades e etapas da vida, com financiamento público adequado, valorização dos profissionais da educação e políticas voltadas ao combate das desigualdades regionais e sociais.
Neste 8 de setembro, a Contee conclama sindicatos, federações e toda a sociedade a fortalecer a luta por uma educação de qualidade, democrática e inclusiva. A educação é o alicerce inabalável sobre o qual deve se erguer o futuro do Brasil.
Da Redação Contee
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