Diálogo e respeito à Educação
Rede Estadual: 36 escolas pedem diálogo e respeito à Educação
A pauta da educação nesta terça-feira (03) foi intensa com inúmeras comunidades escolares da capital e do interior denunciando as ações das Coordenadorias Regionais de Educação e reivindicando diálogo com a Secretaria Estadual. Tanto na reunião da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, pela manhã, e na reunião com a equipe diretiva da Seduc à tarde que durou quase três horas, diretores, professores, pais e mães posicionaram-se contra o fechamento de turnos, a retirada da segurança das escolas e pela revogação da diretriz que exclui os alunos especiais das escolas que não possuem laudo.
Conforme a deputada Sofia Cavedon (PT), presidente da Comissão na ALRS, "36 escolas participaram da audiência onde as políticas de educação do governo estadual foram questionadas e criticadas por todos que se manifestaram" destaca a parlamentar que articulou o encontro dos diretores com a Seduc. Na Secretaria Sofia enfatizou que o esvaziamento do espaço pedagógico com o fechamento de turnos, de turmas e escolas, a retirada da segurança nas instituições e a falta de diálogo da Seduc e CREs da rede estadual é inaceitável. "Pedimos essa reunião para que a comunidade escolar seja ouvida pela gestão da Secretaria", afirmou a deputada.
Após o encontro Sofia considerou um grande avanço o diálogo ocorrido, que inclusive reverteu a situação de fechamento de turno de algumas das escolas presentes. "Ficou muito claro que a falta de diálogo é um problema das Coordenadorias que deveriam conhecer a realidade da escola, ouvir a direção e o conselho escolar. Essa falta de diálogo é que tem gerado muito das crises denunciadas e que se tivessem sensibilidade e percepção por parte das CREs das demandas, as escolas não teriam tantos problemas".
A deputada informa ainda que todas as instituições foram ouvidas e irão encaminhar para a Secretaria, via email, a situação de cada uma que será analisada individualmente. A parlamentar informa também que foi anunciado pela Seduc a contratação de segurança, em licitação, para a noite e, para o perído do dia, será realizada por cargos que a própria Secretaria tem.
Professores criticam ações do governo estadual em reunião da Comissão de Educação
Sobre o fechamento de turnos, a professora da Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Nossa Senhora do Rosário, Mirian Torres, afirmou que o impacto será enorme para os jovens de Rosário do Sul. “A nossa escola também é um espaço que mantém os alunos longe da violência e das drogas. Em um único turno, é impossível fazer o atendimento e ter a estrutura física para atender 300 jovens. O fechamento é um crime contra a educação”.
A merenda escolar foi outro ponto ressaltado na fala dos educadores. Shirley Rejane da Silva, diretora da EEEF Padre José Anchieta de Rosário do Sul, reforçou a perda da qualidade do serviço oferecido às crianças. “A precarização vai retirar os direitos de crianças carentes, que não terão merenda de qualidade, nem educação. Muitas crianças vão para a escola para comer a merenda, pois não tem alimentação em casa. Tudo isso só vai aumentar a evasão escolar e a criminalidade”.
Não só do interior do estado ocorreram manifestações. Segundo Rosane Lattuada, diretora da EEEF Professor Carlos Rodrigues, de Porto Alegre, a Secretaria de Educação do Estado (Seduc) sequer comunicou o fechamento de turno na escola. “Não houve o comunicado de fechamento de turno, mas sim o bloqueio no sistema de matrículas para o turno da tarde. Então, o governo estadual sequer dialoga conosco”. A diretora citou as melhorias realizadas no local nos últimos quatro anos. “Tivemos reformas para melhorar a acessibilidade na escola e isso para quê? Para fecharem o turno agora? É um desperdício do dinheiro público”, lamentou.
Segurança
A demissão de vigilantes em algumas escolas estaduais também foi alvo de críticas de profissionais da educação. A professora Cristina Paiva, da EEEF Dom Pedro I, salientou a necessidade da presença do vigilante: “Com a retirada da vigilância nossa escola irá retornar ao ciclo de roubos e invasões”.
Para o Sindivigilantes do Sul, sindicato da classe, o trabalho do vigilante é, muitas vezes, desrespeitado e negligenciado. “Além de assegurar a segurança da escola, o vigilante também tem preparo para combater incêndios e prestar os primeiros socorros”, afirmou o secretário de Finanças do órgão, Luiz Henrique da Silva. O conselheiro do Sindicato, Marcos Barreto, foi um dos demitidos e reforça o trabalho de prevenção do profissional de segurança. “Onde os vigilantes estão presentes não há problema de violência nas escolas”.
A presidente do Sindicato dos Professores (CPERS), Helenir Aguiar Schürer, reiterou as posições da deputada. “Todos precisam estar unidos na defesa e proteção das crianças que querem estudar e merecem que a educação seja de qualidade”.
As escolas que participaram da reunião da Comissão de Educação:
Escola Mario Quintana de São Leopoldo; Escola 27 de Maio; Escola Nossa Senhora do Rosário (Rosário do Sul); Escola Carlos Rodrigues (POA); Escola Mariz e Barros; Escola Professor Claudio Moreira - Santana do Livramento; Escola Onofre Pires (POA); Escola Padre Anchieta de Rosário do Sul; Escola Dom Pedro I (PoA); Escola Seival, de Candiota;Escola Tenente Portela de Tenente Portela; Escola Coxilha de Santo Ignácio de Santana do Livramento; Escola Moisés Vianna de Santana do Livramento; Escola José Carlos Ferreira de Porto Alegre; Escola Francisco Balestrin de Tenente Portela; Escola Baipendi de Porto Alegre; Escola Paulo Freire de Santa Maria; Escola Almirante Bacelar de PoA; Escola Alvarenga Peixoto; Instituto de Educação do RS; Escola Sonho de Um Menino de Cruz Alta; Escola Floriano Peixoto de Engenho Velho; Escola Silvino Guerreiro de Caiçara; Escola Canadá de Viamão; Escola 27 de Maio de Taquara; Escola Cristo Rei; Escola Auri Berschsner de Salvador do Sul; Escola Balbino dos Santos de Herval Seco; Escola Dr. Hector Acosta de Santana do Livramento; Escola Cônego de Nadal; Escola Antônio Conselheiro de Santana do Livramento; Escola Alceu Wamosy Santana do Livramento; Escola Carolina Argemi Vasquez, de Rosário do Sul; Escola Luiza Teixeira Laufer; Escola Liberato; Escola Rodolfo Costa.