Economia com a isenção do IR
Saiba quanto você vai economizar e quando isenção do IR começa a valer
Do UOL, em São Paulo
05/11/2025
O Senado aprovou hoje o projeto de lei que isenta de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5.000 por mês. Mais cedo, a proposta passou pela CAE (Comissão de Assuntos Econômicos). O texto segue para sanção do presidente Lula (PT). Se ele assinar o texto ainda este ano, o que deve acontecer, a mudança passará a valer em 2026.
O que aconteceu
Proposta foi aprovada em votação simbólica no Senado. O texto estabelece que todos os brasileiros com rendimento de até R$ 5.000 mensais ficarão isentos de pagar o tributo.
Lei deve beneficiar cerca de 16 milhões de brasileiros. A estimativa considera, além da isenção total aos rendimentos de até R$ 5.000, uma redução das alíquotas a quem recebe até R$ 7.350, com base na atual tabela progressiva do IR. Conforme as projeções, o contribuinte com salário mensal de R$ 6.250 terá uma economia anual de aproximadamente R$ 1.800 por ano com a medida, por exemplo
Alíquota reduzida será gradual. Pessoas com renda ligeiramente superior a R$ 5.000 por mês, por exemplo, pagarão proporcionalmente menos do que indivíduos que ganham até R$ 7.350. Para quem passa desse valor, a cobrança do IR continua igual hoje
Nada muda para a declaração de IR que será entregue em 2026. Para a declaração do IR referente ao ano-base de 2025 (a ser entregue no ano que vem), as regras de isenção que valem são as atuais, uma vez que a nova isenção só valerá para rendimentos a partir de janeiro 2026, desde que a lei seja assinada por Lula ainda este ano, como previsto
Contrapartida
Compensação será dada por uma tributação mínima para os mais ricos. Para cobrir a perda arrecadatória, será cobrado um imposto mínimo de contribuintes com renda superior a R$ 600 mil por ano (o equivalente a R$ 50 mil por mês), além de uma taxação sobre remessas de dividendos ao exterior.
Rendimento via dividendos hoje não é tributado. Muitos profissionais liberais que trabalham em regime "pejotizado" (como pessoa jurídica, em vez de carteira assinada) conseguem evitar total ou parcialmente o pagamento de imposto ao retirar sua renda dos dividendos das suas empresas, que são isentos do pagamento de IRPF. A adoção do imposto mínimo busca reduzir essa distorção.
Alíquotas sobre a população mais rica chegarão a 10%. A cobrança será gradual para os rendimentos que ultrapassarem R$ 600 mil por ano (R$ 50 mil por mês), começando por uma faixa de 2,5%. O percentual mais elevado incidirá sobre pessoas com rendimento anual acima de R$ 1,2 milhão (R$ 100 mil por mês), que serão responsáveis pelas cobranças máximas
Cobrança mínima para renda superior a R$ 50 mil por mês deve atingir somente 0,13% dos contribuintes, avalia o Ministério da Fazenda. O grupo é formado por cerca de 140 mil pessoas que atualmente recolhem em média 2,54% de Imposto de Renda.
Imposto mínimo vai considerar o que já foi pago pelas faixas de renda mais altas. Caso um contribuinte com rendimento anual de R$ 1,2 milhão recolha 8% de Imposto de Renda, terá que pagar apenas mais 2% para atingir os 10%. Se um contribuinte com R$ 2 milhões já pagou 12% de IR, não pagará nada a mais.
Lucros e dividendos entrarão no cálculo dos rendimentos elevados. Conforme a determinação, a tributação da pessoa física será contabilizada por salários, aluguéis, dividendos e outros rendimentos. Não entram na compensação eventuais lucros com a venda de bens, herança, poupança, aposentadoria por doença grave e indenizações.
Regras levam em conta imposto pago por pessoas jurídicas. A soma da tributação como pessoa jurídica e como pessoa física não poderá superar 34% do valor dos dividendos pagos por empresas não financeiras, ou 45% no caso das empresas financeira. Dividendos enviados ao exterior ficam sujeitos a uma tributação de 10% na fonte, independentemente do valor.
Simulações
Na prática, a medida amplia a isenção e concede descontos a uma parcela maior de contribuintes. Para quem ultrapassar a faixa de isenção, haverá reduções parciais no valor devido, aplicadas de forma escalonada, até rendimentos de R$ 7.350,00.
Governo apresentou alterações estimadas com as novas alíquotas. Segundo as projeções, a isenção fará com que uma professora que recebe o piso de R$ 4.867,77 da categoria deixe de pagar integralmente os R$ 312,89 que eram descontados na fonte mensalmente.
Sócios de empresas podem passar a pagar mais. O dono de uma empresa que recebe R$ 985 mil por ano e tem uma alíquota efetiva de 2,7% passará a pagar mais 3,72%, porque sua alíquota mínima será de 6,42%, segundo a tabela apresentada pelo ministério.
Exemplos de como fica o IR:
Quem ganha R$ 5.500 terá seu imposto mensal reduzido de R$ 436,79 para R$ 190,47
Quem ganha R$ 6.250 por mês terá redução de R$ 643,04 para R$ 496,48
Quem ganha R$ 7.200 passará de R$ 904,29 para R$ 884,31
Quem ganha acima de R$ 7.350 continua como está, com alíquotas de 27,5%
Imposto de até 10% para alta renda.
Para os contribuintes de alta renda, ou seja, aqueles com ganhos acima de R$ 50 mil por mês (R$ 600 mil por ano), a proposta é de um imposto mínimo, a ser aplicado de forma escalonada, até o limite de 10%.
Renda anual de até R$ 600 mil - Sem cobrança adicional de imposto
Renda anual de R$ 750 mil - Alíquota de 2,5%, equivalente a R$ 18.750
Renda anual de R$ 900 mil - Alíquota de 5%, equivalente a R$ 45 mil
Renda anual de R$ 1,05 milhão - Alíquota de 7,5%, equivalente a R$ 78.750
Renda anual de R$ 1,2 milhão - Alíquota de 10%, equivalente a R$ 120 mil
Isenção do Imposto de Renda é promessa de campanha do presidente Lula. O projeto foi apresentado pelas mãos do petista e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
FONTE:





