Educação bilíngue

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Educação bilíngue no Brasil

 

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Antonieta Heyden Megale é uma das palestrantes do Grande Encontro da Educação

Nas últimas duas décadas, testemunhamos em nosso país uma mudança ideológica que reconhece e incentiva o multilinguismo brasileiro e que legitimou a educação bilíngue em diferentes contextos: para surdos, para indígenas e para comunidades de fronteiras. Além disso, assistimos ao grande crescimento no número de escolas bilíngues de prestígio português-inglês, uma das formas de educação bilíngue em expansão no Brasil e que ainda não possui uma legislação em âmbito nacional que a regulamentarize.

Anualmente, diversas escolas bilíngues desse tipo são abertas nas grandes capitais e diversas escolas regulares monolíngues passaram a adotar currículos bilíngues a fim de serem nomeadas escolas bilíngues e, com isso, atingirem uma maior parcela da população brasileira de alta renda. Tradicionalmente, os pais brasileiros escolhiam os colégios para seus filhos com base na proposta geral de ensino da instituição: a aprendizagem de uma língua estrangeira era delegada aos institutos de idiomas, ainda que os currículos das escolas nas quais seus filhos estavam matriculados contemplasse o ensino de uma língua adicional. Com o tempo, as escolas regulares passaram a terceirizar o ensino de idiomas estrangeiros a fim de melhorar o ensino dessas línguas que era considerado ineficiente por várias razões, como falta de fluência dos professores, número de aulas insuficiente e muitos alunos em sala de aula. Porém, a terceirização, também, mostrou-se ineficiente, uma vez que pressupõe a entrada de uma instituição – os institutos de idiomas – com seus próprios princípios e diretrizes, dentro de uma escola regular que funciona e entende os processos de ensino-aprendizagem de modos, muitas vezes, distintos dos observados por esses institutos. É nesse momento, então, que surgem as Escolas Bilíngues Brasileiras. Essas escolas tiveram grande adesão das famílias brasileiras, que passaram a percebê-las como uma oportunidade cômoda para conseguir duas funções tão importantes e necessárias na educação de seus filhos: uma educação de qualidade e o ensino de um idioma.

Apesar do crescimento significativo das escolas de educação bilíngue, não há nenhuma lei nacional que embase esse tipo de educação. Essa falta de regulamentação por parte do MEC faz com que a própria definição do que seja uma escola bilíngue se tornasse um tema bastante controverso e repleto de mal-entendidos. A expressão “educação bilíngue” é utilizada de maneira abrangente para caracterizar diferentes formas de ensino nas quais os alunos recebem instrução, ou parte dela, em uma língua diferente da que utilizam em casa. Os modelos e tipos de educação bilíngue são variados e diferem quanto aos objetivos, às características dos alunos participantes, à distribuição do tempo de instrução nas línguas envolvidas, às abordagens e práticas pedagógicas, entre outros aspectos do uso das línguas e do contexto em questão.

De forma geral, a educação bilíngue está relacionado à instrução que ocorre na escola em pelo menos duas línguas. As escolas bilíngues têm como foco oferecer aos alunos altos níveis de proficiência nas duas línguas utilizadas na escola, por meio de uma abordagem baseada na aprendizagem de conteúdos. Em escolas bilíngues português-inglês, por exemplo, ao invés de somente aulas de inglês, nas quais a finalidade única é o aprendizado da língua-alvo, são ministradas também aulas em inglês, que possuem uma finalidade dupla: o ensino da língua e o ensino do conteúdo.

Frente a um crescimento tão expressivo, a demanda por parâmetros legais que regulem e norteiem as escolas bilíngues torna-se cada vez mais premente em face do aumento do número dessas escolas e, por conseguinte, da necessidade de formação específica de professores para atuar nessas instituições.

*Antonieta Heyden Megale é coordenadora do curso de pós-graduação em Educação Bilíngue: desafios e possibilidades e da extensão do Instituto Singularidades. É professora do curso Bilinguismo: Revisão de Teorias e Análise de Dados da PUC/COGEAE e dos cursos de pós-graduação em Educação Bilíngue e Cognição da Faculdade INEH (Novo Hamburgo/RS). É uma das palestrantes confirmadas do Grande Encontro da Educação.

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Precisamos falar sobre Educação Bilíngue e BNCC

 
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Crédito: Shutterstock

O constante aumento da integração entre nações, povos e culturas tornou essencial o conhecimento de uma segunda língua para o desenvolvimento pessoal e profissional de indivíduos que buscam inserção em um mundo globalizado. Apesar das inúmeras possibilidades de alcance do bilinguismo, é também crescente o interesse de pais e alunos por estratégias de aprendizado de uma nova língua que sejam cada vez mais associadas ao cumprimento do currículo escolar e ao desenvolvimento pessoal. O objetivo é que o aprendizado do inglês como segunda língua aconteça de maneira orgânica, ao passo que o aluno aprende outras disciplinas da estrutura curricular da escola, como história, geografia e biologia.

De acordo com a especialista em educação bilíngue Virgínia Garcia, o Ensino Bilíngue proporciona ao aluno maior discernimento de seus processos cognitivos e desenvolve um maior número de estratégias de aprendizagem. Além disso, o contato com outras culturas e costumes proporcionado pelo ensino de uma nova língua, promove nos alunos uma maior tolerância às diversidades e, por consequência, impulsiona os alunos bilíngues à conscientização de que somos todos cidadãos globais, desenvolvendo assim competências que são essenciais para o futuro.

Ao falar de educação bilíngue, é importante ressaltar a diferença entre escola internacional e escola com programa bilíngue. A escola internacional tem o ensino fundamentado em currículo e a proposta pedagógica de outro país; já uma escola com programa bilíngue utiliza, de maneira exclusiva, o currículo brasileiro e pode incluir uma carga-horária estendida para inserção do ensino do idioma na estrutura curricular da escola. Em outras palavras, no contexto de educação bilíngue, os alunos não têm aulas de inglês, mas sim, aulas em inglês. O idioma é, então, utilizado como meio de instrução de ensino, ao invés de ser apenas a finalidade da aula.

O fundamento básico da educação bilíngue é fazer uso da língua materna do aluno para ensinar conteúdo escolar, incluindo nesse ensino o contato e aprendizado de um idioma adicional. Dentre os benefícios que o Ensino Bilíngue proporciona na vida escolar e acadêmica dos alunos que foram imersos nessa modalidade de ensino, alguns dos benefícios mais aparentes são a maior capacidade de organização, concentração e o melhor desenvolvimento de habilidades cognitivas relacionadas à escrita, à fala e à leitura.

No Brasil, de acordo com pesquisas feitas pelo Conselho Britânico, 92% das posições de trabalho oferecidas por recrutadores tem como pré-requisito o conhecimento de inglês em nível avançado. Na mesma pesquisa, verificou-se que menos de 1% dos brasileiros fala inglês fluentemente. Desse modo, percebe-se a existência de um grande intervalo entre as necessidades do mercado brasileiro e a oferta de mão-de-obra com domínio do idioma.

Com a recente atualização da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o ensino de língua inglesa tornou-se obrigatório em todas as escolas, inclusive as do setor público, a partir do Ensino Fundamental II. Nesse contexto, alguns dos principais desafios das escolas será encontrar docentes qualificados para o ensino bilíngue e a adaptar o ensino do idioma a estrutura curricular já vigente.

Considerando esse cenário, o programa bilíngue da International School foi estruturado para oferecer um suporte completo aos alunos, professores e gestores escolares. As escolas podem optar por aplicar o programa bilíngue, utilizando a sua própria estrutura e recursos. Além da abordagem e dos kits de materiais, oferece apoio às escolas na formação de professores, implementação e monitoramento de qualidade do Ensino Bilíngue em visitas mensais. O foco da International School está em oferecer soluções bilíngues com elevados padrões de qualidade, como um primeiro passo para a transformação da educação brasileira.

 

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