Educadores repudiam a chacina
Educadores brasileiros repudiam a chacina promovida pelo Governo do Rio de Janeiro
Publicado: 01 Novembro, 2025
Escrito por: CNTE | Editado por: CNTE

Os/as educadores/as brasileiros/as manifestam o seu mais veemente repúdio à trágica e inaceitável chacina ocorrida nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, durante a megaoperação policial promovida pelo Governo do Estado, que resultou na morte de mais de 120 pessoas, tornando-se a ação policial mais letal da história do Estado, superando inclusive o massacre do Carandiru.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro, que divulgou n o dia de hoje a lista parcial com nomes dos 99 suspeitos mortos da operação da última terça-feira (28/10), indicou que nenhum havia sido denunciado pelo Ministério Público do Rio na investigação que embasou a ação policial, e nenhum tinha mandado de prisão devido a esse processo.
Lamentamos profundamente a escalada de violência promovida pelo Estado, que, sob o pretexto de combate ao crime organizado, lançou mão de uma força desproporcional, com 2.500 agentes, helicópteros, blindados e drones, transformando comunidades inteiras em zonas de guerra e ceifando vidas humanas, muitas delas ainda sob investigação quanto à sua real vinculação com atividades criminosas.
É inadmissível que, diante de tamanha tragédia, o governador do Estado do Rio de Janeiro tenha se limitado a lamentar exclusivamente a morte dos quatro policiais envolvidos, ignorando a dor e o luto de dezenas de famílias que perderam seus entes queridos. Tal postura revela não apenas insensibilidade, mas também uma visão seletiva e desumana sobre o valor da vida, especialmente quando se trata de moradores de favelas e periferias.
Repudiamos, com igual veemência, a postura do Governador ao se opor à proposta de coordenação nacional da segurança pública apresentada pelo Governo Federal a pouco tempo atrás. Em ummomento em que o país clama por políticas integradas, baseadas em inteligência, prevenção e respeito aos direitos humanos, a recusa em cooperar institucionalmente revela um projeto de segurança pautado na lógica da repressão e do extermínio.
Causa-nos ainda mais indignação a reunião de governadores realizada no dia 30 de outubro em apoio ao governador do Rio de Janeiro. Tal encontro, longe de representar solidariedade institucional, configura-se como uma excrescência política, motivada por interesses eleitorais mesquinhos e pela tentativa de blindar uma gestão marcada pela falência da segurança pública e pelo desprezo à vida dos mais vulneráveis.
Diante disso, exigimos a imediata apuração independente e transparente dos fatos, com responsabilização dos agentes e autoridades envolvidos, bem como a revisão urgente das políticas de segurança pública no estado do Rio de Janeiro, com foco na proteção da vida e no respeito aos direitos fundamentais. Também é fundamental e imperativo que o diálogo federativo seja retomado para a construção séria e comprometida de uma política nacional de segurança pública democrática e eficaz.
A história cobrará daqueles que, diante do horror, escolheram o silêncio, a omissão ou o conluio. Nós escolhemos a memória, a justiça e a dignidade. Pela vida. Pela democracia. Contra a barbárie.
Brasília, 31 de outubro de 2025
Direção Executiva da CNTE
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