Ensino Superior pode aumentar salário
Diploma de Ensino Superior pode aumentar salário em 148% no Brasil, aponta OCDE
Estudo analisou dados educacionais como desempenho dos estudantes, taxas de matrícula e organização dos sistemas educacionais
Agência Brasil

No Brasil, ter um diploma de Ensino Superior faz diferença: aumenta as chances de ter um emprego e melhores salários, que chegam a mais que o dobro daqueles que têm formação até o Ensino Médio. Mesmo assim, um em cada quatro estudantes abandona os estudos depois de cursar apenas um ano.
As informações estão no relatório Education at a Glance (EaG) 2025, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as principais e mais ricas economias do mundo.
O documento traz dados educacionais como desempenho dos estudantes, taxas de matrícula e organização dos sistemas educacionais dos 38 países-membros da organização, além de Argentina, Bulgária, China, Croácia, Índia, Indonésia, Peru, Romênia, Arábia Saudita, África do Sul e Brasil – que é parceiro-chave da OCDE.
Neste ano, o relatório tem como foco principal o Ensino Superior. Os dados mostram que brasileiros de 25 a 64 anos que concluem o Ensino Superior ganham, em média, 148% a mais do que aqueles que têm Ensino Médio. Essa diferença é maior do que a média dos países da OCDE, que é de um salário médio 54% maior.
Mas, essa etapa de ensino não chega a todos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas um a cada cinco, ou seja, 20,5% dos brasileiros de 25 anos ou mais têm Ensino Superior, conforme dados de 2024.
O relatório traz outra preocupação. Quase um quarto (24%) dos jovens de 18 a 24 anos no Brasil, não estão empregados, em educação ou em treinamento (Neet na sigla em inglês).
Além disso, há uma diferença entre homens e mulheres, com 29% das mulheres e 19% dos homens sendo Neet em 2024 no Brasil.
Abandono dos estudos
Entre aqueles que entram no Ensino Superior, no Brasil, um em cada quatro abandona os estudos após o primeiro ano do bacharelado. Apenas 24% de todos os jovens de 25 a 34 anos de fato concluem o Ensino Superior, o que representa pouco menos da metade da média da OCDE de 49%.
Segundo o relatório, as altas taxas de evasão no primeiro ano “podem sinalizar um descompasso entre as expectativas dos alunos e o conteúdo ou as exigências de seus programas, possivelmente refletindo a falta de orientação profissional para futuros alunos ou apoio insuficiente para novos ingressantes”, diz o texto.
Investimentos no Ensino Superior
Em relação aos investimentos do país em Ensino Superior, no Brasil os gastos governamentais chegam a cerca de R$ 20 mil por aluno, em valores de 2022. Já a média da OCDE é de cerca de R$ 80 mil.
Embora, em valores, o investimento seja inferior, quando comparado ao Produto Interno Bruto (PIB) — que é a soma de todas as riquezas produzidas pelo país —, o investimento governamental no Brasil é semelhante ao da média da OCDE, 0,9% do PIB no Ensino Superior, incluindo os investimentos em pesquisa e inovação.
Gasto público maior
Em coletiva de imprensa, realizada na última terça-feira (9), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) afirmou que os valores de investimento apresentados no relatório estão incorretos e que já solicitou uma revisão à OCDE. O gasto público por aluno em universidades federais é de cerca de R$ 83 mil — acima da média da OCDE.
Segundo o Inep, a OCDE dividiu o total de recursos públicos por todos de estudantes do Ensino Superior, incluindo os de instituições privadas. No entanto, o cálculo correto considera apenas alunos de universidades públicas. No Brasil, cerca de 80% das matrículas estão no setor privado, segundo o último Censo da Educação Superior, de 2023. Os gastos com esses alunos não está, portanto, incluído no valor informado pelo Inep.
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