Escola alagada suspende aulas

SOS Educação: Escola de Porto Alegre suspende aulas devido a alagamento
“O meu sentimento é de desânimo. A gente tenta organizar a escola, arrumá-la para que fique adequada para receber os alunos, oferecendo o máximo de conforto, para que eles gostem do ambiente e se sintam felizes. Porém, esse alagamento é um problema crônico aqui. Passam-se anos e anos, e não conseguimos resolver. Tudo o que oferecemos acaba indo por água abaixo, literalmente.”
Esse é o desabafo de Aline Bittencourt, diretora da EEEF Humaitá, localizada na Vila São Borja, em Porto Alegre. A escola precisou suspender as aulas devido a um alagamento que persiste dias após a forte chuva ocorrida no último domingo (16) na capital.
A narrativa do governador Eduardo Leite (PSDB), que afirma investir nas escolas estaduais e valorizar as(os) profissionais da educação, cai por terra diante de instituições como essa, que clamam por ajuda para continuar oferecendo o mínimo de estrutura a estudantes e trabalhadoras(es) da área.
A escola foi completamente alagada, atingindo pátio, corredores, salas e banheiros. A água parada não consegue ser escoada. A diretora ressalta que essa situação se repete há anos sempre que chove, pois a região não é urbanizada, o que compromete o saneamento básico no entorno da escola. Além disso, a estrutura foi construída abaixo do nível da Rua B e das redes pluviais. “A maioria das casas foi ocupando o espaço, e todo o saneamento básico ficou comprometido. A escola está em um ponto mais baixo do que o entorno, então, quando chove, a água invade o prédio e não consegue sair. A rede não comporta o volume”, explica Aline.
Equipes do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) estiveram no local na tarde desta terça-feira (18) para limpar a rede, mas a medida não foi suficiente. Nesta quarta-feira (19), a autarquia retornou, porém, o problema persiste. A escola também contratou uma empresa privada para auxiliar na drenagem.
“Neste momento, estamos tomando medidas paliativas com a ajuda do Dmae e dessa empresa privada para limpar a rede de esgoto no entorno da escola. O nível da água já baixou bastante, mas ainda tentam identificar onde está a obstrução. Todas as casas próximas também estão sendo invadidas pela água quando chove. A situação piorou após a enchente de maio”, relata a diretora.
Aline destaca que a comunidade escolar está muito abalada. Um grupo de mães chegou a chamar a imprensa para denunciar o problema e buscar uma solução. “Eles percebem nossa angústia, enquanto gestão da escola, por não conseguirmos resolver um problema que envolve não apenas a escola, mas também políticas públicas”. A recuperação das aulas será feita aos sábados, e a previsão de retorno é para a próxima sexta-feira (21). “Amanhã vamos passar o dia limpando a escola para poder receber os estudantes de volta”, conclui.
Atualmente, a instituição atende cerca de 280 estudantes, mas, devido à situação, algumas transferências já foram realizadas nesta semana.
O CPERS segue atento à realidade das escolas estaduais e reafirma seu compromisso na luta por instituições com infraestrutura adequada, garantindo um ensino de qualidade para nossas(os) estudantes e condições dignas de trabalho para professoras(es) e funcionárias(os).