Escola integral não é só aumentar o tempo

Escola integral não é só aumentar o tempo

Escola integral "não é só aumentar o tempo", diz Camilo Santana

O programa que visa criar um milhão de vagas em tempo integral na rede pública foi assinado nesta segunda (31/7) pelo presidente Lula

Victor Correia  31/07/2023

 

Camilo:

Camilo: "Não é só aumentar o tempo da escola. É ampliar a formação das equipes, a gestão das matrículas em cada escola. Passa pela formação dos educadores. Passa pelo fomento" - (crédito: Victor Correia/ CB)

 

O ministro da Educação, Camilo Santana, declarou nesta segunda-feira (31/7) que a educação em tempo integral "não é só aumentar o tempo da escola", e que o programa sancionado hoje contribui para diminuir a evasão escolar visa aumentar a remuneração futura dos alunos formados e contribui com a segurança pública. O ministro discursou na cerimônia de assinatura do Programa Escola em Tempo Integral, no Palácio do Planalto, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo Camilo, o Ministério da Educação vai disponibilizar recursos para estados e municípios, além de monitorar a eficácia das escolas. "Não é só aumentar o tempo da escola. É ampliar a formação das equipes, a gestão das matrículas em cada escola. Passa pela formação dos educadores. Passa pelo fomento", discursou. "Vamos focar e estipular que essas escolas sejam profissionalizantes", acrescentou.

O governo federal vai destinar R$ 4 bilhões para o programa, que visa aumentar em um milhão o número de alunos em tempo integral na rede pública até o fim do ano, e em três milhões até 2026. Metade do recurso será repassado agora, e a outra metade após a implementação das matrículas, explicou Camilo Santana.

"Nós vamos acompanhar com um sistema de monitoramento e avaliação dessas escolas em tempo integral. Onde queremos chegar? Agora em 2024 com 50% das escolas em tempo integral, e pelo menos 25% das matrículas em todo o ensino básico", frisou o ministro.

Contra a evasão escolar

Ele destacou ainda que a escola em tempo integral, segundo estudos já realizados, aumenta a chance de entrada na universidade, bem como a remuneração dos alunos após a formação. Camilo disse também que a medida reduz a evasão, um problema especialmente na passagem para o primeiro ano do ensino médio.

O ministro também declarou que, nas escolas, os alunos estão mais seguros. "Para mim, é uma das maiores políticas de prevenção que podemos fazer frente às questões de violência e da Segurança Pública no Brasil", enfatizou.

O programa foi lançado hoje com a presença de ministros, como Flávio Dino (Segurança) e Marina Silva (Meio Ambiente), governadores, como Elmano de Freitas (Ceará) e Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte), parlamentares e outras autoridades.

FONTE:

https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/2023/07/5113123-escola-integral-nao-e-so-aumentar-o-tempo-diz-camilo-santana.html 

 

 

Escola em tempo integral é grande salto para o país, diz educador 

A convite do Ministério da Educação, o professor Yuri Norberto está em Brasília para representar educadores brasileiros na solenidade de sanção da legislação

Agencia Brasil  31/07/2023

 

Escola em tempo integral.

Escola em tempo integral. "Grande salto para o para o país", diz professor Yuri Norberto, do Centro de Excelência Atheneu Sergipense. - (crédito: Reprodução/ Arquivo Pessoal)

 

Nesta segunda-feira (31), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sanciona a Lei de Incentivo às Escolas de Tempo Integral. O texto regulamenta o repasse de recursos e de assistência técnica da União para estados e municípios no intuito de ampliar o número de vagas nessa modalidade de ensino, que prevê uma jornada igual ou superior a sete horas diárias ou 35 horas semanais. 

A previsão é de que sejam investidos R$ 4 bilhões no programa, que tem como meta criar, até 2026, 3,6 milhões de novas vagas, sendo 1 milhão de novas matrículas logo na primeira etapa.  

A convite do Ministério da Educação, o professor Yuri Norberto, do Centro de Excelência Atheneu Sergipense, está em Brasília para representar educadores brasileiros na solenidade de sanção da legislação. Sergipe é o quarto estado do Brasil com maior taxa de matriculados no ensino integral – das 318 escolas estaduais, 96 são em tempo integral – 11 de ensino fundamental, três de ensinos médio e fundamental, seis de ensino profissionalizante e 76 de ensino médio integral. A previsão é chegar a 156 unidades nos próximos anos. 

Em entrevista à Agência Brasil, o professor de sociologia citou projetos classificados por ele mesmo como inovadores na educação, como o Atheneu ONU, um modelo de simulação das Nações Unidas em que os alunos simulam ser chefes de Estado, e o Laboratório de Educação e Aprendizagem Digital, no qual os alunos aprendem sobre marketing, programação e produção de conteúdo.

Norberto também é o criador do projeto Observatório Internacional da Notícia, que tem como objetivo promover uma espécie de alfabetização digital e combater a desinformação.  

Confira os principais trechos da entrevista: 

Agência Brasil: Na sua avaliação, qual a importância da educação em tempo integral no Brasil hoje? 

Yuri Norberto: Acho que esse talvez seja o ponto fundamental: o grande salto que o Brasil pode dar agora é a educação em tempo integral porque ela tem essa visão não só de tempo integral, mas da integralidade do aluno. O Brasil já conseguiu avançar em alfabetização, em universalizar todos os níveis e modalidades da educação básica. Estamos prontos pra dar o próximo passo, que é uma educação integral e que, no meu entender, vem sim por meio da educação de tempo integral. 

Agência Brasil: A partir da sua experiência com a educação integral, o que essa modalidade produz nos alunos? 

Yuri Norberto: A gente costuma dizer, na educação em tempo integral, que a pedra fundamental é o projeto de vida: qual o sonho que o aluno traz pra escola e como a escola pode potencializá-lo pra que ele alcance esse objetivo? Não é possível que a gente não consiga trabalhar e dar ao jovem o direito que ele tem de entender quem ele é e projetar quem ele quer ser e quais espaços quer alcançar.

Na educação integral, tudo o que a gente faz, leciona e organiza tem como base o projeto de vida dos alunos. É como se fosse um projeto de customização da educação – a gente adapta a escola àqueles alunos pra que ela atenda àqueles projetos de vida. Aí sim a educação faz sentido. Eu, aluno, vou estar em um lugar que me acolhe, que me entende e que me ajuda a potencializar quem eu sou. 

Agência Brasil: Dentro desse contexto do ensino integral, que tipo de ações colaboram para a permanência dos estudantes nas escolas? 

Yuri Norberto: A tutoria é um processo muito interessante. É um direito que o aluno tem, de ter uma conversa com alguém que vai orientá-lo. Temos também as disciplinas eletivas, que a gente chama de parte diversificada do currículo. No momento em que a gente pega o currículo, ele vai se apresentar de diferentes formas pro aluno – às vezes, de maneira mais lúdica, às vezes, de maneira um pouco mais prática.

É nessa escola que os alunos gostam de estar e onde o processo de aprendizagem é dinâmico, plural, diverso e envolvente. Então, a escola começa a fazer sentido. Ela passa a ser um lugar de afeto e acolhimento atrelado ao aprendizado. 

Agência Brasil: Quando a gente fala em formação integral, é preciso fomentar uma política educacional que preze pela valorização do professor? 

Yuri Norberto: A valorização tem dois caminhos. Claro que tem a valorização salarial, muito importante. Mas há também uma valorização da formação do professor. É preciso que o professor tenha a oportunidade de refazer a sua formação e aprender coisas novas. A valorização do professor passa por esses dois caminhos: acolhimento, apoio, salário, mas, principalmente, formação. 

Agência Brasil: As mudanças exigiriam, portanto, alterações nos currículos e nas jornadas de trabalho dos profissionais de educação? 

Yuri Norberto: Sim. Se você olhar, todas as profissões mudaram ao longo do tempo. Nós não seríamos exceção. Talvez a profissão de educador seja a última a estar mudando. A gente continua com a mesma forma de contratação e de distribuição de carga horária. Parece que ficamos pra trás. Na verdade, implementar essas alterações nos currículos e nas jornadas de trabalho dos profissionais de educação seria acompanhar o passo que a sociedade está dando. 

Agência Brasil: O senhor pode detalhar alguns dos projetos que encabeça atualmente e que envolvem o ensino integral?  

Yuri Norberto: Vou destacar dois. O Atheneu ONU, um modelo de simulação das Nações Unidas em que os alunos simulam ser chefes de Estado de diversos países. Eles pesquisam sobre outros países, a parte política e geográfica. A partir desse conhecimento, eles precisam mobilizar um conjunto de tarefas, aprender a negociar, conversar e a estabelecer prioridades. Assim, a gente vai desenvolvendo o ser humano como um todo.

Outro projeto que temos é o Laboratório de Educação e Aprendizagem Digital. Os alunos aprendem marketing, programação, produção de conteúdo. Costumo dizer que é a escola dentro da escola, já que a gente refaz o processo de aprendizagem e leva pra dentro da escola coisas que geralmente eles não aprenderiam lá. 

Agência Brasil: Como o senhor vê essa retomada de uma política nacional para ampliar as matrículas no ensino em tempo integral? 

Yuri Norberto: Vejo com muita esperança. Afinal, a gente passou um período com a educação em tempo integral com limitação de expansão. Essa retomada agora com força, com pujança, com um projeto de lei, o que é muito importante, já que, até então, existia só uma portaria. É até uma segurança jurídica, algo que vai ficar, algo que a sociedade toda está demandando. Vejo com muitos bons olhos.

Finalmente, estão enxergando a educação em tempo integral não só como algo exótico e bem sucedido pontualmente, mas como algo que a gente precisa fazer para todo o país, como uma política de massa. 

FONTE:

https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/2023/07/5113122-escola-em-tempo-integral-e-grande-salto-para-o-pais-diz-educador.html 




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