Estado rico maltrata servidor

Estado rico maltrata servidor

MATO GROSSO, O ESTADO RICO QUE MALTRATA QUEM O MANTÉM DE PÉ: O SERVIDOR PÚBLICO

*Por João Guató

 

 

O Governo Mauro Mendes descobriu a alquimia política perfeita: transformar servidores públicos em vilões enquanto enche os cofres com o suor deles. O estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), apresentado a pedido da Federação Sindical dos Servidores Públicos do Estado de Mato Grosso (FESSP-MT), é um tapa na cara dos que ainda acreditam na narrativa oficial: as perdas salariais acumuladas desde 2017 somam 19,52%. Não é aumento. É devolução de um direito roubado pela inflação, a velha ladra silenciosa.

Desde 2019, a arrecadação estadual cresceu robustamente, turbinada pelo consumo da própria população e pelo trabalho dos servidores. O ICMS, este imposto que nasce do pão na padaria, do combustível no tanque e do remédio na farmácia, foi o grande motor desse salto. E, no entanto, os que garantem a engrenagem do Estado — professores, enfermeiros, policiais, administrativos — ficaram na fila do esquecimento, ouvindo promessas enquanto o calendário avança e o contracheque encolhe.

Os números revelam uma ironia: Mato Grosso é o segundo estado do país que menos gasta com pessoal — apenas 36,86% da Receita Corrente Líquida. Segundo o próprio Tesouro Nacional, há espaço de 19,65% antes de alcançar o “limite de alerta” e mais de 26% antes de encostar no “limite prudencial”. Em outras palavras: há dinheiro. O que falta é decisão política.

Para o DIEESE, o caminho é simples: criar condições orçamentárias para pagar a dívida. Para Mauro Mendes, parece mais cômodo sustentar o discurso de que a folha está “no limite”, mesmo com dados oficiais desmentindo a ladainha. Enquanto isso, a LDO de 2026 tramita na Assembleia Legislativa, e a oposição tenta costurar um espaço para começar a recomposição já no próximo ano.

O deputado Lúdio Cabral, médico e conhecedor da rotina sufocante da saúde pública, foi direto: “Não é aumento, é recomposição. E o Estado tem que pagar essa dívida”. O DIEESE fez as contas com base nos índices oficiais (INPC e IPCA) e mostrou que a inflação corroeu mais de 19% do poder de compra.

Essa corrosão não é apenas econômica, é também moral: cria um servidor endividado, desmotivado e descrente. Um Estado que ostenta superávit, mas não cumpre com quem o sustenta, é como um fazendeiro que engorda o gado e deixa o vaqueiro comendo poeira.

Em tempos de discursos inflamados sobre “gestão eficiente” e “cortes necessários”, o que se vê é uma escolha consciente: priorizar as sobras para a publicidade e para os compadrios políticos, deixando para os servidores o prato frio da austeridade seletiva. E, como em toda boa peça cínica, o governo se diz preocupado com “responsabilidade fiscal” enquanto a responsabilidade social é deixada de lado.

No Mato Grosso de Mauro Mendes, o recado é claro: **o caixa está cheio, mas o bolso do servidor vai continuar vazio** — a não ser que a pressão saia da retórica e bata às portas do Judiciário e das ruas. Afinal, sem conflito, este governo não muda o script.

FONTE:

Pasquim Cuiabano Joao Guato  - https://www.facebook.com/joaoguato?locale=pt_BR




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