Fake news sobre barco
Bolsonarismo inunda redes com fake news sobre barco usado por Lula na COP30
Todo tipo de mentira vem sendo compartilhado pela extrema direita, inclusive pelo perfil oficial do PL. Veja cada um dos absurdos e o desmentido.

A onda de desinformação sobre a hospedagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a COP30, em Belém, no Pará, ganhou força nos últimos dias, impulsionada por perfis alinhados à extrema direita bolsonarista e até pelo canal oficial do Partido Liberal (PL) nas redes sociais, que chegou ao cúmulo de dizer que "Lula gastou R$ 260 milhões com iates de luxo". Não, você não leu errado. A sigla radical que abriga o golpista condenado Jair Bolsonaro diz que o presidente teria desembolsado mais de um quarto de bilhão de reais com essas embarcações nababescas, que sequer existem naquela região, uma mentira que dispensa qualquer tipo de explicação pelo próprio absurdo em si.
Para piorar tudo, o que começou como críticas à escolha de uma embarcação privada para abrigar o chefe do Executivo federal e sua equipe evoluiu para uma enxurrada de narrativas distorcidas, com o objetivo de minar a credibilidade do evento climático e do Planato.
Em meio à superlotação hoteleira na capital paraense, causada pela chegada de milhares de delegados internacionais, o Planalto optou por uma solução logística que priorizasse segurança e funcionalidade, mas isso não impediu a proliferação de boatos que misturam exageros, omissões e invenções puras. Especialistas em checagem de fatos alertam que essas postagens, muitas vezes viralizadas em plataformas como o X (antigo Twitter), buscam capitalizar politicamente sobre a pauta ambiental, transformando uma decisão prática em suposto escândalo moral, apenas reforcando uma indústria de mentiras contra Lula e o PT que já se arrasta por anos.
O contexto é simples: com hotéis inflacionados e leitos insuficientes para os 45 mil participantes esperados, o governo buscou alternativas flutuantes, comuns em eventos semelhantes na região amazônica. Lula havia mencionado publicamente a ideia de usar um barco para evitar excessos, reforçando o tom de simplicidade da conferência. No entanto, a oferta inicial da Marinha do Brasil, por lógica, não atendeu aos padrões mínimos de infraestrutura para uma comitiva presidencial, levando à locação de uma embarcação maior via processo regular.
Abaixo, uma lista mostra as principais falsidades disseminadas pelo bolsonarismo, seguidas de esclarecimentos baseados em dados oficiais e análises independentes:
1 - O barco é um “iate de luxo superfaturado”, alugado diretamente de um amigo de Lula em esquema de corrupção.
Essa invencionice sugere que o presidente favoreceu um conhecido pessoal para locar a embarcação, ignorando opções gratuitas da Marinha por motivos pessoais. Na verdade, a locação ocorreu por intermédio de uma agência de turismo especializada, sem qualquer tipo de favorecimento direto ou indireto. O Planalto confirmou que a escolha seguiu critérios estritos de conformidade legal, com foco em adequação técnica, e que nenhum empresário específico foi contactado de forma irregular. A decisão veio após a Marinha admitir limitações na sua oferta, como falta de espaço e equipamentos para abrigar dezenas de assessores.
2 - O custo do aluguel é de R$ 450 mil ou mais, representando esbanjamento com dinheiro público em tempos de crise.
Postagens exageram um valor estimado para embarcações semelhantes, insinuando desperdício deliberado. O governo ainda não divulgou o montante exato por razões de prestação de contas em andamento, mas garantiu que os detalhes serão tornados públicos no Portal da Transparência assim que as missões forem finalizadas. A opção foi comparável a pacotes hoteleiros na cidade, aliás, com preço até menor, já que estes dispararam até dez vezes devido à demanda. O Planalto , inclusive, já moveu ações judiciais contra abusos de preços no setor. Não há indício algum de superfaturamento. A embarcação opera como um hotel flutuante padrão, com capacidade para 65 pessoas, e foi atracada em base naval para otimizar custos logísticos.
3 - Usuários e políticos bolsonaristas espalham que o barco onde o Lula está hospedado estaria consumindo 150 litros de combustível fóssil por hora.
O barco usado pelo presidente, enquanto atracado, utiliza energia elétrica de terra, fornecida diretamente do cais. O barco só consome energia elétrica gerada pelos motores enquanto está navegando, algo que ele não fará enquanto Lula estiver à bordo.
4 - A embarcação tem histórico de corrupção e foi usada em crimes eleitorais para beneficiar Lula.
Essa alegação desconexa liga o barco a supostas irregularidades passadas no Amazonas, sugerindo que o presidente endossou uma frota envolvida em fraudes. A inspeção de 2021 pela Justiça Eleitoral em Coari, mencionada por extremistas mentirosos nas redes, ocorreu durante a gestão estadual de outro partido sem relação alguma com o PT, investigando distribuição de auxílios locais, mas não resultou em condenações ligadas ao atual proprietário ou à embarcação usada pela comitiva em si. O Planalto enfatizou que o contrato atual é isolado, sem conexão com governos regionais, atuais ou passados, e que a seleção priorizou segurança. Contratos públicos do dono da frota com o Amazonas são de outra embarcação menor, sem qualquer ligação com o barco usado atualmente, e não afetam em nada a validade da locação federal para a COP30.
5 - Lula prometeu “humildade e pescaria em barquinho simples”, mas optou por ostentação hipócrita com Janja dançando a bordo.
Vídeos e memes distorcem uma fala de outubro de Lula, em que ele brincou sobre “dormir em um barco” genérico para “pescar enquanto delegados descansam”, como forma de destacar a autenticidade amazônica da COP30. A embarcação escolhida não é um "iate de milionários", mas uma estrutura funcional com suítes e salas de reunião, equivalente a um hotel bem modesto para eventos oficiais. Alegações da "dança de Janja" derivam de clipes editados, inventados ou até mesmo de frames que possam eventualmente ter mostrado alguns segundos da primeira-dama em alguma das recepções. O espaço do barco está sendo usado 24 horas por dia para o cumprimento de agendas de trabalho, como visitas a comunidades quilombolas, e o Planalto reiterou que a solução evita luxos desnecessários em meio à escassez local.
6 - A Marinha ofereceu hospedagem gratuita, mas Lula a rejeitou por capricho para esbanjar em privado.
Essa versão pinta o presidente como vaidoso, ignorando a oferta militar por preferir algo "melhor". Autoridades da Marinha e do Planalto confirmaram que a embarcação disponibilizada não cumpria requisitos essenciais, como capacidade para a equipe inteira e sistemas de comunicação segura. A recusa foi técnica, não pessoal, e o barco privado foi integrado à Base Naval de Val-de-Cans para manter protocolos de proteção. Essa fake news ignora o caos hoteleiro em Belém, onde até delegações estrangeiras de nações riquíssimas recorrem a opções semelhantes.
Essas distorções, amplificadas por influenciadores e contas partidárias, contrastam com o foco da COP30 em ações concretas contra as mudanças climáticas, como Lula defendeu em discursos recentes. O presidente chegou a rebatê-las indiretamente, ao criticar forças que "fabricam inverdades para ganhos eleitorais". Agências de verificação, como as que monitoram desinformação ambiental, recomendam checar fontes oficiais para evitar a contaminação do debate global.
Com a cúpula de líderes iniciando na próxima semana, o episódio reforça a necessidade de transparência, mas também expõe como narrativas falsas e conduzidas pelos mesmos vândalos morais de sempre podem desviar atenção de prioridades urgentes, como a preservação da floresta.
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