Flexibilidade pós-graduação stricto sensu

Flexibilidade pós-graduação stricto sensu

Ensino híbrido pode trazer flexibilidade à pós-graduação stricto sensu

 

Em julho, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou as diretrizes nacionais para o desenvolvimento do ensino híbrido na educação superior. À espera de homologação pelo Ministério da Educação (MEC), o documento pode gerar flexibilidade e sustentabilidade para os programas de pós-graduação stricto sensu – mestrado e doutorado.

A projeção é da consultora especialista em stricto sensu, Daiane Folle. Para ela, se for confirmada, a implementação do ensino híbrido em cursos de mestrado e doutorado deve, por exemplo, facilitar o acesso aos cursos e proporcionar experiências presenciais mais significativas aos alunos de instituições de ensino superior (IES) e pesquisa.

As diretrizes do CNE contemplam explicitamente a pós-graduação stricto sensu, assim como atividades de curricularização da extensão e pesquisa institucionalizada. A regulação e avaliação dos cursos de mestrado e doutorado no ensino híbrido ficariam a cargo da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior).


À espera de homologação pelo MEC, AS diretrizes nacionais do ensino híbrido podem gerar flexibilidade e sustentabilidade para a pós-graduação stricto sensu.

 

Uma alternativa ao 100% EAD

Segundo Folle, a medida surge como uma alternativa à pós-graduação stricto sensu na modalidade a distância (EAD), que, no fim das contas, nunca saiu do papel. Possibilitada por uma portaria da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior), de 2019, a pós stricto sensu EAD ainda não teve programas aprovados.

Para se ter uma ideia, no ano da publicação da portaria, foram rejeitadas 17 propostas de mestrado e doutorado a distância. Segundo a Capes, os pedidos – protocolados por IES como a Yduqs, Cruzeiro do Sul e Ser Educacional – foram indeferidos por não atenderem as orientações dos documentos normativos referentes à abertura de cursos novos.

As regras do processo de Aprovação de Propostas de Cursos Novos (APCN) para o stricto sensu EAD exigem, por exemplo, que as orientações aos pesquisadores sejam feitas de forma presencial. Além disso, há um limite no número de orientações simultâneas permitidas para cada professor, o que impede o ganho de escala na modalidade.

“A proposta do EAD não parece ser viável para o stricto sensu, pois não é possível dar a escalabilidade ao ensino, como aconteceu em cursos de graduação e pós-graduação lato sensu”, explica Folle. “Assim, o ensino híbrido chega como uma alternativa às questões de distância, infraestrutura e ambientes de aprendizagem, podendo substituir a proposta do EAD”.

Nesse sentido, a implementação do ensino híbrido traria vantagens em termos de flexibilidade e sustentabilidade para os programas de mestrado e doutorado no Brasil. Entre os possíveis benefícios, Folle destaca os seguintes:

  • Ampliação do acesso de alunos internacionais aos programas brasileiros;

  • Viabilização do acesso ao mestrado e doutorado de alunos de diversas regiões do país devido à redução dos custos e dos deslocamentos constantes;

  • Possibilidade de os programas stricto sensu criarem momentos presenciais mais significativos do ponto de vista da experiência dos alunos.


https://desafiosdaeducacao.com.br/ensino-hibrido-stricto-sensu/?_ga=2.197970156.27048530.1661947227-1184621037.1658952478&_gl=1*1kxeri0*_ga*MTE4NDYyMTAzNy4xNjU4OTUyNDc4*_ga_VSYFTV62BF*MTY2MjExNDA2OS4yOS4wLjE2NjIxMTQwNjkuMC4wLjA

 

Os rumos da pós-graduação Stricto Sensu no Brasil

Diversas e significativas mudanças têm ocorrido nos últimos anos no cenário nacional da pós-graduação Stricto Sensu. Foram trocas de presidências da CAPES, coordenadores de área, declaração de nulidade de portaria, portaria que faculta a área de avaliação a utilizar o Qualis referência, e tantas outras mudanças. Pensamentos, projetos e ideias tem caminhado num sentido que parece ainda incerto.

Obviamente diversos avanços são observados, como a criação da Plataforma Sucupira, a regularidade do Coleta CAPES anual e a consolidação de seminários de Meio Termo para análise parcial do desempenho dos programas de cada área. Também tem acontecido maior alinhamento da ficha de avaliação com a Tela Proposta do Módulo Coleta, e a criação de Grupos de Trabalho (GT) para análise e proposição de avanços em temáticas tão importantes para o acompanhamento dos PPGs.

Porém, algumas questões são relevantes e norteadoras para definirem o caminho da pós-graduação do Brasil. A reflexão que proponho é sobre as políticas que norteiam todo o processo.

PNPG 2021-2030

O Plano Nacional de Pós-graduação (PNPG) deste novo decênio, ainda não publicado. Ele é gerido e elaborado pela CAPES com o objetivo de definir as diretrizes, estratégias e metas para se avançar nas propostas para a política de pós-graduação e pesquisa no Brasil. Além de ser muito importante para direcionar as ações das Universidades no desenho e alinhamento das suas estratégias de avanço na pesquisa.

O PNPG 2011-2020 trazia 5 eixos de atuação. Sendo eles:

  1. expansão do SNPG buscando reduzir assimetrias
  2. criação da agenda nacional de pesquisa
  3. aperfeiçoamento da avaliação
  4. interdisciplinaridade
  5. apoio a outros níveis de ensino.

Existe uma grande expectativa para publicação do documento referente ao período 2021-2030 que deverá evidenciar quais direções avançaremos nos próximos anos. Ou seja, as áreas prioritárias e as expectativas de alocações de recursos federais em ciência, tecnologia e inovação.

Especialistas demonstram preocupação com o fenômeno “fuga de cérebros” que tem ocorrido no Brasil, onde por falta de oportunidade, jovens cientistas têm migrado para o exterior, principalmente para países que têm estruturado um programa de atração de talentos.

Há de se agir diretamente contra esse fenômeno que tem impacto direto na geração de conhecimento de ponta para o nosso país, ou seja, existe uma relação direta entre a capacidade de retenção de talentos e o desenvolvimento econômico do país.

Leia também: A preparação de mestrados e doutorados para a avaliação multidimensional da Capes

Métricas e modelos internacionais

A pós-graduação brasileira criou suas próprias ferramentas e métricas para acompanhamento e avaliação dos programas. Ocorre que as métricas utilizadas no Brasil, são utilizadas apenas aqui. Isso não tem conseguido nos projetar para patamares comparativos com os internacionais. O Qualis periódico é um exemplo disso, onde a estratificação A1, A2, A3, A4, B1, B2, B3, B4 e C é de consumo interno no nosso país.

Em qualquer outro lugar do mundo, desde 1972, o fator de impacto é o método utilizado para qualificar as revistas científicas com base nas citações que ela recebe.

Rankings internacionais que avaliam as universidades de todo o mundo em diferentes dimensões, tem deixado nossas universidades esquecidas. Um conjunto de fatores podem contribuir para esse cenário, mas o investimento em pesquisa pode ser uma causa direta.

Além disso, as métricas nacionais que colocam 185 programas de pós-graduação Stricto Sensu no topo do ranking nacional, com conceito 7, contemplam 33 universidades brasileiras, e destas, apenas 05 figuram entre as 500 primeiras nos rankings internacionais, como QS World University Ranking.

Ficha de avaliação permanente e estável

Outra importante questão que pode-se incorporar a essas reflexões é a necessidade de definição de uma ficha de avaliação mais permanente e estável, que não seja alterada durante o período de avaliação quadrienal.

Leia mais: Avaliação quadrienal: Capes lança módulo de destaques

Concordo que modelos de avaliação mais bem estruturados são bem vindos. Como é o caso do inspirado no U-Multirank e que está originando a Avaliação Multidimensional proposta pela CAPES. Há de se atentar ao timing correto, pressupondo socialização das novas diretrizes. Além de coordenar um processo formativo dos coordenadores de programa para utilizarem essas novas metodologias a favor do avanço da qualidade dos seus PPGs. E também dos produtos por ele gerados, sendo os egressos, suas pesquisas científicas e o real impacto na sociedade.

 

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Leia mais: Avaliação Quadrienal da Pós-graduação, mestrado e doutorado: o que é e como funciona

 

https://desafiosdaeducacao.com.br/os-rumos-da-pos-graduacao-stricto-sensu-no-brasil/ 




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