Governo e magistério gaúcho

Governo e magistério gaúcho

Governo e magistério gaúchos

Por Juremir Machado da Silva 

25 fevereiro 2025

 

Deputados estaduais aprovaram reajuste de 6,27% para o magistério em fevereiro
| Foto: Marcelo Oliveira/ALRS

 

 

Governos costumam ter razões que a razão humanista ignora.

Desde sempre.

A política é arte de simular que se faz pelo bem público aquilo que se faz pela carreira pessoal ou pelo interesse partidário. Bom político é o que consegue fazer coincidir essas duas lógicas, aparentemente privilegiando a primeira. Política exige uma enorme habilidade para dizer sem dizer e especialmente para transformar vinho em água no meio da festa.

Na política há dois momentos decisivos: o momento da promessa e o momento de se esconder dos credores.

Na maior parte do tempo, as escolhas dos políticos chocam o cidadão comum.

Vamos a alguns exemplos colhidos em Marte.

_Como entender que quem está na ativa ganhe reajuste e aposentados fiquem chupando o dedo?_

A inflação não pega aposentados? Aposentado tem mais é que morrer logo? Aposentado não vota? Não é cidadão?

E funcionário de escola?

É atividade “subalterna”? Pode esperar?

É tudo de esquerda mesmo e por isso pode ficar vendo o preço do ovo aumentar sem dinheiro para comprar? Que vá criar galinha?

Como entender que aposentado não tenha reajuste, mas pague contribuição para a previdência?

Estou dizendo, é um mundo muito complexo, que precisa ser decifrado.

Outra coisa que até hoje não entendi.

Se o ganho mensal de alguém é dividido em duas partes: salário e complementos.

Uso essa linguagem trivial para evitar expressões marcianas que só especialistas em ciências contábeis talvez entendessem.

_José é professor.

Ele ganha 14 como salário e 16 como complemento.

Aí recebe um aumento. Passa a ganhar 16 como salário e 14 como complemento_ .

Onde está o aumento?

_Uma parte dos seus ganhos passou de uma rubrica para outra._

Uma cédula voou de um bolso para o outro. Um bolso fez pix para o outro. Cadê o ganho?

Na hora de pagar o supermercado, José tinha 30 e agora tem 30.

Os preços, porém, subiram de fato. Pode ser chamada de aumento uma operação que nada aumenta?

Se existe alguma vantagem futura, do tipo incorporação para o que será ganho na aposentadoria, algo assim, por que não é explicitado, bem explicado à sociedade pelos assessores dos políticos com seus gráficos, ternos e saberes?

Há marcianos que, por falta de capacidade de usar palavras elegantes e por enfado mesmo, veem nesse tipo de mágica uma enganação.

_Chama a atenção em Marte o fato de que a grande mídia local não costuma questionar o governo_ sobre esse tipo de detalhe. Nada.

Quase nada. Raramente.

A responsável pelo setor senta no sofá da mídia e não ouve uma pergunta incômoda dessa ordem maldita.

Pode-se supor que os jornalistas tenham entendido tudo e não pergunte por falta de dúvidas. Por que não? Claro que governos sempre se justificam alegando falta de meios para dar reajustes a todos. Essa é uma árdua e universal discussão, que passa por prioridades e competência no uso das receitas.

A incompetência, em Marte, é sempre um atributo do outro.

FONTE:

https://www.matinaljornalismo.com.br/matinal/colunistas-matinal/juremir-machado/governo-e-magisterio/ 

 

 

 




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