Educação versus política

Educação versus política


MARISA PIEDRAS

 

E u sou uma formadora de opiniões, uma professora, então as palavras respeito, comprometimento, honestidade são minhas armas de mudança. Ter respeito é honrar, possuir consideração, não causar dano. Porém, quando se esconde a verdade ou se pratica a omissão para a obtenção de favorecimentos de alguma forma, mostramos consideração e não causamos danos às pessoas que acreditam em nós?

Também não é dizer que ama o povo, mas não lhes dá condições de uma vida digna, cobrando menos impostos, propiciando uma educação real, e não um amontoado de leis feitas por burocratas que nunca entraram numa sala de aula. De que maneira se pode propiciar uma educação cidadã, emancipadora, crítica e outros adjetivos bonitos, mas virtuais, num país praticante de uma moral elástica que se estende e se modifica, dia após dia, dependendo dos interesses da classe política?

E o poeta Cazuza já cantava: “Meu partido é um coração partido, e as ilusões estão todas perdidas, os sonhos foram todos vendidos... ideologia, eu quero uma pra viver...”. Assim estamos na política.

O comprometimento é obrigar-se a assumir responsabilidade, compromisso. Porém, tudo isso se torna inútil num país em que os piores exemplos vêm do andar de cima, em que as pressões, as traições e os conchavos políticos se sobrepõem ao fator social. Então, como os educadores podem exigir responsabilidade e compromisso dos alunos, dos pais dos alunos ou mesmo das instituições a que pertencem? Como acreditar que ser comprometido e possuir responsabilidades os farão melhores em sala de aula, quando, na maioria das vezes, a sua postura os afasta do restante das pessoas já anestesiadas e mais propensas ao movimento “Cansei”.

E o poeta Zé Ramalho já cantava: “Vocês que fazem parte dessa massa, que passa nos projetos do futuro, é duro tanto ter que caminhar, e dar mais que receber, e ter que demonstrar sua coragem à margem do que possa parecer, é ver que toda essa engrenagem já sente a ferrugem lhe comer...”. Assim estamos na política. Honestidade constitui-se em ser honrado, decente, digno, entre outros adjetivos que levariam os adolescentes a grandes risadas, se os levássemos para uma sala de aula. Nesse mundo político em que ser honesto é uma exceção, pois mentir, dissimular e levar vantagens em tudo se tornou uma regra geral, os termos como respeito, comprometimento e honestidade somente existem na virtualidade dos dicionários, pois, na praticidade das rotinas políticas, foram se perdendo... Então, como o professor, uma raça em extinção, vai continuar?

E o poeta Renato Russo já cantava: “Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado, ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da Nação... Que país é este?”. Assim estamos na política. “Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado, ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da Nação...

Correio do Povo 15-09-14

 




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