Baixo desempenho de alunos

Baixo desempenho de alunos

 

Soma de fatores leva ao baixo desempenho de alunos do ensino fundamental

Autor: Natália Arend

 

Soma de fatores leva ao baixo desempenho de alunos do ensino fundamental

Foto: Arquivo DM Passo Fundo

As notas dos estudantes do ensino fundamental na Prova Brasil acende o alerta da educação pública de Passo Fundo. Seguindo a tendência nacional, os estudantes não atingiram as médias previstas para matemática e língua portuguesa. Para educador, vários fatores favorecem o baixo desempenho

Na primeira quinzena de fevereiro, o Movimento Todos pela Educação divulgou números que fazem um diagnóstico da aprendizagem brasileira, com base no desempenho dos alunos na Prova Brasil, feita em 2013. A pesquisa mostrou que apenas um em cada 10 municípios brasileiros conseguiu atingir as metas propostas para os últimos anos do Ensino Fundamental. O desempenho nacional indica que apenas 10,8% dos municípios brasileiros atingiram as metas intermediárias estabelecidas pelo movimento, para o 9º ano do Ensino Fundamental em Matemática e 29,6% em Língua Portuguesa. Já em relação ao 5º ano do Ensino Fundamental os percentuais de municípios em Matemática e Língua Portuguesa foram de, respectivamente, 61,7% e 48%. As escolas de Passo Fundo, repetiram a tendência das instituições do resto do país, e ficaram abaixo da média nacional.

No levantamento foi levando em conta o desempenho dos estudantes do 5º e do 9º ano do Ensino Fundamental nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. Em Língua Portuguesa, os estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental de Passo Fundo atingiram 46,1% de média, enquanto a meta era de 49,3% para a disciplina. Em matemática, o desempenho dos estudantes ultrapassou a meta de 37,6%, ficando com 39,3%. No último ano do Ensino Fundamental, os estudantes atingiram média 25.6% em Língua Portuguesa, enquanto a meta era de 41%. Em matemática, o desempenho dos estudantes passo-fundenses foi ainda mais baixo. Enquanto a média estipula 35.3% de aproveitamento na disciplina, os alunos atingiram 11.6%.

Embora a Prova Brasil seja um instrumento novo, possível de análise e questionamentos, para o professor da Universidade de Passo Fundo, e doutor em Educação pela Unicamp, Eldon Henrique Muhl, a prova é um importante indicador e serve como referência para pensar a respeito da condição de trabalho das escolas, e os resultados que as escolas veem obtendo. Os resultados dos testes devem ser levados as escolas e servir de base para a reflexão sobre o ensino.

Combinação de fatores
Uma combinação de fatores contribui para o baixo desempenho dos estudantes que se repete no Brasil inteiro. Vale ressaltar que em todos os estados, um em cada 10 estudantes atingiu a média esperada nas disciplinas básicas de língua portuguesa, e matemática. A formação dos professores é um dos fatores que tem relação direta com o desempenho dos estudantes. “Somente agora nos estamos atingindo o nível de formação dos professores em que maioria está titulada em nível superior, mas isso não é suficiente. Há problemas também na formação do ensino superior, que também precisa ser avaliado. Eu acho que a formação dos professores também continua como um grande desafio tanto das instituições que formam os professores, tanto das escolas que os recebem”, diz o professor, ressaltando a importância do diálogo entre as instituições que formam os professores e as escolas que os recebem para ensinar.

A maneira como os estudantes interpretam o conhecimento também é outro fator determinante para o desempenho das escolas. Hoje os educadores convivem com o fato de que boa parte dos estudantes está interessado em conhecimentos úteis e aplicáveis imediatamente, seja nas provas de vestibular ou para a aprovação em concursos. Conhecimentos subjetivos que ajudariam os alunos a fazer conexões e garantir a interpretação de outros conteúdos são deixados de lado. “Até que ponto o conhecimento hoje é importante para o estudante? E o quanto a sociedade valoriza o conhecimento da escola? A escola tem que trabalhar um conhecimento universal, que é parte de um processo de formação e não se restringir a um momento atual. A escola é um espaço de uma outra cultura, e não do imediatismo do mercado”, provoca o professor.


Gestão de recursos
Outra questão apontada por Muhl é a gestão das instituições de ensino. Os baixos investimentos que são feitos em educação comprometem diretamente a qualidade do ensino. Os recursos aplicados no setor não acompanham o crescimento da economia do país. “ Passo Fundo, por exemplo, teve um crescimento econômico. A participação econômica do município aumentou nos últimos anos, mas não repercute na condição das escolas”, exemplifica. Para ele, a escola precisa ter espaço para criar e estimular o conhecimento. Os investimentos deveriam permitir que o espaço da escola funcionasse como um laboratório de construção do saber.“ A nossa escola é ainda muito pobre do ponto de vista de apelo ao conhecimento. Nesse ponto até o próprio professor se sente desestimulado. A escola carece de espaços ricos de informação, de cultura, de dança, de teatro”, reflete.

http://www.diariodamanha.com/noticias/ver/7257/Soma+de+fatores+leva+ao+baixo+desempenho+de+alunos+do+ensino+fundamental

 




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