Intentona Golpista do Bolsonarismo
Aniversário da 1ª Intentona Golpista do Bolsonarismo
Leonardo Sakamoto
Às vésperas do aniversário da 1ª Intentona Golpista do Bolsonarismo (vai saber quantas mais virão...), o país ainda aguarda o julgamento e condenação de políticos e militares que planejaram e fomentaram o 8 de janeiro. Tão importante quanto mandar um ex-presidente à cadeia por tentativa de golpe será punir um pacote de oficiais por contribuir com ela. Disso depende o futuro da nossa democracia.
Apesar dos esforços do atual comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, e do naco democrata da cúpula das três forças, para que os militares tenham um comportamento republicano e constitucional, são muitas as vivandeiras que continuam defendendo que compete a eles alguma espécie de poder moderador. Tanto que tentaram exerce-lo ilegalmente nos últimos anos.
Após a invasão das sedes dos Três Poderes, o Exército impediu a entrada da Polícia Militar no acampamento golpista em frente ao seu quartel-general, em Brasília. Com isso, muitos bolsonaristas tiveram tempo de fugir.
Para além do dia 8 de janeiro, vale lembrar que o acampamento golpista em frente ao QG do Exército também serviu de cabeça-de-ponte para o ataque à sede da Polícia Federal e a queima de carros e ônibus no dia 12 de dezembro e o planejamento da bomba colocada em um caminhão de combustível a fim de explodir o aeroporto de Brasília na véspera de Natal.
Após o segundo turno, os comandantes das Forças Armadas deram uma passada de pano nos movimentos golpistas que acampavam em torno de quartéis. Defenderam que os atos eram legítimos, apesar de pedirem golpe com prisão do presidente eleito. Esses “atos legítimos” desaguaram na tentativa de golpe. Aliás, Bolsonaro atacou as urnas eletrônicas com a ajuda dos militares. Nos seus quatro anos de governo, Jair fechou uma sociedade com eles, oferecendo cargos, vantagens na Reforma da Previdência, Viagra e próteses penianas, camarão e filé mignon. Coronéis articularam propinas para a compra de vacina contra a covid-19. Jair cobrou, em troca, cumplicidade para dobrar a democracia à sua imagem e semelhança.
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Um dos episódios da tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 que mais vem sendo revisitado às vésperas do primeiro aniversário da intentona é a proteção dada pelo comando do Exército ao acampamento golpista em frente ao seu quartel-general mesmo após os ataques ao Palácio do Planalto, ao Congresso e ao STF.
Tão importante quanto detalhar aquela situação insólita é questionar: quem a nossa força terrestre estava protegendo ao impedir que a Polícia Militar entrasse no acampamento e realizasse as prisões ainda na noite de 8 de janeiro, ou seja, logo após o crime cometido na Praça dos Três Poderes?
Os militares sabiam que seriam criticados duramente por causa disso, o que leva a crer que pessoas importantes precisavam ter tempo de sair de lá. Quem eram? Desde então, circula no governo Lula a desconfiança de que militares da ativa, militares da reserva de forças especiais, familiares de militares de alta patente e nomes próximos a políticos bolsonaristas poderiam estar muquiados. Ao final, quem ficou foram os que não tinham contatos, os que confiavam na impunidade, os que estavam imersos em uma realidade paralela ou os que contavam com uma severa desvantagem cognitiva.
O comandante do Exército na época, general Júlio César de Arruda, avisou ao interventor na Segurança Pública do DF, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli, e ao ministro Flávio Dino que ninguém seria preso naquela noite. Treze dias depois, Lula escolheria o legalista Tomás Ribeiro Paiva para substituir Arruda.
Imagens de fileiras de soldados e dois blindados que apontavam para os policiais militares, não para os golpistas, mostravam que o comando falava sério e chocaram muita gente que apostava que a ditadura militar havia terminado em 1985. Quem era o responsável pelos blindados que protegiam os golpistas? O general Gustavo Dutra de Menezes, exonerado do Comando Militar do Planalto. Ele disse que afirmou a Lula, naquela noite, que haveria risco de sangue no local. Para evitar um conflito com os militares diante dessa chantagem, acordou-se a remoção para a manhã seguinte. O que deu tempo de fuga.
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