Intervenção na Uergs
Ex-reitor acusa governo Eduardo Leite de intervenção na Uergs
Destituído em 2 de abril, Fernando Guaragna aponta risco de perda de autonomia da universidade e questiona governo estadual por ter nomeado nova reitora sem discussão com a comunidade acadêmica
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 9 de abril de 2024
A indicação da professora Sandra Lemos como nova reitora interina na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), via Diário Oficial do Estado (DOE) no último dia 2, pelo governador Eduardo Leite (PSDB), sem passar por indicação do Conselho Universitário da Uergs (Consun) gerou, “pelo menos em alguns setores”, um mal-estar interno na instituição. A afirmação é do reitor interino destituído na mesma publicação, o professor Fernando Guaragna Martins.
Ao lembrar que sua escolha como reitor interino se deu pelo fato de, à época, ser o decano do Conselho Universitário da Uergs (Consun), diante do impasse que se arrasta desde 2022 sobre as eleições internas da instituição para a reitoria, o ex-reitor registra que o que pode parecer “uma transição normal, absolutamente formal, foi basicamente uma intervenção”.
Primeiro reitor eleito da Uergs, com mandato de 2010 a 2014, Guaragna deixa claro que não tem nada pessoal contra a professora Sandra. Questiona, no entanto, quais foram os objetivos e critérios adotados pelo governo estadual para a nomeação.
Segundo o ex-reitor, em nenhum momento o Consun chegou a ser ouvido sobre a questão. Nem mesmo a nova reitora integrava ainda o conselho da universidade. Com a nomeação ocorrida via Diário Oficial na semana passada, a nova reitora, professora Sandra Lemos, assume também o cargo de presidente do Consun, que também pertencia a Guaragna até ser destituído.
Na Uergs, quem preside o conselho universitário é o reitor da instituição. Na ausência deste, o vice reitor e na ausência do vice-reitor, cargo não ocupado desde 2022, o decano.
Ex-reitor aponta precedente perigoso
Para Guaragna, nem mesmo o fato dele ter ultrapassado o período de doze meses como Reitor Pro Tempore, conforme estabelecido no Decreto Estadual 43.240/04 que aprovou o Estatuto da Uergs, poderia ter servido como justificativa para um processo sem ouvir a comunidade acadêmica.
Ele lembra que, desde a criação da Uergs, houve uma série de gestões Pro Tempore que ultrapassaram o período de 12 meses.
“O que me incomoda mais é que isto causa o agravamento da divisão interna. A universidade já estava dividida por causa do processo eleitoral e, cada vez mais, esse nosso enfraquecimento facilita esse tipo de ação. A gente não sabe onde é que a gente vai parar”, lamenta Guaragna ao enfatizar: “É um precedente perigosíssimo para que a universidade perca sua autonomia”.
Extra Classe tentou contatos telefônicos e enviou e-mail para a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do governo do Rio Grande do Sul, pasta que abriga a Uergs. Até o momento do fechamento desta matéria não houve retorno, mas o espaço segue aberto para manifestação.
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