Investimento menor por aluno
Brasil investe três vezes menos por aluno do que a média de países da OCDE
Relatório "Education at a Glance 2025" comparou indicadores educacionais de 49 nações; veja os números brasileiros

André Ávila / Agencia RBS
Divulgado nesta terça-feira (9), o relatório Education at a Glance 2025, que analisa e compara indicadores educacionais de 49 países, indica que a média de investimento do Brasil por aluno, tanto na Educação Básica quanto no Ensino Superior, é três vezes menor do que a das nações integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A OCDE é composta majoritariamente por países ricos como Alemanha, Dinamarca, Estados Unidos, Israel e Nova Zelândia. Além desses, há 11 nações em processo de adesão à organização e que já constam em estudos como o Education at a Glance: Argentina, Brasil, Bulgária, China, África do Sul, Croácia, Índia, Romênia, Indonésia, Peru e Arábia Saudita.
Conforme o relatório, que utiliza informações do financiamento à educação em 2022, o Brasil teve, naquele ano, o quinto menor investimento entre todos os participantes do estudo, à frente apenas do Peru, que teve o pior desempenho, do México, da África do Sul e da Turquia. A média de gastos do Brasil na Educação Básica foi de US$ 3.872 por aluno por ano, contra uma média de US$ 12,5 mil entre os 38 países membros fixos da OCDE.
Diferentemente da maioria das nações, o valor não aumenta quando avaliados os gastos do governo brasileiro com o Ensino Superior, que foi de US$ 3.765 por aluno por ano, contra US$ 15.102 entre os Estados da OCDE. Na comparação com 2021, o investimento do Brasil que consta no relatório para essa etapa sofreu redução significativa – no ano anterior, a média gasta com um estudante de universidade pública era de US$ 13.569 por ano, quase quatro vezes mais.
Em coletiva sobre os resultados, Fábio Bravin, coordenador-geral de Controle de Qualidade e Tratamento da Informação, afirmou que a queda no valor para o Ensino Superior se deve a um "tratamento não apropriado" dos dados pela OCDE, que "repetiu o valor do investimento público em educação como sendo o investimento total do país em educação".
— No Brasil, nós não temos uma fonte de informação sistemática que nos permite, com segurança, ter o investimento total em educação, incluindo o investimento das famílias, o investimento privado e o investimento público em educação. O que reportamos à OCDE são dados das fontes contábeis nacionais em relação ao gasto público em educação. Quando você pega esse valor e divide pelos estudantes da rede pública, você chega a um valor de US$ 15 mil por aluno — explica Bravin, informando que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) já solicitou à OCDE a revisão dos dados.
Nem-nem
Outro indicador trazido no estudo foi o registro de jovens de 18 a 24 anos que nem estudavam e nem trabalhavam, grupo conhecido como “nem-nem”. Em 2024, essa era a realidade de 24% dos brasileiros dessa idade – um resultado melhor do que os 30% de 2019, mas muito superior à média dos países da OCDE, de 14%.
Há uma desigualdade de gênero detectada. Entre os jovens de 18 a 24 anos, o percentual de mulheres nem-nem foi de 29%, contra 19% dos homens. Nos países membros da OCDE, as taxas de ambos os gêneros são semelhantes.
Conclusão dos estudos
O Brasil possui um alto índice de desistência de alunos já no primeiro ano de graduação, que alcança um em cada quatro estudantes, ou 24%, o que representa quase o dobro dos 13% registrados entre as nações da OCDE. Em média, metade (49%) das pessoas que ingressam em bacharelados realmente concluem o curso, enquanto, na OCDE, a média é de 70%.
As baixas taxas de retenção e conclusão contribuem para que o Brasil chegue a um percentual de 24% dos jovens de 25 a 34 anos com diploma de nível superior, enquanto o índice é de 49% entre os países membros da OCDE.
Entre aqueles que concluem o Ensino Superior, o ganho financeiro é, em média, 148% mais alto do que entre os que só concluíram o Ensino Médio. A diferença é quase três vezes maior do que a média dos países da OCDE, de 54%. Entre os brasileiros com escolaridade inferior ao Ensino Médio, a remuneração era de 75% do rendimento de quem completou o Médio.
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