Lewandowski blinda caso Tacla Duran
Lewandowski blinda caso Tacla Duran das manobras lavajatistas
Com Tacla Duran prestes a prestar depoimento, houve uma série de manifestações no TRF-4 e MPF, visando manter caso sob controle

Desde a Lava Jato, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região mostrou uma incrível capacidade de articular-se politicamente, de maneira a monitorar a distribuição de ações e de recursos envolvendo a Lava Jato.
O caso Tacla Duran é o mais emblemático. O advogado já mostrou ter provas concretas que envolvem membros da Lava Jato e Carlos Zucolotto, compadre e amigo íntimo do casal Moro
Zucolotto, um advogado paranaense, foi mencionado em uma série de reportagens de 2017, em relação às suas supostas ligações com o advogado Rodrigo Tacla Duran.
De acordo com as reportagens, Zucolotto teria oferecido a Tacla Duran reduzir o valor de sua multa em troca de um pagamento em dinheiro. A suposta oferta teria sido feita em uma conversa por aplicativo de mensagens.
As alegações levantaram questões sobre a conduta de Zucolotto e sua possível relação com os membros da Lava Jato, uma vez que ele era próximo do então juiz Sérgio Moro, que conduziria a investigação na época.
No entanto, as denúncias de Tacla Duran jamais foram investigadas. Montou-se uma blindagem, com o então juiz Sérgio Moro enviando denúncias para que Tacla fosse processado em vários países. Zucolotto não foi formalmente acusado ou processado por qualquer crime relacionado ao caso. Ele contestou qualquer irregularidade em suas atividades profissionais e disse que estava disposto a colaborar com qualquer investigação que estivesse aberta sobre o assunto.
Nenhuma foi aberta até a troca de juiz da 13a Vara.
Agora, com Tacla Duran prestes a prestar depoimento, houve uma série de manifestações no TRF4 e no Ministério Público Federal do Paraná, visando manter seu caso sob controle,
Agora, uma decisão de Ricardo Lewandowski, ministro do Supremo Tribunal Federal, coloca ordem na bagunça e abre caminho para o depoimento de Tacla Duran.


Assista à íntegra do depoimento de Tacla Duran na TV 247
"(Queriam) Vingança por eu não ter aceito ser extorquido", afirmou o advogado
O advogado Rodrigo Tacla Duran denunciou nesta segunda-feira (27), em depoimento na Operação Lava Jato, que integrantes da investigação queriam persegui-lo.
"(Queriam) Vingança por eu não ter aceito ser extorquido. (Havia) subterfúgios processuais utilizados para que eu não fosse ouvido são diversos. Não sei o que o Ministério Público quer além de me perseguir", afirmou.
Duran mora na Espanha e denunciou nos últimos anos ter sido alvo de chantagem do advogado Carlos Zucolotto, ligado ao Sergio Moro (União Brasil-PR). Em conversa pelo aplicativo Wickr Me, Zucolotto ofereceu acordo de colaboração premiada. Em troca, queria US$ 5 milhões. Zucolotto disse que os pagamentos deveriam ser feitos "por fora"
Ex-advogado da Odebrecht, Duran foi preso preventivamente na Lava Jato em 2016. Seis meses antes, ele tinha sido procurado por Zucolotto Júnior, que era sócio de Rosângela Moro, mulher do parlamentar, que era juiz da operação.
Extorsão praticada por Moro e Dallagnol na Lava Jato vai ao STF e cai nas mãos de Lewandowski
O ministro Ricardo Lewandowski será relator no Supremo dos processos envolvendo o advogado Rodrigo Tacla Duran, que denunciou ilegalidades de Sergio Moro e Deltan Dallagnol

Conjur - O advogado Rodrigo Tacla Duran afirmou nesta segunda-feira (27/3) que foi alvo de uma tentativa de extorsão para que não fosse preso durante a finada "lava jato" e implicou o ex-juiz Sergio Moro, hoje senador, e o ex-procurador Deltan Dallagnol, hoje deputado federal, no suposto crime. Ele entregou fotos e vídeos que comprometeriam os parlamentares.
A declaração foi dada ao juiz Eduardo Fernando Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, durante depoimento. Como a acusação envolve parlamentares, Appio decidiu enviar o caso ao Supremo Tribunal Federal, corte competente para julgar autoridades com prerrogativa de foro. O relator será o ministro Ricardo Lewandowski, prevento para analisar os processos envolvendo Tacla Duran.
"Diante da notícia-crime de extorsão, em tese, pelo interrogado, envolvendo parlamentares com prerrogativa de foro, ou seja, deputado Deltan Dallagnol e o Senador Sergio Moro, bem como as pessoas do advogado (Carlos) Zocolotto e do dito cabo eleitoral (de Sergio Moro) Fabio Aguayo, encerro a presente audiência para evitar futuro impedimento, sendo certa a competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, na pessoa do Excelentíssimo Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, juiz natural do feito, porque prevento, já tendo despachado nos presentes autos", disse o juiz na audiência.
Além de enviar o caso ao STF, Appio determinou que Tacla Duran seja colocado no programa de proteção a testemunhas.
No depoimento, o advogado disse que foi alvo da "lava jato" por não ter aceitado ser extorquido. "O que estava acontecendo era um bullying processual, em que me fizeram ser processado pelo mesmo fato em cinco países por uma simples questão de vingança", afirmou.
Tacla Duran, que foi advogado da Odebrecht, foi preso preventivamente na "lava jato", em 2016. Seis meses antes, ele tinha sido procurado pelo advogado Carlos Zucolotto Júnior, que era sócio de Rosângela Moro, mulher do ex-juiz.
Em conversa pelo aplicativo Wickr Me, Zucolotto ofereceu acordo de colaboração premiada, que seria fechado com a concordância de "DD" (iniciais do ex-procurador da República Deltan Dallagnol). Em troca, queria US$ 5 milhões. Zucolotto disse que os pagamentos deveriam ser feitos "por fora".
Um dia depois, seu advogado no caso recebeu uma minuta do acordo em papel timbrado do Ministério Público Federal, com o nome dos procuradores envolvidos e as condições negociadas com Zucolotto.
Em 14 de julho de 2016, Tacla Duran fez transferência bancária para o escritório do advogado Marlus Arns, no valor de US$ 613 mil, o equivalente hoje a R$ 3,2 milhões. A transferência era a primeira parcela do pagamento pela delação. "Paguei para não ser preso", disse Tacla Duran em entrevista a Jamil Chade, do UOL.
Porém, depois o advogado deixou de fazer os pagamentos, e Sergio Moro decretou sua prisão preventiva. Contudo, Tacla Duran, já estava fora do Brasil. Ele acabaria preso em Madri, na Espanha.
Neste domingo (26/3), o influencer Thiago dos Reis divulgou o documento de transferência bancária para a conta de Marlus Arns. O advogado foi parceiro de Rosângela em ações da Federação da Apae no Paraná e também na defesa da família Simão, um caso que ficou conhecido como "máfia das falências".
Em nota lançada após o depoimento, a assessoria de Sergio Moro afirmou que o senador é alvo de "calúnias" e que o político não teme "qualquer investigação".
"Trata-se de uma pessoa que, após inicialmente negar, confessou depois lavar profissionalmente dinheiro para a Odebrecht e teve a prisão preventiva decretada na Lava Jato. Desde 2017 faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou. Tenta desde 2020 fazer delação premiada junto à Procuradoria-Geral da República, sem sucesso, por ausência de provas, o procedimento na PGR foi arquivado em 9/6/22", disse o ex-juiz.
Dallagnol disse que o juiz Eduardo Fernando Appio "acreditou" em um acusado que "tentou enganar autoridades da Lava Jato".
"Adivinha quem acreditou num dos acusados que mais tentou enganar autoridades na Lava Jato? Ele mesmo, o juiz lulista e midiático Eduardo Appio, que nem disfarça a tentativa de retaliar contra quem, ao contrário dele, lutou contra a corrupção", afirmou em seu perfil no Twitter.
Duran x Moro
Tacla Duran, que foi detido na Espanha em 2016 e obteve liberdade provisória três meses depois, continua vivendo no país europeu e acusa Moro de fazer "negociações paralelas" na condução da finada "lava jato".
O advogado foi incluído na lista de procurados da Interpol, mas teve seu nome retirado por decisão do Comitê de Controle de Arquivos, que considerou que ele teve seus direitos violados por Moro.
De acordo com a Interpol, a conduta do ex-juiz, responsável pela "lava jato" em Curitiba, lançou dúvidas sobre a existência de um julgamento justo contra o ex-empregado da Odebrecht. A organização apontou violação de leis, princípios, tratados e normas do Direito Internacional reconhecidos pelo Brasil.
Entre as evidências apresentadas pela defesa de Duran à Interpol estavam as reiteradas decisões de Moro de negar o arrolamento do advogado como testemunha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao fazê-lo, segundo o advogado de Duran, Sebastian Suarez, Moro desqualificou a fala de seu cliente antes mesmo de ouvi-la, como se a tivesse prejulgado.
Outra das evidências é a entrevista de Moro ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Nela, o então magistrado fala abertamente sobre o processo, o que viola regras éticas da magistratura.
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Processo 5019961-43.2017.4.04.7000