Live: Assédio moral nas escolas

Live: Assédio moral nas escolas

 

Assédio moral nas escolas: CPERS promove live com foco nos impactos na saúde de educadoras e educadores


Na noite desta terça-feira (15), o CPERS realizou uma importante live promovida pelo Departamento de Saúde da(o) Trabalhadora(or), com o tema “Assédio Moral na Escola e seus Impactos na Saúde das Trabalhadoras e dos Trabalhadores”.

A atividade contou com a participação da psicóloga clínica Michele Klotz da Rosa, mestre e doutoranda com ampla atuação na área de psicologia ocupacional, e mediação de Vera Maria Lessês, coordenadora do Departamento de Saúde da(o) Trabalhadora(or) do CPERS. A transmissão está disponível no YouTube e no Facebook do Sindicato.

A iniciativa teve como objetivo debater uma temática cada vez mais presente no cotidiano das escolas: o assédio moral e suas consequências diretas sobre a saúde física, emocional e social das(os) profissionais da educação — professoras(es), funcionárias(os) de escola e especialistas, concursadas(os) ou com contratos temporários.

 

 

A coordenadora Vera Lessês destacou que a realização da live está inserida no trabalho contínuo do Departamento em defesa da saúde das trabalhadoras e dos trabalhadores da educação. “O tema é algo muito presente no nosso cotidiano e tem levado muitas educadoras e educadores ao adoecimento. É por isso que deve ser abordado com profundidade. Nosso Departamento atua na busca por políticas voltadas à saúde da categoria”, afirmou.

Também estavam presentes na atividade a presidente do CPERS, Rosane Zan, e as(os) representantes do Departamento, formado pelo 1º vice-presidente do Sindicato, Alex Saratt, a tesoureira-geral da entidade, Dulce Delan, e as(os) diretoras(es) Daniela Peretti e Celso Dalberto.

 

 

Na ocasião, a presidente Rosane Zan ressaltou a relevância do tema, especialmente diante da crescente sobrecarga de trabalho vivenciada pelas(os) trabalhadoras(es) da educação no chão da escola. “Esse é um tema extremamente pertinente, especialmente neste último período, em que muito se tem discutido sobre o acúmulo e a sobrecarga de trabalho. Desvalorização salarial e profissional, excesso de trabalho, além de pressão constante criam um ambiente propício ao assédio moral. Precisamos enfrentar essas situações com firmeza, ampliando a presença do CPERS nas escolas. Procurem seus núcleos, denunciem e contem com o apoio do Sindicato e da nossa assessoria jurídica”, pontuou.

 

 

Durante sua fala, Rosane também anunciou o lançamento da cartilha “Assédio Moral é Crime”, que será distribuída aos núcleos do CPERS. Além da cartilha, o Sindicato também lançará dois cartazes, um sobre o assédio moral e outro sobre a liberdade de cátedra — duas questões centrais, diante dos ataques e pressões constantes sofridos por educadoras e educadores.

O que é assédio moral e como ele se manifesta

A psicóloga Michele Klotz trouxe um panorama abrangente sobre o que caracteriza o assédio moral e os contextos em que ele se manifesta. Ela explicou que o assédio pode ocorrer entre trabalhadoras(es) de diferentes níveis hierárquicos (assédio vertical), entre colegas do mesmo nível (assédio horizontal) ou de forma combinada (assédio misto).

Segundo Michele, qualquer comportamento abusivo que se repete de maneira sistemática e que compromete a dignidade da vítima configura assédio moral. “Metas inatingíveis, controle excessivo, privação de informações, humilhações públicas, críticas constantes, apropriação de ideias, questionamentos sobre posicionamentos pessoais ou políticos, isolamento, interrupções frequentes da fala — principalmente das mulheres — e o tratamento condescendente são formas comuns de assédio”, explicou.

 

 

Ela também abordou o assédio moral institucionalizado, que se configura como uma política institucional voltada a aumentar a produtividade e reduzir custos, muitas vezes em cima da saúde de quem trabalha. No caso do assédio sexual, Michele ressaltou que ele ocorre geralmente em situações de desequilíbrio de poder e se manifesta através de insinuações, constrangimentos e chantagens envolvendo a permanência no cargo ou o acesso a promoções com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual.

Michele enfatizou que o assédio não costuma acontecer isoladamente, mas está inserido em um contexto organizacional, cultural e relacional. O modo como o trabalho é organizado, a precariedade nas condições de trabalho e o excesso de demandas são fatores que comprometem a saúde física, emocional e social das(os) trabalhadoras(es). “Infelizmente, quando algo não vai bem no ambiente profissional, a saúde é a primeira a dar sinais. Os sintomas aparecem de forma variada: desde tristeza, estresse e desmotivação, até quadros mais graves como depressão, com ideação suicida, ansiedade, o que pode ocasionar em distúrbios do sono e afastamentos prolongados do trabalho”, destacou.

Ela também alertou que entre os principais problemas enfrentados pelas(os) educadoras(es) estão os distúrbios mentais, como a síndrome de burnout, o estresse e a depressão, que hoje representam a principal causa de afastamento da categoria.

Também são frequentes os distúrbios vocais, causados pelo uso excessivo e contínuo da voz em sala de aula, e os distúrbios osteomusculares, que envolvem lesões em músculos, tendões e articulações, geralmente provocadas por esforço repetitivo, má postura e sobrecarga física.

No campo dos sintomas físicos, são comuns quadros de gastrite, hipertensão arterial e dores de cabeça, especialmente as chamadas cefaleias tensionais. Do ponto de vista social, muitas(os) profissionais enfrentam situações de isolamento e conflitos interpessoais, que agravam ainda mais o sofrimento.

Já no âmbito profissional, a desmotivação, o afastamento do trabalho, a aversão ao ambiente escolar — muitas vezes marcada por experiências traumáticas — e, em casos mais graves, o abandono da carreira, refletem os impactos profundos do adoecimento sobre a vida e o futuro de quem educa. O assédio, segundo ela, desequilibra a saúde emocional e pode gerar exaustão, distanciamento afetivo e até aversão ao próprio trabalho.

Para enfrentar esse cenário, a psicóloga defende ações de prevenção, diagnóstico precoce e acolhimento. “Precisamos investir em uma cultura de cuidado, com treinamento, letramento em saúde mental, fortalecimento das redes de apoio e suporte entre colegas e chefias. Prevenir, cuidar e apoiar são atitudes urgentes para garantir saúde e dignidade a quem educa”, concluiu.

O CPERS reafirma seu compromisso com a proteção da saúde de suas(seus) trabalhadoras(es) e reforça que o enfrentamento ao assédio moral e sexual é uma pauta prioritária. A participação ativa da categoria, a denúncia e o apoio mútuo são caminhos fundamentais para transformar o ambiente escolar em um espaço mais saudável, respeitoso e seguro para todas e todos.

>> Confira, abaixo, a live completa!

 

 

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